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Bolsa tem 3ª queda e atinge menor patamar em 4 meses; dólar sobe a R$ 5,375

Em 18 dias de agosto, o Ibovespa já despencou 4,23%, o pior desempenho desde fevereiro (-4,37%) - Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo
Em 18 dias de agosto, o Ibovespa já despencou 4,23%, o pior desempenho desde fevereiro (-4,37%) Imagem: Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

18/08/2021 17h25Atualizada em 18/08/2021 17h34

O Ibovespa emendou hoje sua terceira queda consecutiva, esta de 1,07%, e fechou o dia aos 116.642,62 pontos — menor patamar em mais de quatro meses, desde 2 de abril, quando o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) bateu os 115.253,31 pontos.

Já o dólar encerrou a sessão em forte alta de 1,99%, cotado a R$ 5,375 na venda. É a maior alta percentual diária registrada pela moeda americana desde 30 de julho (+2,57%), e o maior valor alcançado desde 4 de maio (R$ 5,431).

Em agosto, o Ibovespa já acumula perdas de 4,23%, o pior desempenho desde fevereiro (-4,37%), enquanto o dólar tem valorização de 3,17% frente ao real.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Política influencia Bolsa...

O tom negativo segue prevalecendo no Ibovespa à medida que o ambiente político-institucional conturbado do Brasil pesa sobre os ativos domésticos e a cautela predomina no exterior, segundo disse à Reuters o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.

Rosa explicou ainda que essa cautela é reflexo das preocupações dos investidores sobre o efeito da disseminação da variante delta do coronavírus na economia global, em meio à perspectiva de redução de estímulos e inflação elevada.

Nos Estados Unidos, por exemplo, aqueles que receberam as vacinas da Pfizer e da Moderna poderão receber uma terceira dose a partir de setembro, de acordo com o anunciado hoje por autoridades sanitárias locais. A decisão leva em consideração justamente a ameaça da variante delta, ainda mais transmissível que a original.

Na América do Sul, países como Chile e Uruguai já começaram a aplicar a terceira dose para conter o avanço da nova cepa.

... E juros puxam dólar

O câmbio foi tomado hoje por compras defensivas em meio a uma contínua pressão nos juros futuros, o que explica a forte alta do dólar na sessão. Mais cedo, as taxas DI (praticadas nos empréstimos entre instituições financeiras) chegaram a disparar para acima de 10% ao ano a partir de janeiro de 2027 — com alguns vencimentos em 2025 já flertando com dois dígitos.

O mercado de juros sentiu a pressão da demanda dos investidores por proteção, em meio a incertezas que vão desde a sustentabilidade da dívida pública no Brasil até as chances de o Banco Central empurrar os juros básicos da economia (Selic) para além dos 10% ao ano, como forma de conter a inflação alta.

Hoje, a Selic está em 5,25% ao ano. O ajuste mais recente foi feito em 4 de agosto, na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).

Normalmente, a perspectiva de juros mais altos tende a beneficiar o real. Mais recentemente, porém, o que se vê é o mercado apostar no aumento da Selic como consequência da deterioração das perspectivas fiscais e inflacionárias no Brasil, que começam a colocar em dúvida as estimativas otimistas de crescimento econômico para 2021 e 2022.

Esperamos que o ruído fiscal seja uma constante pelo restante do ano no Brasil, à medida que os riscos aumentam progressivamente conforme o ciclo eleitoral se aproxima. (...) A pressão para gastar é real, e o teto de gastos pode não escapar ileso desta vez. Limitar a perda de credibilidade fiscal será fundamental para preservar a estabilidade macroeconômica.
Roberto Secemski, do Barclays, em relatório

(Com AFP e Reuters)