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Com tensões na Ucrânia, dólar tem 3ª queda, a R$ 5,05 ; Bolsa fecha em alta

Lee Jae-Won/Reuters
Imagem: Lee Jae-Won/Reuters

Do UOL, em São Paulo

22/02/2022 17h27

O dólar fechou novamente em perda, dessa vez de 1,07%, cotado a R$ 5,052 na venda. Essa é a terceira redução seguida da moeda norte-americana frente ao real. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), terminou o dia em alta de 1,04%, aos 112.891,80 pontos —assim, a variação mensal teve ganho de 0,67% e a anual, de 7,70%.

O fechamento do dólar a R$ 5,05 não era visto desde 2 de julho de 2021, quando ficou a R$ 5,053. Ante a semana passada, a moeda norte-americana apresentou baixa de 1,71%. No comparado com janeiro, o dólar teve desaceleração de 4,78% e, em relação a 2021, 9,39%.

Assim como ontem, o que mais alterou o valor da moeda foi a escalada da tensão entre Rússia e Ucrânia, especialmente após Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido anunciarem sanções econômicas contra o Estado russo.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Impacto internacional no Brasil

Segundo profissionais de mercado escutados pelo UOL, as sanções econômicas dos países ampliam as incertezas que já existem entre empresas e investidores sobre o desenrolar desse conflito e os impactos na economia global. E quando há dúvidas nos mercados, tradicionalmente, as moedas fortes, como dólar, os metais valiosos, como ouro, e mesmo ativos de renda fixa de governos de países mais desenvolvidos, como os títulos do tesouro americano, passam a ser mais procurados pelos investidores globais.

Na ponta contrária, as moedas, as ações e outros ativos de países de economias emergentes, como é a brasileira, passam por ondas de vendas.

Já a inflação representa o impacto indireto mais preocupante que a economia brasileira pode sofrer devido às sanções econômicas impostas à Rússia, destacam economistas. Combustíveis e alimentos são dois dos itens que mais pressionaram a inflação ano passado e, já este ano, seguem elevando os índices de preços.

A cotação mais alta do barril do petróleo acelera os preços dos combustíveis, enquanto trigo e fertilizantes valorizados impulsionam os custos dos alimentos por aqui.

Cenário doméstico favorável

A moeda norte-americana caiu nas últimas seis das sete semanas de negociação completas do ano, e acumula queda de 8,7% em 2022, deixando o real com o melhor desempenho global até agora no período.

Vanei Nagem, responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos, disse à Reuters que esse bom desempenho está sendo visto porque "a gente continua com muita atração de moeda estrangeira para o mercado doméstico", citando interesse de investidores internacionais pelo alto patamar dos juros locais e também percepção de algumas oportunidades nas ações brasileiras.

Quanto maior o diferencial de custos de empréstimo entre Brasil e economias desenvolvidas, como os Estados Unidos, maior tende a ser a atratividade do real para estratégias de "carry trade", que tentam lucrar com a compra de divisas que oferecem retornos elevados. A taxa Selic está atualmente em 10,75%, enquanto os juros da maior economia do mundo seguem perto de zero.

Estrategistas do Citi também apontaram o preço elevado das commodities e a redução dos ruídos políticos locais neste início de ano —em parte devido ao recesso legislativo de janeiro— como fatores que explicam a desvalorização recente do dólar frente ao real.

No entanto, "riscos associados a condições monetárias mais apertadas globalmente e riscos domésticos fiscais/eleitorais permanecem no radar, o que pode levar a moeda brasileira a níveis mais fracos, apoiando nossa perspectiva de dólar a 5,54 reais até o fim de 2022", afirmou o banco norte-americano em relatório desta terça-feira.

(Com Reuters)