Dólar bate maior valor em um mês e fecha em R$ 4,876; Bolsa emenda 6º queda
O dólar abriu a semana em uma nova alta, dessa vez de 1,47% e cotado a R$ 4,876 na venda. Este é o maior valor da moeda desde 22 de março deste ano, quando chegou a R$ 4,915. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), deu continuidade à tendência de queda, com desvalorização de 0,35%, aos 110.684,95 pontos —essa é a sexta baixa consecutiva.
De tarde, por volta das 14h40 (horário de Brasília), a moeda americana beirou uma valorização de 3% e encostou nos R$ 4,90. Na sexta-feira, o dólar teve seu maior salto diário em mais de dois anos, de 4%, e encerrou a R$ 4,805.
O mercado no Brasil segue tendência mundial, com perspectiva de aumento dos juros nos Estados Unidos e na Europa para conter a inflação e restrições econômicas de combate ao coronavírus na China. As Bolsas chinesas tiveram a maior queda desde fevereiro de 2020.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Alta dos juros nos EUA
A valorização do dólar reflete os receios de um aumento mais acelerado dos juros nos Estados Unidos. Várias autoridades do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), incluindo o presidente, Jerome Powell, indicaram recentemente que os juros devem ser elevados em 0,5 ponto percentual em maio, e parte dos investidores já acredita em eventual adoção de ajuste de 0,75 ponto no atual ciclo do Fed.
Isso impulsionou o dólar globalmente, tanto na sexta-feira como nesta manhã. Juros mais altos nos EUA tendem a atrair para lá recursos hoje investidos em outros países, sobretudo emergentes, como o Brasil.
Na última sessão, a disparada da moeda norte-americana foi tão intensa que desencadeou o primeiro leilão de venda de dólar spot do ano pelo Banco Central. O BC colocou no mercado à vista US$ 571 milhões.
"Dado o ambiente externo hostil hoje para o real, não podemos descartar outra intervenção extraordinária e reforçamos nossa visão de que o BC está apenas intervindo para corrigir distorções pontuais no câmbio", disseram estrategistas do Citi em relatório hoje.
Lockdowns na China
Além de ainda remoer as indicações mais duras de autoridades do Fed, que entram agora em período de silêncio antes de sua reunião de 3 e 4 de maio, os mercados financeiros globais avaliavam as perspectivas de crescimento da China, que têm sido ameaçadas por rígidos lockdowns de combate à covid-19.
Em Xangai, autoridades ergueram cercas do lado de fora de prédios residenciais, provocando novos protestos públicos contra o bloqueio que está forçando grande parte dos 25 milhões de habitantes da cidade chinesa a ficar dentro de casa. Enquanto isso, em Pequim, moradores estão estocando mantimentos, temendo lockdown.
"A possibilidade de que seja decretado um lockdown [em Pequim], semelhante ao adotado em Xangai, conforme a situação pandêmica se deteriora na cidade derruba a cotação do minério de ferro e outras commodities metálicas nesta segunda-feira", disse em relatório a equipe de macro e estratégia do BTG Pactual.
Isso parecia prejudicar a maior parte das moedas de países emergentes ou sensíveis às commodities no dia, mesmo depois da notícia de que o banco central da China reduzirá a taxa de compulsório (parcela de dinheiro que os bancos devem manter em suas reservas) para depósitos em moeda estrangeira de 9% para 8%, o que entrará em vigor em 15 de maio.
O Banco Central fará neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2022.
*Com Reuters
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