Às vésperas do 2º turno, dólar cai a R$ 5,30; Bolsa fica quase estável
O dólar comercial caiu 0,12% e encerrou a sexta-feira cotado a R$ 5,30. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), ficou quase estável, perdendo 0,09%, e fechou aos 114.539,05 pontos. Este é o último pregão antes do segundo turno das eleições, que ocorre domingo (30).
Por isso, investidores buscam proteger suas carteiras antes do resultado enquanto também esperam os dados da inflação dos Estados Unidos.
Na semana, a moeda estrangeira teve valorização de 2,96%, e a Bolsa caiu 4,49%. Já no ano, o dólar caiu 6,41%, e a Bolsa subiu 10,39%.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
De olho nas eleições
Esta sessão é a última oportunidade para investidores prepararem suas posições para o segundo turno de 30 de outubro e seus possíveis desdobramentos. Desta forma, "não tem como o tom não ser impactado pelas eleições, ainda mais se o mercado começar a enxergar que tem um risco de contestação do resultado eleitoral", disse à Reuters Rafael Perez, economista da Suno Research.
Há meses o atual presidente e candidato a um segundo mandato Jair Bolsonaro (PL) vem atacando, sem provas, as urnas eletrônicas, que diz serem passíveis de fraude, e durante a campanha ele e aliados têm insistido na mensagem de que as autoridades eleitorais trabalham contra sua reeleição.
Nesta semana, alimentando temores sobre possível tentativa de descredibilizar o processo eleitoral e preparar o terreno para contestação do resultado de domingo, a campanha de Bolsonaro foi ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para denunciar uma suposta irregularidade na exibição de inserções em rádios da Bahia e de Pernambuco.
Embora tenha afirmado que o risco de extensão do processo eleitoral para um "terceiro turno" é motivo de preocupação para os mercados financeiros, Perez disse que se trata mais de "burburinho" do que uma ameaça concreta, pelo menos até o momento.
"Acredito que será difícil ter uma contestação de fato, o Brasil tem uma democracia consolidada o suficiente para contornar ataques à credibilidade das eleições", opinou o economista, acrescentando que, se as eleições transcorrerem tranquilamente, sem contestação, os mercados podem viver momentos de alívio a partir da semana que vem.
O Citi tem visão parecida. Em relatório desta sexta-feira, analistas do banco disseram que, "embora acreditemos que a chance de eleições contestadas não seja tão baixa quanto gostaríamos, as consequências não seriam duradouras e os tribunais eleitorais derrubariam uma possível acusação de Bolsonaro, provavelmente dentro de um mês, em nossa opinião".
Passado esse "ruído", o foco dos mercados provavelmente mudará para a agenda econômica do próximo presidente, disse o Citi, que vê uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o cenário mais provável.
Cenário nos EUA
Mais cedo nesta sexta-feira, o dólar chegou a moderar pontualmente seus ganhos, na esteira de dados de inflação norte-americanos amplamente em linha com o esperado.
Segundo Perez, da Suno, os mercados internacionais têm se agarrado a esperanças de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, moderará seu ritmo de aperto monetário a partir de dezembro, em meio a sinais de que a instituição está tendo sucesso em seu esforço para esfriar a economia e domar a inflação mais alta em décadas.
*Com Reuters
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