Para fugir de concorrência, rede de 65 restaurantes fica só no Nordeste
Dono de três redes de restaurantes que somam 65 unidades, o empresário pernambucano Leonardo Lamartine, 45, escolheu concentrar suas operações na região onde nasceu, o Nordeste, por enfrentar menos concorrência. Ele é fundador do Grupo Bonaparte, dono das marcas Bonaparte, Donatário e Monalisa, e também cuida da expansão da marca paulista Espaço Árabe no Nordeste.
A decisão pode parecer incomum, principalmente considerando a natureza expansionista das franquias, modelo de negócio que ele adotou para crescer. No entanto, segundo Cristina Franco, presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising), o Brasil caminha para a tendência das franquias regionais, que são uma realidade em mercados maduros, como os EUA.
Lamartine, que fundou o Bonaparte há 18 anos, diz que a decisão de focar no Nordeste é estratégica. “É um mercado menos saturado do que o Sudeste, por exemplo, e tem custos de ocupação mais atrativos, o que aumenta a lucratividade. Além disso, dominamos características culturais locais, que ajudam no relacionamento com franqueados e com o cliente final”, declara.
Entre essas características, ele cita a diferença de temperos entre Estados, como no caso do filé a poivre, que leva mais pimenta na Bahia do que em Pernambuco, e o arroz cuxá, prato típico que só está disponível no Maranhão.
Negócio nasceu após experiência em restaurante na Inglaterra
A ideia de fundar o Bonaparte veio da experiência adquirida em restaurantes quando Lamartine morou na Inglaterra, para estudar administração financeira na universidade de Cambridge.
“Eu trabalhei como garçom e em todas as funções do restaurante, conhecia bem a operação. Em 1998, inaugurei a primeira loja em um shopping do Recife e comecei a receber convites de outros shoppings”, declara.
A primeira franquia, no entanto, só veio em 2001, em Fortaleza. Em 2002, ele comprou o Donatário, restaurante especializado em camarões que tem 15 unidades e, em 2007, ele formatou o Monalisa, de gastronomia mediterrânea, que tem cinco unidades.
Do total de unidades da rede, ele diz que 90% são franqueadas e ficam na região Nordeste. As exceções são poucas lojas na região Norte, em Minas Gerais e no Distrito Federal. O conhecimento da região, inclusive, o fez ser convidado a se tornar diretor da ABF-Nordeste, cargo que ocupa desde setembro de 2014.
Lamartine chegou a ter uma casa do Bonaparte em São Paulo, no Shopping Paulista, entre 2006 e 2008, mas fechou pela dificuldade logística e de suporte à empresária franqueada.
Agora, ele planeja voltar ao Sudeste, mas, dessa vez, em parceria com o grupo Espaço Árabe, rede de restaurantes de São Paulo que busca crescer no Nordeste com sua ajuda. “Como já dominei bem o mercado Nordeste, acho que minha expansão para o Sudeste será fácil”, declara. A primeira unidade na região deve ser inaugurada nos próximos 12 meses.
Expansão nacional pode ficar mais cara para marca regional
Para André Friedheim, da Francap, consultoria especializada em franquias, a regionalização faz com que a marca fique forte e crie barreiras de entrada para concorrentes de fora. Além disso, facilita a logística do negócio e o desenvolvimento de fornecedores.
Por outro lado, a rede perde oportunidades de crescer. “Regionalizada, a marca não alcança abrangência nacional e pode ficar mais caro expandir nacionalmente, pois vai exigir um esforço maior”, afirma.
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