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Ex-jardineiro cria franquia de inglês sem escola e fatura R$ 1 milhão anual

Dilson Kossoski (ao centro) entrega prêmio a franqueados de Goiânia (GO) - Divulgação
Dilson Kossoski (ao centro) entrega prêmio a franqueados de Goiânia (GO) Imagem: Divulgação

Larissa Coldibeli

Colaboração para o UOL

21/12/2015 06h00

Órfão de mãe e criado por avós, Dilson Kossoski, 49, trabalhou como jardineiro e vendedor de móveis. Formou-se em contabilidade e juntou dinheiro para estudar no exterior. Após voltar de uma temporada nos EUA e de outra na Europa, criou um modelo de franquia de inglês sem escola, a Top English. Criada em 2011, a rede faturou seu primeiro milhão anual em 2015. O lucro não foi revelado.

Nascida no Nordeste, a franquia profissionaliza o serviço de professor particular e, por isso, não requer a estrutura física de uma escola. O ensino é baseado em conversação e utiliza material didático desenvolvido pelo próprio Kossoski, com dinâmicas e aplicativos no tablet do professor. As aulas individuais ou em grupos de até cinco pessoas são oferecidas nas residências ou locais de trabalho dos alunos.

O investimento inicial é a partir de R$ 30 mil, com custos de instalação, taxa de franquia e capital de giro. O retorno do investimento se dá entre 12 e 18 meses, segundo a empresa. Depois desse período, o faturamento médio mensal é de R$ 50 mil para uma unidade com seis professores e 50 grupos de alunos. A lucratividade é de 30%, ou seja, média de R$ 15 mil por mês. 

Os franqueados podem ser professores ou gerenciar uma equipe com outros profissionais. Todos os professores pagam royalties que variam de R$ 351 a R$ 2.500 por mês, dependendo do número de alunos, pelo uso do material didático. A mensalidade custa, em média, R$ 280, e o curso dura de dois a três anos.

Sonho realizado

Nascido em Ponta Grossa (PR), Kossoski conseguiu realizar seu sonho de ir para os EUA estudar em 1991, após economizar dinheiro por três anos. “Morei nos EUA dos 23 aos 26 anos. Fui para fazer um intercâmbio de um mês na Flórida, mas, ao final do curso, resolvi ir para Boston procurar a irmã de um amigo brasileiro. Tinha apenas US$ 200 no bolso”, afirma.

Com a ajuda da comunidade brasileira, conseguiu emprego de lavador de pratos em um restaurante e, depois, de entregador de pizza. Mas o objetivo era mesmo estudar. “Fiz um teste de futebol e consegui uma bolsa de estudos na Salem State Univesity. Consegui o certificado em linguística e voltei ao Brasil com a missão cumprida”, diz.

Aqui, ele se tornou professor de inglês em uma franquia de idiomas em Curitiba, quando teve a ideia de criar seu próprio material didático. Um ano e meio depois, resolveu se aventurar na Europa, onde fez o primeiro teste com a própria metodologia de ensino. Em quatro semanas, diz que ensinou o irmão a falar inglês para um trabalho temporário na Grécia.

De volta, em 1996, resolveu se estabelecer em Maceió, cidade que conheceu numa viagem de férias, e, em dois meses, já estava com a agenda cheia de alunos. Passou a treinar outros professores e, em 2011, o negócio virou franquia. Hoje, a Top English tem cinco unidades franqueadas, sendo três no Nordeste (uma em Aracaju e duas no Recife), uma em Goiânia e uma em Boston, nos EUA. 

Concorrência é desafio

Segundo Ana Vecchi, da consultoria especializada em franquias Vecchi Ancona, franquias de educação tendem a se destacar em momentos de crise, pois é quando as pessoas procuram por mais qualificação profissional.

O principal desafio de apostar no ramo de ensino de idiomas, no entanto, é competir com marcas conceituadas e fortes. “A dificuldade é brigar com o marketing agressivo das grandes redes que já estão estabelecidas há bastante tempo”, diz. 

Por isso, segundo ela, é preciso saber criar formas de se diferenciar. Um modelo flexível, sem sala de aula, é uma forma possível. Ela diz que o formato que trata os professores como “subfranqueados” já é adotado em outros segmentos, como o de clínicas odontológicas, em que o franqueado aluga espaços para outros profissionais que lhe pagam royalties.

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UOL Notícias