Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Começou com sobra de salão falido; hoje fatura R$ 120 mi com site de beleza

Serodio, 41: deixou carreira executiva e investiu em salão falido, antes de criar site - Divulgação
Serodio, 41: deixou carreira executiva e investiu em salão falido, antes de criar site Imagem: Divulgação

Andréa Carneiro

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/09/2016 06h00

Os negócios do empresário Alexandre Serodio, 41, vão bem atualmente, mas nem sempre foi assim. No meio do caminho teve uma falência. 

Aos 26, era diretor de Vendas da multinacional de cosméticos Jafra e tinha um salário de cerca de R$ 20 mil. Decidiu abandonar a carreira executiva, tentou começar uma empresa de venda direta de cosméticos, mas não conseguiu levantar os recursos. 

Aos 31, Serodio decidiu virar sócio de um salão de beleza no Itaim, na zona sul de São Paulo. "O salão já estava com problemas financeiros quando entrei, mas achei que pudesse recuperar porque não tinha noção da magnitude", conta.

Deixou a sociedade em três meses. Dois meses depois, o salão fechou. O erro, avalia ele hoje, foi falta de planejamento e má gestão. "O negócio precisa de proteção. As necessidades pessoais têm que vir depois. Se não dá dinheiro, não se deve retirar recursos dele."

Recomeçando, no aperto

Serodio pegou os produtos que haviam sobrado do salão e resolveu vender, por telefone, para as antigas clientes. Com a ajuda de um motoboy --responsável pela logística de sua atual companhia--, entregava em domicílio.

Viu que o negócio dava certo, mas achava que, para crescer, precisava usar a internet. "Investi R$ 50 mil no novo projeto. Para ter capital de giro e escalonar, tudo o que eu revendia era reinvestido", conta. Assim nascia o Beleza na Web, loja que vende produtos de beleza pela internet e que tem 90% de público feminino.

O negócio começou em 2007, a primeira venda aconteceu só no ano seguinte, e a primeira retirada pessoal, em 2010. "Eu já tinha meu carro, minha casa. Então, fui levando nesse tempo. É importante se sacrificar e viver dentro das possibilidades."

O empresário afirma que foi decisivo fornecer conteúdo junto com os produtos --por exemplo, dicas de cabeleireiros e maquiadores. "Foi uma proposta inovadora", diz.

Meta de R$ 1 bi até 2020

Hoje, a empresa tem 200 funcionários e vende para todo o Brasil, distribuindo os produtos a partir da sua sede, no bairro do Jaguaré, na zona oeste de São Paulo, e de um centro de distribuição em Palmas (TO). 

Entre 2011 e 2013, o Beleza na Web recebeu aportes de US$ 45 milhões de três investidores --dois fundos de investimento (o argentino Kaszek e o norte-americano Tiger Global) e um terceiro não revelado pelo empresário. 

Faturou R$ 120 milhões em 2015 e espera crescer 50% neste ano. "Nosso negócio vai passar de R$ 1 bi de faturamento anual antes de 2020", estima Serodio.

"Hoje posso dizer: ainda bem que o salão não deu certo", afirma o empresário. "Pelas circunstâncias, a Beleza na Web nunca ia existir. Começamos do zero, ninguém queria vender para a empresa. Tudo estava contra, mas remamos contra a maré. Nunca passou pela minha cabeça fechar, porque o projeto tinha legitimidade e demanda", afirma.

É preciso se diferenciar dos grandes varejistas

Um dos principais desafios para quem decide trabalhar com vendas pela internet é conhecer bem o nicho de atuação e ter o perfil adequado para a área, diz o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Maurício Salvador.

"Pequenos empreendedores devem buscar um diferencial em relação aos grandes varejistas, com a oferta de produtos personalizados." Um erro muito comum, segundo ele, é escolher determinado segmento simplesmente porque está na moda.

O planejamento do negócio requer alguns cuidados específicos. "Muitas vezes, o empresário investe quase todo o dinheiro na plataforma de venda, esquecendo que há outros custos, como fotos e produção de conteúdo para os produtos. É essencial apostar em boa apresentação e design atraente", diz Salvador.

A logística também deve ser levada em conta. A entrega pode começar restrita a uma parte do território nacional e ir crescendo aos poucos. "Não se deve esquecer do cumprimento das regras tributárias e do seu impacto nos custos, especialmente para quem quiser enviar para outros Estados", diz.

O empresário Alexandre Serodio lembra, ainda, que é preciso cuidar do fluxo de caixa porque os clientes costumam parcelar a comprar. Com o pagamento parcelado, a receita demora para entrar no início do negócio, mas a entrega é imediata. "É preciso ter caixa para garantir o estoque", diz.

Onde encontrar:

Beleza na Web: https://www.belezanaweb.com.br/