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Tinder do aluguel acha gente para dividir gastos e pergunta até de política

Veronique Forat (à esq.) e Marta Monteiro criaram a empresa morar.com.vc - Divulgação
Veronique Forat (à esq.) e Marta Monteiro criaram a empresa morar.com.vc Imagem: Divulgação

Claudia Andrade

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/10/2017 04h00

Marta Monteiro, 62, que trabalhava como corretora, e Veronique Forat, 60, na área de marketing, criaram um site que funciona como uma espécie de Tinder (aplicativo de encontros), para colocar em contato pessoas que tenham algo em comum e querer dividir as despesas de aluguel. Para dar um "match" (combinação) ideal, o questionário pergunta até sobre política e comida.

O site morar.com.vc foi lançado em março deste ano, em São Paulo. Desde então, as sócias passaram a se dedicar exclusivamente ao desenvolvimento do novo negócio.

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O investimento inicial foi de R$ 2.000. As sócias dizem que a empresa ainda não tem faturamento e mantêm o negócio usando economias pessoais. A empresa tem recebido, segundo elas, orientação do grupo internacional Kick Ventures, mas não há repasse de recursos.

Desde março, 400 pessoas já se cadastraram no site. Há três grupos formados, mas ainda não chegaram à etapa final, de morar junto. Por enquanto, na fase de identificação e formação dos grupos, não há cobrança de taxa, dizem as sócias.

"Diferentemente do Tinder, em que basta olhar para a foto e ver se gostou, morar com outras pessoas é um passo muito importante. É preciso que exista o 'match' em diferentes etapas ", diz Veronique, ao avaliar o motivo de a empresa não ter ainda fechado negócios.

Ela faz outra comparação com ferramentas criadas para unir casais. "É muito provável que nos sites de namoro haja muito mais gente que se cadastrou do que pessoas que se casaram."

Opinião política e até hábito alimentar estão no questionário

No site, os interessados preenchem um cadastro informando suas características e respondem a perguntas que envolvem desde opiniões políticas e convicções religiosas até hábitos alimentares.

Depois de verificarem as afinidades, as sócias fazem a intermediação de encontros virtuais e presenciais. A etapa seguinte consiste em criar as regras de convívio, como o que será de uso comum e particular, por exemplo. Ultrapassada essa etapa, a empresa dá início à busca pelo imóvel para alugar.

A empresa prevê que o faturamento virá da comissão que será cobrada do dono do imóvel a ser alugado, além de uma taxa dos inquilinos pela indicação de empresas parceiras para servi-los, como as de limpeza.

"Em vez de os moradores falarem com dez empresas diferentes para buscar um serviço, fala com uma só, a morar.com.vc”, diz Veronique.

A empresa não planeja lançar aplicativo no curto prazo. “Não queremos tornar esses encontros muito automáticos, pois consideramos que a mediação ainda é importante. A gente não está vendendo um espaço, mas identificando pessoas que se dão bem."

Metade dos inscritos tem entre 45 e 60 anos

Cerca de metade dos inscritos no site tem entre 45 e 60 anos. Mulheres separadas com filhos e mulheres solteiras são grande parte dos interessados.

A empresa afirma que o serviço é aberto a pessoas de todas as idades. "Nosso público-alvo tem mais a ver com os motivos que faz a pessoa querer morar junto, como contar com uma rede de apoio para o dia a dia ou a vontade de morar melhor pagando menos.”

Superar barreira cultural é desafio

Para o professor e especialista em cultura de consumo da Fundação Getúlio Vargas Benjamin Rosenthal, o maior desafio da empresa será ter clientes suficientes.

“Essa start-up vai enfrentar um desafio cultural, porque envolve uma das coisas mais sensíveis para o seu cotidiano, que é com quem você vai morar. Dividir o imóvel com quem você não tem uma história em comum para compartilhar é bastante desafiador”, diz.

A falta de um aplicativo não é, para ele, um problema. "Essa escolha é tão complexa e pouco comum, e você vai fazer tão poucas vezes na vida, que usar um site ou um aplicativo é indiferente".

A questão econômica é mais fácil, diz. Para ele, a empresa pode seguir o modelo das imobiliárias, cobrando pelo serviço prestado. “Assim como uma imobiliária cobra o primeiro aluguel, existe sim uma forma de monetizar o serviço ofertado.”

Onde encontrar:

Morar.com.vc 

Conheça o aplicativo que funciona como um 'Tinder' de casas

olhardigital