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Escola de inglês dá aula em corredores de shoppings e não faz prova

No quiosque da rede Park Idiomas, de 22 metros quadrados, as salas de aula têm divisórias de vidro - Divulgação
No quiosque da rede Park Idiomas, de 22 metros quadrados, as salas de aula têm divisórias de vidro Imagem: Divulgação

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/10/2019 04h00

Resumo da notícia

  • A Park Idiomas apresenta um novo modelo de negócio: quiosque instalado em corredor de shopping
  • O quiosque, de 22 m2, tem cinco salas de aula com divisórias de vidro
  • O curso é focado em conversação, e o material é 100% digital. Cada sala comporta até três alunos e o professor
  • A proposta é deixa o aluno o mais próximo da realidade, para que tenha autoconfiança para falar o idioma, diz a empresa
  • Para psicólogo, há alunos que não se adaptam a essa proposta de ensino
  • Disponibilidade de tempo do franqueado e a limitação de expansão da franquia podem ser pontos negativos no negócio, diz consultora

Você faria curso de inglês num corredor de shopping? Foi essa ideia que teve a Park Idiomas, rede de escolas de inglês e espanhol, com um novo modelo de negócio: quiosque com cinco salas de aula instaladas em corredores de shoppings. O investimento inicial do negócio é a partir de R$ 75 mil.

No quiosque, de 22 metros quadrados, as salas de aula têm divisórias de vidro, há poltronas no lugar de carteiras e o ambiente tem decoração descontraída, com imagens de cartões-postais de outros países. Cada sala comporta até três alunos e o professor.

Escola não tem prova para passar de nível

"O ensino do inglês deve acontecer em um ambiente real, assim como aprendemos falar português quando éramos pequenos. O conceito é o mesmo. O aluno vá entendendo e repetindo, sem pressão, sem cobranças de provas, sem ter que ter nota para passar de módulo. A ideia é que o papo flua de maneira bem natural, bem distante do modelo arcaico das escolas tradicionais", afirmou Eduardo Pacheco, 45, fundador da Park Idiomas. O outro sócio é Paulo Arruda, 53.

Segundo Pacheco, a proposta deixa o aluno mais próximo da realidade, para que tenha autoconfiança para falar o idioma nas mais variadas condições, inclusive em ambientes com bastante ruído, como um shopping center, por exemplo.

Para o sócio, os barulhos externos não prejudicam a aula. "É uma conversa prazerosa, na qual o aluno está totalmente focado, e o ruído que ocorre fora daquelas paredes de vidro definitivamente não atrapalha. É como quando a gente vai ao shopping comer um lanche com um amigo: a gente conversa com ele e nem se incomoda que outras pessoas estão ao nosso lado falando também", declarou Pacheco.

Para Daniel Machado, psicólogo e diretor da Imaginie (plataforma de correção e ensino de redações), há alunos que não se adaptam a essa proposta de ensino. "São alunos que precisam de mais silêncio para se concentrar e assimilar o conteúdo. Nesses casos é melhor pesquisar as formas de ensino oferecidas no mercado e possivelmente optar por um curso com uma sala de aula tradicional para seu melhor desempenho", afirmou.

Curso é focado na conversação

O curso é focado totalmente em conversação, com a inclusão de gramática a partir do sétimo módulo. O material é 100% digital. Com isso, a Park Idiomas garante a fluência em 140 horas, segundo Pacheco. A mensalidade do aluno custa a partir de R$ 200.

O modelo de negócio é focado em cidades com mais de 350 mil habitantes. A rede tem cinco quiosques em operação: três em São Paulo (Shopping Eldorado, Market Place e West Plaza), um em João Pessoa (PB), no Mag Shopping, e um em Uberlândia (MG), no Center Shopping.

Confira os dados da franquia fornecidos pela empresa:

  • Investimento inicial (modelo quiosque): a partir de R$ 75 mil (inclui taxa de franquia e taxa de instalação)
  • Capital de giro: média de R$ 40 mil
  • Royalties: isento
  • Taxa de publicidade: 3% do faturamento por mês
  • Faturamento médio mensal: R$ 60 mil (150 alunos)
  • Lucro médio mensal: 25%
  • Prazo de retorno: 22 meses

Antes de comprar franquia, veja algumas recomendações de especialistas, como não investir todo o seu dinheiro no negócio e ler atentamente a Circular de Oferta de Franquia (COF), uma espécie de raio-x da empresa.

Criada em 1996, em Uberlândia, a Park Idiomas teve investimento inicial de R$ 1.500. No ano passado, o faturamento foi de R$ 21 milhões. O lucro foi de 30%.

A empresa entrou para o franchising em 2000. Hoje, tem 70 unidades, em seis estados. Além do quiosque, a rede oferece outros quatro modelos de negócio.

Modelo tem limitação de expansão

Para Fabiana Hamada, consultora de negócios e franquia da Goakira, transformar a escola de idiomas em quiosque no corredor do shopping pode atrair o público "saturado do modelo tradicional de aulas de inglês". "Hoje, o modelo de ensino de línguas tende a ser mais dinâmico que o tradicional, com mais conversação, e as pessoas aprendem mais com essa interação", disse.

Para o franqueado, diz ela, o quiosque no shopping tem mais visibilidade e maior tempo de atuação, devido ao horário estendido do local. "Isso significa um maior tempo de captação de possíveis clientes, num local de grande concentração de pessoas. Por isso, a importância de se escolher o shopping certo para abrir o negócio."

Segundo a consultora, em geral, as pessoas hoje em dia tentam otimizar seu tempo, concentrando tudo que precisam fazer num só lugar. "No shopping, por exemplo, elas podem ir às compras, lazer e alimentação. Por isso, colocar a aula de inglês no shopping é uma grande sacada", declarou.

Fabiana disse, no entanto, que a disponibilidade de tempo do franqueado e a limitação de expansão da franquia podem ser pontos negativos no negócio. "No shopping, que funciona de segunda a segunda, o gestor precisa ficar mais tempo no negócio, e o modelo quiosque tem limitação de alunos [três por sala]. Ou seja, ao atingir a lotação máxima, não há para onde expandir", afirmou.

Onde encontrar:

Park Idiomas - https://parkidiomas.com.br/

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