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Economista vendeu pano de chão na rua e agora fatura R$ 35 milhões por ano

O ex-bancário Ronaldo Cordão abriu em 2004 a primeira loja da Center Panos, em Sumaré (SP) - Divulgação
O ex-bancário Ronaldo Cordão abriu em 2004 a primeira loja da Center Panos, em Sumaré (SP) Imagem: Divulgação

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/04/2021 04h00

O empresário Ronaldo Cordão, 50, abriu em 2004 a primeira loja da Center Panos, em Sumaré (SP), após deixar de ser sócio numa empresa no ramo têxtil e receber, como cota de sua parte na sociedade, 150 mil produtos de sacaria, entre panos de chão e panos de prato.

Hoje, a Center Panos Artesanato tem 44 unidades (mais três em implantação) em 34 cidades de cinco estados e faturou R$ 35,2 milhões em 2020. O lucro não foi revelado.

A sociedade no ramo têxtil começou em 2001, quando Cordão trabalhava como gerente de negócios do Bradesco, com salário de R$ 20 mil. Em 2003, ele largou o cargo no banco para focar no negócio.

"Sempre tive vontade de ter algo meu, empreender, mas não tinha capital suficiente", declarou Cordão, que é economista. No período em que ficou no banco (1990-2003), ocupando diferentes funções e com remuneração variada, ele separava em torno de 20% do salário todo mês. Juntou R$ 100 mil, investindo em renda variável.

O banco foi a minha melhor escola. Lá conheci empresários de diversos segmentos, troquei experiências, vi possibilidades de negócio. E a cada conversa tinha mais certeza de que um dia queria empreender, correr o risco, criar uma empresa sustentável.
Ronaldo Cordão, dono da Center Panos

Sócio de amigo numa tecelagem

Em 2001, com os R$ 100 mil em mãos e ainda trabalhando no Bradesco, Cordão virou sócio de um amigo numa tecelagem que fabricava sacarias (panos de prato e panos de chão), em Sumaré. A ele, cabia a gestão financeira da empresa. Em 2003, ele se desligou do banco para participar mais ativamente do negócio.

Não que eu esperasse que a vida de empresário fosse tranquila, mas, quando trabalhamos no que gostamos, tudo se torna mais fácil. A minha vontade de empreender sempre foi maior.
Ronaldo Cordão, dono da Center Panos

Só que houve divergência de gestão entre os sócios. Cordão queria investir em tecnologia e automação, criar capilaridade com pontos de venda e iniciar um bom plano de governança, mas o sócio foi contra. Em 2004, eles encerraram a sociedade. Como a empresa não tinha o capital para aquisição das suas cotas, pagou em matéria-prima: 150 mil itens, entre panos de chão e panos de prato.

"Retirei produtos que poderia vender para alguns clientes no atacado e também para criar uma pequena loja", disse ele, que colocou mais R$ 50 mil no negócio. Nascia ali a Center Panos.

Venda de panos nas ruas do Brás

A Center Panos vende insumos para artesanato, como tecidos, linhas, lãs e aviamentos - Divulgação - Divulgação
A Center Panos vende insumos para artesanato, como tecidos, linhas, lãs e aviamentos
Imagem: Divulgação

A loja era tocada pela sua irmã, enquanto ele e o pai iam de carro tentar vender os panos nas ruas do Brás, em São Paulo.

No início a loja vendia apenas panos de prato e de chão, mas com o tempo passou a comercializar outros insumos para artesanato (tecidos, linhas, lãs e barbantes, toalhas de banho e rosto, aviamentos, máquinas de costura, tintas e pincéis, entre outros). O produto mais barato é uma agulha (R$ 0,20) e o mais caro, as máquinas de costura (cerca de R$ 20 mil).

A empresa aderiu ao franchising em 2007. O investimento inicial numa franquia varia de R$ 380 mil a R$ 500 mil, dependendo do tamanho da cidade.

Entre unidades próprias (3) e franquias, a rede tem 238 funcionários. A meta este ano é abrir mais 30 lojas e ampliar o mix de produtos.

Feedback dos franqueados ajuda no ajuste da rede

Para José Venâncio Júnior, consultor de negócios do Sebrae-SP, é evidente a veia empreendedora de Cordão. "Ele soube enxergar oportunidades de mercado e também identificar as necessidades do cliente, ao optar por expandir seu mix de produtos."

Ele diz, no entanto, que ter um mix grande de itens na loja requer cuidado com o estoque. "Produto que fica muito tempo no estoque é dinheiro parado. Por isso, é importante focar nas mercadorias que mais saem, que mais agradam os clientes."

Outra ressalva para empresas que têm rede de franquias, segundo o consultor, é fazer reuniões periódicas e levar capacitação a seus franqueados.

"O perfil da clientela pode mudar de uma cidade para outra. Portanto, ter sempre o feedback dos franqueados ajuda nos ajustes pontuais de cada loja e na padronização do atendimento", declarou.

Onde encontrar:

Center Panos: www.centerpanos.com.br