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Analistas têm dúvidas sobre o que o governo pode fazer em juros

Do UOL, em São Paulo

21/02/2013 06h00

Impressiona o grau de incerteza dos economistas a respeito do que o governo pode fazer para lutar contra a inflação sem matar o crescimento do país.

Os índices de preços vistos nos últimos meses assustaram, principalmente o indicador de janeiro, que mostrou uma variação do IPCA (o índice calculado pelo IBGE) de 0,86%, a mais alta para o início do ano desde 2003.

A taxa básica de juros (a Selic) é a ferramenta básica do governo para domar o IPCA.

Essa taxa influencia o custo dos empréstimos para empresas e consumidores. Quando está preocupado com o reajuste dos preços, o governo eleva essa taxa, o que encarece os empréstimos e desestimula os investimentos das empresas em novas fábricas e compras em lojas e supermercados.

Quando a preocupação é maior com o crescimento do país, o governo reduz essa taxa, buscando o efeito contrário.

Mas a maneira como as autoridades econômicas podem fazer esse ajuste ainda é controversa entre economistas. “A atuação do governo ficou muito mais imprevisível nos últimos meses”, diz a economista da gestora paulista Lerosa Investimentos, Alexandra Almawi.

O susto foi tamanho no início deste ano que já existe uma parcela dos especialistas acreditando que o aumento dos juros pode acontecer ainda em 2013 (e não somente em 2014, como muitos previam) e talvez, ainda neste semestre.

As declarações recentes do ministro Guido Mantega (Fazenda) reforçaram essa corrente de opinião, principalmente quando ele disse que a taxa de câmbio (o preço do dólar) não seria usada como instrumento para combater a inflação.

O dólar é uma influência importante no custo de vida. Quando está mais caro (isto é, quando são necessários mais reais para comprar US$ 1), os índices de preços no Brasil tendem a subir.

Por esse motivo, boa parte do mercado achava que o governo iria deixar a taxa de câmbio cair mais, para aliviar o custo de vida. A frase do ministro, aparentemente, jogou um balde de água fria nessa aposta.

Nesta semana, o resultado fraco do comércio deu força para os especialistas que ainda apostam na manutenção da taxa básica em 2013. "Para mim, é prematuro antecipar uma alta de juros ainda em 2013", diz Marcelo de Jesus, superintendente da Caixa Econômica Federal para gestão de ativos.

Ajuste forte ou fraco?

Entre especialistas, uma corrente de opinião não acredita em um ajuste de juros neste ano, ou somente em uma correção muito modesta da taxa, talvez para 7,50%. “É possível que governo permita esse aumento somente para sinalizar ao mercado que está preocupado com a inflação” diz o professor da Escola de Economia da FGV-SP Ricardo Rochman.

Para o professor da FGV, a presidente Dilma Rousseff está comprometida em manter os juros baixos, e um aumento significativo da taxa básica, se ocorrer, vai ser atrasado ao máximo, possivelmente para o ano que vem.

Em 2014, quando as medidas tomadas para melhorar as condições da economia (como impostos mais baixos) supostamente fizerem efeito, será possível moderar a alta dos juros.

Alguns economistas, no entanto, defendem que o governo opte pelo remédio amargo (um ajuste mais forte dos juros) já neste ano. Aumentar a taxa básica de maneira mais brusca em 2013, raciocinam, poderia evitar uma medida semelhante em 2014, um ano eleitoral, quando uma iniciativa dessas poderia ser malvista pela população.

Novos rumos

A cada 45 dias, os dirigentes do Banco Central se reúnem para decidir a trajetória da taxa básica de juros. A próxima reunião está marcada para os dias 5 e 6 de março.

Depois do susto com o IPCA de janeiro, muitos vão contar os dias para o IPCA de fevereiro, que tem a divulgação prevista para o dia 8 de março. Uma prévia desse indicador (o IPCA-15) vai ser publicada nesta sexta-feira.

“Os mais céticos vão aguardar o IPCA de fevereiro. Se der uma zebra [e subir menos do que os economistas esperam, entre 0,40% e 0,42%], é mais provável que o juro fique como está”, diz Cristiano Costa, professor da Economia da Fucape Business School (Espírito Santo), que espera um aumento dos juros ainda neste ano.

Veja abaixo as dicas para investir conforme cada aplicação:

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