Mercado aposta em privatizações com Bolsonaro, e ações de estatais disparam
A possibilidade de vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno animou os investidores que atuam na Bolsa de Valores. As compras nos últimos dias estiveram concentradas no chamado "kit eleições", formado por ações de estatais (como Petrobras, Eletrobras e Banco de Brasil), além de bancos. A explicação está nas bandeiras liberais do candidato à Presidência, que defende reformas e privatizações.
"Bolsonaro já declarou que vai adotar uma agenda de privatizações e de reformas econômicas, caso seja eleito. Diante da votação expressiva que ele conseguiu no primeiro turno, os investidores estão se antecipando à sua provável vitória, o que gera um fluxo intenso de compras sobre as ações das estatais, puxando os preços para cima", disse Rafael Passos, analista da Guide Investimentos.
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"É um candidato com uma posição mais liberal, o que agrada o mercado. Além de já ter indicado que o [economista] Paulo Guedes irá liderar sua equipe econômica, Bolsonaro também sinalizou que pretende trazer outros empresários para compor seu governo", afirmou Filipe Villegas, analista da Genial Investimentos.
As ações dos bancos privados, como Itaú Unibanco e Bradesco, também são muito procuradas pelos investidores porque têm um peso relevante dentro da composição do Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira. "Os bancos são as ações mais líquidas [negociadas]. Elas reagem rapidamente às movimentações do mercado", disse Passos.
Estatais estaduais também estão no radar
Os resultados surpreendentes nas eleições para governador em alguns estados também provocaram reações do mercado financeiro em busca de possíveis oportunidades de compra.
O caso mais emblemático é o de Minas Gerais, onde o petista Fernando Pimentel ficou de fora da disputa do segundo turno, enquanto Romeu Zema (Novo) agora é visto como favorito para derrotar Antonio Anastasia (PSDB). "O Zema já deixou claro que pretende privatizar as estatais mineiras", declarou Passos.
Duas estatais mineiras têm ações na Bolsa: a empresa de energia Cemig e a companhia de saneamento Copasa. Além delas, há ainda a Light, que apesar de fornecer energia para o Rio de Janeiro, tem a Cemig como sua controladora e, por isso, pode ser incluída no pacote de privatizações de Minas.
Próxima onda deve incluir varejistas e siderúrgicas
Além da bandeira da privatização, os investidores também apostam que o candidato do PSL à Presidência adotará medidas liberais para dar fôlego à economia e retomar o crescimento do país, o que tende a ampliar os lucros das empresas e dos bancos no longo prazo.
"A expectativa é de que a economia ganhe tração com o novo governo, impulsionando o resultado das empresas, especialmente aquelas mais expostas ao mercado doméstico, como varejistas, siderúrgicas e os bancos. Se a vitória dele for confirmada no segundo turno, a Bolsa deverá registrar uma nova onda de alta, puxada por ações dessas empresas", disse Rafael Passos, da Guide.
Petrobras pode chegar a R$ 40
A forte alta vista no mercado financeiro após o resultado do primeiro turno poderá se repetir no segundo turno, caso a vitória de Bolsonaro seja confirmada, segundo analistas.
"Em momentos como esse, prevalece a euforia. O investidor não olha muito para os fundamentos [fatores econômicos] das empresas. O mercado segue o fluxo, em um típico efeito manada", afirmou Filipe Villegas, da Genial.
Ele prevê que as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) poderão chegar a R$ 40, apresentando o maior potencial de valorização de alta entre as estatais, de 49% em relação ao fechamento da ação nesta terça-feira (9), de R$ 26,82.
O especialista chegou a esse valor utilizando modelos estatísticos que analisam o volume de compra e venda das ações em momentos de grande agitação do mercado. "Esse seria o preço com base no efeito manada, quando prevalece a irracionalidade do mercado. Se for levar em conta apenas os fundamentos, a ação vale entre R$ 28 e R$ 32", declarou.
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