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Empresa está vendendo ações na Bolsa pela primeira vez. Devo comprar?

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

14/05/2019 04h00

Já pensou em participar de um IPO? A oferta inicial de ações (IPO ou "Initial Public Offering", em inglês) é a porta de entrada das empresas no mercado financeiro. É quando elas vendem ações na Bolsa pela primeira vez, para um grupo de investidores.

Quem compra as ações se torna sócio ou acionista da empresa, que usa o dinheiro levantado para bancar seus projetos.

Depois, as ações são listadas na Bolsa de Valores, e os investidores iniciais podem vendê-las quando quiserem.

O Brasil deve ter uma nova onda de IPOs, segundo analistas, se a reforma da Previdência for aprovada e a economia voltar a crescer. Veja como eles funcionam e que cuidados você deve ter antes de entrar em um.

Bancos definem preço inicial "justo"

A ideia do IPO é que as ações sejam vendidas por um preço considerado "justo". Ele deve refletir o quanto a empresa vale e, ao mesmo tempo, sinalizar qual será seu potencial de valorização no futuro, considerando a expectativa de lucro.

Como os papéis ainda não são negociados no mercado, não há uma referência para estabelecer esse preço "justo".

"Mesmo que a empresa já exista há algum tempo, a realidade dela muda completamente quando decide abrir o capital. A gestão precisa ser profissionalizada e ela passa a prestar contas publicamente. A cobrança é muito maior do que na fase em que ela tinha apenas um dono", disse Joelson Sampaio, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

As empresas que pretendem estrear na Bolsa contratam bancos para analisá-las e atribuir um valor às suas ações, definindo um intervalo de preço. Cabe ao investidor decidir se aceita essa avaliação e compra os papéis.

O preço inicial das ações depende também do interesse dos investidores em adquirir os papéis e das condições do mercado no momento da emissão.

Cenário político-econômico afeta preço

Fatores políticos e econômicos podem interferir no preço das ações, fazendo com que investidores exijam sua redução para comprá-las.

As empresas podem até desistir do IPO se avaliarem que esses fatores estão fazendo com que o preço das ações fique muito baixo.

Comprar ações no IPO é mais barato?

Nem sempre. Vai depender das condições do mercado quando as ações estrearem na Bolsa e de como os investidores que ficaram de fora do IPO avaliarão o negócio da empresa.

Se eles considerarem que a ação ficou barata após o IPO, por exemplo, podem decidir comprar os papéis. O aumento da procura, então, fará o preço subir na Bolsa.

Mas pode ocorrer o contrário, como no caso do primeiro IPO deste ano, da rede de artigos esportivos Centauro. Na estreia da empresa, em 17 de abril, as ações (CNTO3) foram vendidas a R$ 12,50. Até 10 de maio, acumulavam perda de mais de 3%.

"É uma questão de risco e retorno. Ao entrar em um IPO, você assume um risco enorme, justamente porque não há histórico de mercado sobre aquela empresa", disse Sampaio.

Conforme surgirem novas informações sobre a empresa e ela divulgar seus resultados ao mercado, o preço irá oscilar para cima ou para baixo.

"Além de se informar muito bem, o investidor menos experiente deve ter cautela antes de entrar em IPOs. Se as empresas forem boas mesmo, você pode deixar para comprar as ações depois e ganhar no longo prazo, aproveitando as distribuições de dividendos, por exemplo", afirmou Sampaio.

Apenas um terço dos IPOs superou renda fixa, mostra estudo

Um estudo da empresa de informações financeiras Economatica, feito a pedido do UOL, mostrou que apenas um terço dos IPOs realizados na Bolsa brasileira nos últimos 17 anos teve desempenho acima das aplicações de renda fixa tradicionais, como o CDB.

De 118 ofertas de ações analisadas desde 2002, somente 45 superaram o rendimento médio anual do CDI. A análise considerou o desempenho de cada ação desde o seu IPO até 25 de abril deste ano.

Entre os melhores desempenhos anuais estão Banco Inter (262% mais que o rendimento do CDI), IRB Brasil (118%), Intermédica (115%) e Petrobras Distribuidora (45%).

Os piores resultados são: Viver (-63%), OSX (-63%), Brazil Pharma (-62%) e Lupatech (-56%), segundo a Economatica.

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