Bolsa superou os 100 mil pontos. Ainda vale a pena entrar?
Depois de o Ibovespa superar a marca histórica dos 100 mil pontos, o investidor que não comprou ações deve estar se perguntando: ainda vale a pena? Ou elas já estão muito caras? Somente neste ano, a Bolsa subiu mais de 14%, praticamente a mesma valorização (15%) registrada em todo o ano passado.
O UOL consultou Fabio Macedo, diretor comercial da Easynvest; André Perfeito, economista da Necton Investimentos; e Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos. Veja o que dizem os especialistas.
O que significam os 100 mil pontos?
"Os 100 mil pontos representam o valor adequado, na visão do mercado, para as notícias que temos até agora sobre a economia como um todo. Mas é um número simbólico. Se você compará-lo com o recorde do Ibovespa em 2008, verá que a Bolsa ainda está abaixo daquela marca histórica tanto em dólar quanto deflacionado", disse Perfeito.
A análise feita pelo especialista da Necton compara o nível de pontos da Bolsa hoje com a marca histórica de 20 de maio de 2008, quando o Ibovespa atingiu 73.516 pontos em termos nominais.
Se esse número for corrigido pela inflação acumulada desde aquela data, o recorde de 2008 seria equivalente hoje a 137.470 pontos. Em outras palavras, o Ibovespa teria que subir 37,5% para romper a marca de 2008.
O mesmo raciocínio vale se o índice for ajustado pelo dólar, que é a forma como o investidor estrangeiro enxerga a Bolsa brasileira. No recorde de 2008, o Ibovespa dolarizado era de 44.616 pontos. Hoje, está na casa dos 25.900 pontos. Para atingir a marca daquela época, teria que subir mais de 70%.
Há espaço para continuar subindo...
Nas contas de Salomão, o Ibovespa ainda poderá subir entre 20% e 25% neste ano em relação ao patamar atual, atingindo a casa dos 125 mil pontos, se o governo conseguir aprovar as reformas estruturais, especialmente a da Previdência.
"É verdade que o mercado andou bastante e que o potencial de valorização agora não está tão interessante quanto estava no começo do ano. Mas, se você considerar o rendimento da renda fixa [a taxa Selic está em 6,5% ao ano], vale muito a pena, sim, entrar na Bolsa agora, desde que seu horizonte de investimento seja de longo prazo", disse Salomão.
...porém, a alta não será constante
A tendência de valorização da Bolsa não será constante, dizem os especialistas. A expectativa é que a volatilidade, ou seja, o sobe e desce dos preços, continue nas próximas semanas, em função das discussões da reforma da Previdência no Congresso.
"O mercado está aguardando o andamento de eventos políticos, especialmente a reforma da Previdência. Os investidores querem ver como o governo vai se mobilizar para ter maioria no Congresso", declarou Macedo.
Foco deve ser o longo prazo
Entrar agora na Bolsa só vale a pena se o objetivo do investimento for de longo prazo e se você tiver sangue frio para aguentar os altos e baixos do mercado.
"Quem não suporta muita volatilidade deve aplicar no máximo 10% do patrimônio em ações", disse Salomão.
Para o investidor que está em dúvida se é melhor esperar a Bolsa "realizar", ou seja, cair um pouco para comprar ações mais baratas, Salomão recomenda: "compre um pouco já para não correr o risco de perder o bonde".
Economia global dá sinais de fraqueza
Os especialistas também estão de olho no cenário externo. Uma desaceleração mais intensa da economia global pode prejudicar o desempenho dos mercados acionários em todo o mundo. O raciocínio é simples: crescimento fraco significa lucros menores para as empresas listadas nas Bolsas.
"Em que pé está a economia global? Está desacelerando? Pode entrar em recessão? Não se pode desprezar o cenário externo porque o investidor estrangeiro tem um peso importante dentro da Bolsa brasileira", disse Salomão.
PIB pode ser menor que o esperado
Outro fator que pode afetar as projeções para as empresas listadas em Bolsa é a expectativa de crescimento da economia brasileira. Economistas já se mostram menos otimistas com a expansão do país neste ano.
O boletim Focus desta semana mostrou que a média das projeções para o PIB de 2019 indica crescimento de 0,93%. No ano passado, as estimativas de crescimento da economia para este ano chegavam a 3%.
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