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Medo de recessão no mundo gera corrida pelo ouro; vale a pena investir?

Vinícius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/09/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Com medo de recessão no mundo, muitos estão investindo em ouro, considerado mais seguro
  • No ano passado,o ouro foi, ao lado do dólar, a aplicação com melhor rendimento, de quase 17%; neste ano já subiu mais de 30%
  • Especialistas dizem que a turbulência no mercado internacional deve continuar, o que reforça a tendência de alta do metal
  • Mas investir em ouro "não é para qualquer investidor", porque tem uma instabilidade muito alta
  • Há três formas de investir: comprando barras, comprando contratos na Bolsa ou aplicando em fundos que acompanham a variação do ouro na Bolsa

O mundo está com medo de uma recessão e, quando isso acontece, muita gente procura o ouro, considerado seguro em relação às turbulências do mercado. A cotação do metal já subiu 34,3% só neste ano, impulsionada pelo aumento na procura.

Se você também está com receio de que a economia mundial sofra um tranco ou quer investir em ouro pensando na valorização futura, é importante entender o que está acontecendo com esse mercado e para onde ele pode ir.

Por que subiu?

A guerra comercial entre China e Estados Unidos e suas consequências para a economia global são os fatores principais da alta nos preços do ouro, como já alertavam especialistas no início do ano.

"O porto seguro é o ouro em qualquer época", disse Mauriciano Cavalcante, diretor da corretora Ourominas. "Tanto pequenos investidores quanto bancos centrais de alguns países, como China, Índia e Canadá, por exemplo, estão fazendo reservas com essas compras, procurando segurança. Quanto mais há procura, mais elevado é o preço", afirmou.

O preço do ouro é definido no mercado internacional em dólar. Por isso, a recente alta da moeda norte-americana em relação ao real também contribuiu para o avanço da cotação do ouro.

A tendência de valorização do metal, contudo, não começou de uma hora para a outra. No ano passado, por exemplo, o ouro foi, ao lado do dólar, a aplicação com melhor rendimento, de quase 17%.

Ainda vale a pena?

Após essa valorização, ainda vale a pena comprar ouro? Especialistas dizem que a turbulência no mercado internacional deve continuar, pelo menos no médio prazo, o que reforça a tendência de alta do metal.

"Quem analisa o mercado de ouro agora vê que pode continuar subindo, pois as questões [que causam sua valorização] não serão resolvidas rapidamente", disse Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama.

Segundo ela, o investimento em ouro "não é para qualquer investidor", porque tem uma instabilidade muito alta e pode variar bastante em curtos períodos de tempo. O investidor brasileiro que, em geral, não está acostumado com essa instabilidade, deve tomar cuidado.

"Como o ouro já subiu bastante, [a aplicação] fica ainda mais perigosa para o investidor que fica olhando só no retrovisor", disse.

Como comprar?

Há basicamente três formas de investir em ouro: comprando barras de diferentes pesos, comprando contratos na Bolsa ou aplicando em fundos que acompanham a variação do ouro na Bolsa.

Ouro em barra

Procure uma corretora de boa reputação e autorizada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a vender ouro. Evite comprar em lojas indicadas nas ruas. As barras vendidas nas distribuidoras autorizadas são lacradas. Mantenha o lacre. Se não, é preciso pagar para lacrar de novo.

Contratos na Bolsa

Quem não quer correr o risco de manter ouro em casa pode optar pela compra de contratos financeiros na B3. Procure uma corretora credenciada pela Bolsa e abra uma conta.

O principal contrato, equivalente a uma barra de 250 gramas, tem valor alto, de quase R$ 40 mil. Há também contratos menores, de 10 gramas (cerca de R$ 1.600) e de 0,225 grama (R$ 35), mas eles são menos negociados. Por isso, o investidor pode ter dificuldade quando quiser vendê-los.

Fundos de investimento

Outra opção é comprar cotas de fundos de investimento lastreados em contratos financeiros de ouro. Nessa opção, o investidor pode aplicar um valor mais baixo, a partir de R$ 1.000, e não precisa acompanhar diariamente os movimentos do metal.

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