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Se você arriscar mais ao investir, tem chance de ganhar mais; como acertar?

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

13/09/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Ganho esperado para um investimento está diretamente relacionado ao risco de colocar seu dinheiro nele
  • Portanto, quanto menor o risco, mais baixo é o rendimento
  • Por outro lado, se há chance de algo dar errado, o retorno precisa ser mais alto para compensar
  • Há vários tipos de risco, mas os principais são: de mercado, de crédito e de liquidez
  • Mesmo aplicações de renda fixa podem ser arriscadas se o prazo for muito longo
  • Segredo para ganhar mais sem correr risco de perder tudo é diversificar

Provavelmente você já ouviu o gerente do banco ou algum especialista dizer que, se quiser ganhar mais com investimentos, precisará "tomar risco", porque os juros da renda fixa estão muito baixos. Sabe o que isso significa?

O ganho esperado para um investimento está diretamente relacionado ao risco de você colocar seu dinheiro nele. Se o rendimento esperado é previsível e o pagamento é garantido, então, o risco é muito baixo. O problema é que, quanto menor o risco, mais baixo é o rendimento. Por outro lado, se há chance de algo dar errado, ou seja, se você corre o risco de perder dinheiro, o retorno precisa ser mais alto para compensar.

"É como num jogo de dardos. A chance de você acertar o alvo a dois metros de distância é muito maior do que a dez metros. Se você acertar a partir de uma distância maior, merece ganhar um prêmio", disse Michael Viriato, professor do Insper.

Diferentes tipos de risco

Dependendo do tipo de aplicação, ela pode estar sujeita a vários riscos. Há três tipos mais comuns:

  1. Risco de mercado: Está relacionado às expectativas em relação à economia do país ou a eventos no exterior. É o que faz a Bolsa e o dólar caírem ou subirem diariamente, com maior ou menor intensidade.
  2. Risco de crédito: É o risco de não receber seu dinheiro no futuro. Para os títulos públicos, por exemplo, o risco é baixo porque a chance de o governo dar calote é pequena, menor que o risco de uma empresa não pagar uma dívida.
  3. Risco de liquidez: Liquidez é a facilidade de transformar investimento em dinheiro. A poupança, por exemplo, tem alta liquidez, pois permite saques a qualquer momento. Alguns fundos só permitem saques após 30 dias.

Renda fixa geralmente tem pouco risco...

A maioria dos produtos de renda fixa pode ser considerada de risco baixo ou moderado.

  • Poupança: Tem rentabilidade definida e garantia de pagamento do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
  • Tesouro Direto: Tem baixo risco de crédito e de liquidez, mas pode ter risco de mercado no caso de títulos prefixados ou atrelados ao IPCA, que costumam oscilar em função das expectativas para a economia. O segredo para não perder dinheiro é sacá-los só no vencimento. O Tesouro Selic não sofre risco de mercado.
  • CDBs: Em geral, não têm liquidez e só é possível resgatá-los no vencimento. O risco de crédito é baixo, desde que o investidor respeite o limite de até R$ 250 mil garantido pelo FGC.
  • Fundos de investimento: Podem ser mais ou menos arriscados, dependendo dos títulos em que o gestor do fundo aplica o dinheiro. Para saber o nível de risco, consulte a "lâmina" com informações sobre o fundo.

...mas risco aumenta com prazos longos

Mesmo aplicações de renda fixa podem ser arriscadas se o prazo for muito longo. Um título com vencimento em dez anos deve oferecer uma taxa de juros maior que um investimento similar com prazo de um ano.

"Se a gente usar novamente o exemplo dos dardos, é muito mais fácil enxergar o alvo a um metro do que a cem metros de distância. Se o tempo do investimento é longo, há o risco de muita coisa dar errado nesse período", disse Viriato.

Renda variável: mais incerteza e risco maior

O principal componente do risco é a incerteza. Uma aplicação de renda variável, como o próprio nome sugere, varia muito ao longo do tempo. Pode render bastante, mas pode dar prejuízo. A valorização da ação de uma empresa depende de vários fatores, diretamente ligados à companhia ou não.

O investidor deve olhar os balanços para ver se a empresa tem histórico de lucros, analisar se o setor de atuação dela é promissor, conhecer os concorrentes, avaliar se a economia do país está em crescimento ou não, além de estar atento ao noticiário político e econômico, nacional e internacional.

"Tem que estudar e ler muito a respeito do mercado financeiro em geral e sobre as empresas em que pretende investir", disse José Raymundo de Faria Júnior, planejador financeiro certificado pela Planejar.

Posso perder tudo?

As ações naturalmente oscilam muito de preço, o que pode levar a perdas em alguns momentos. Quanto maior risco, maior a chance de ganhar dinheiro, mas também maior a possibilidade de perdas.

"O investidor precisa estar disposto a aceitar perdas em alguns momentos, que podem chegar a 30% ou mais do dinheiro investido em uma determinada ação ou outro ativo de risco. No longo prazo, a tendência é recuperar o capital investido e ainda obter ganhos acima da renda fixa", declarou Faria Júnior.

"Só perde tudo quem for muito ganancioso e acreditar em falsas promessas de ganhos extraordinários em curtos períodos de tempo. Não existe mágica", disse. "Desconfie de promessas de investimento que oferecem ganho garantido e rendimento acima de 2% ao mês. Isso certamente é golpe", afirmou Viriato.

Que tipo de investidor é você?

O segredo para ganhar mais sem correr o risco de perder todo o dinheiro aplicado está na diversificação. O primeiro passo é montar sua reserva de emergência, usando investimentos de baixo risco, como Tesouro Selic ou fundo DI. A partir daí, você pode pensar em tomar risco aos poucos, aplicando entre 5% e 10% de seu patrimônio em ações, fundos multimercados ou de ações.

"O problema não é o risco. É a aversão à perda. As pessoas não aguentam perder dinheiro, mesmo que por pouco tempo. Se você quer tomar risco, comece com pouco dinheiro e veja qual é a sua reação se tiver perdas", afirmou Faria Júnior. É possível fazer um teste de perfil de investidor no seu banco ou corretora para descobrir se é conservador, moderado ou arrojado.

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