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É uma opção para ganhar mesmo com juro baixo, mas arrisca mais seu dinheiro

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

06/01/2020 04h00Atualizada em 14/07/2020 10h38

Resumo da notícia

  • Com queda de juros que reduziu rendimento de aplicações mais conservadoras de renda fixa, os fundos multimercados podem dar ganho maior
  • Fundos multimercados podem render mais porque têm permissão para investir ao mesmo tempo em ativos de renda fixa e de renda variável
  • Investidor deve estar atento às caracteríticas dos fundos multimercados porque esse produto tem risco de provocar perdas

O Banco Central voltou a cortar a taxa básica de juros, de 5,5% para 5% ao ano, e os economistas dizem que esse movimento vai continuar. Para especialistas de mercado, isso significa que quem quiser um ganho maior terá que buscar opções mais arriscadas. É o caso dos fundos multimercados, por exemplo.

"Os fundos multimercados permitem investir em renda fixa e renda variável [ao mesmo tempo]; essa é a graça do multimercado".
Daniel Vairo, sócio gestor da Pacífico Gestão

A rentabilidade média deles ficou entre 7,14% e 14,57% ao ano nos 12 meses encerrados em setembro. O patrimônio desses fundos atingiu R$ 1,14 trilhão em outubro, um crescimento mensal de 21%. Os dados são da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Isso quer dizer que, ao aplicar em uma carteira desse tipo, o investidor autoriza o administrador do fundo a comprar produtos que vão de ações em Bolsa até títulos públicos federais, além de outros ativos, como CDBs de bancos ou dólar.

Como investir

É preciso procurar uma instituição financeira ou plataforma de investimentos que tenha esse tipo de produto. As aplicações começam em R$ 100, mas as melhores carteiras exigem um valor mínimo mais alto, acima de R$ 1.000.

Esses produtos costuma ter liquidez diária, ou seja, o resgate pode ser feito no prazo de um dia.

Analise a estratégia do fundo

O primeiro passo para escolher um fundo é pesquisar qual estratégia o administrador do fundo usa, disse André Fontenelle, chefe de multimercados da Bradesco Asset Management. Essas informações constam na "lâmina" de cada fundo, disponível no site da instituição financeira.

Existem quatro estratégias de investimento, de acordo com a Anbima:

  • Macro: o fundo analisa e faz previsões sobre o comportamento da economia no presente e no futuro. Depois, toma decisões sobre compra e venda de ativos a partir dessas informações.
  • "Trading": fundos tentam ganhar com compra e venda de ativos no curto prazo, de olho no sobe-e-desce dos preços. Esse tipo de carteira tende a ser mais arriscado, segundo especialistas.
  • Livre: fundo tem liberdade para explorar qualquer uma das estratégias acima.
  • Específica: fundo avisa o investidor que vai aplicar principalmente em um ativo determinado, como ações ou dólar.

Taxas e impostos

Antes de decidir, o investir também deve comparar os custos. Os administradores cobram duas taxas no momento do resgate:

  • Taxa de administração: fica na casa de 2% do valor aplicado
  • Taxa de performance: varia, mas é comum a cobrança de até 20% do rendimento que superar o CDI ou a taxa básica de juros.

E ainda tem o Imposto de Renda, também cobrado no momento do saque. As alíquotas variam de 22,5% sobre o ganho, para quem resgatar o dinheiro em até 180 dias (seis meses), a 15%, caso o resgate seja feito após 720 dias (dois anos).

Volatilidade

Geralmente, o risco é maior se o fundo oscila muito, alternando dias de desempenho muito negativo com outros de resultados muito positivo. Por isso, o histórico do desempenho do fundo é tão importante quanto o seu rendimento, de acordo com o gestor da Bradesco Asset.

A volatilidade pode ser um reflexo de fundos que usam uma estratégia "alavancada", dizem especialistas. De forma simplificada, na "alavancagem", é como se você pedisse dinheiro emprestado para fazer um investimento, apostando que o retorno vai ser suficiente para pagar o financiamento e ainda gerar um ganho extra.

No caso do fundo multimercado, o gestor da carteira pode usar parte do dinheiro aplicado para fazer uma operação, por exemplo, em um mercado de derivativo de câmbio, apostando na alta do dólar. Se o dólar subir, o retorno daquela fatia da aplicação será maior. Caso a aposta dê errado, o fundo pode perder a fatia da aplicação.

Para saber se o fundo usa uma estratégia alavancada, o aplicador precisa checar as informações no folheto do fundo, disponível no site da instituição financeira.

O nível de detalhes sobre cada fundo varia de uma instituição para outra. Por isso, é importante não se contentar apenas com o que está publicado no site e buscar informações adicionais com o gestor. Nem todos os fundos deixam claro, por exemplo, se usam estratégia alavancada ou não.

Se você não suportar o risco de perder 20% do seu patrimônio em multimercado, é melhor não arriscar
Gustavo Pessoa, gestor da Legacy Capital

A recomendação vale para qualquer fundo do tipo.

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