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Com efeitos da pandemia aqui, pode ser bom investir no exterior; entenda

João José Oliveira

do UOL, em São Paulo

17/07/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Uma parte de seu dinheiro deveria estar fora do Brasil, dizem analistas
  • Razões são diversificação e prevenção contra desvalorização do real
  • Aplicar em dólar deve ser visto como uma forma de proteção

Economistas dizem que o Brasil deve demorar mais do que os países desenvolvidos, como os EUA, para superar a crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus.

Por isso, segundo gestores, separar uma parte da carteira para aplicar fora do Brasil —por exemplo, em ações norte-americanas— merece entrar no radar dos brasileiros.

Por que ter uma fatia de investimento no exterior?

  • Diversificação: Aplicar fora do Brasil ajuda a dividir os recursos em diferentes mercados. Isso aumenta a proteção do capital contra possíveis perdas no Brasil e reduz a instabilidade da carteira.
  • Proteção contra desvalorização da moeda e inflação: Ao investir em bens fora do Brasil, em dólares, o investidor se protege do impacto da inflação local e das perdas do real ante o dólar.
  • Mais oportunidades: Os mercados internacionais, em especial o norte-americano, apresentam uma diversidade maior de empresas. Enquanto na Bolsa brasileira há cerca de 400 empresas listadas, nos Estados Unidos, são mais de 5.000.

Há mais empresas de setores que estão em franca expansão, como o de tecnologia, que tem poucas ações na Bolsa brasileira.
Francine Balbina, especialista em fundos internacionais da casa de análises Spiti

Como investir no exterior?

- ETF: São fundos de investimento negociados na Bolsa brasileira que acompanham índices de ações de Bolsas do exterior. Basta abrir conta em uma corretora, dessas disponíveis nas plataformas digitais de investimento, com aplicações a partir de R$ 1.500.

Apresentam baixas taxas de administração, de 0,2%, e o pagamento de Imposto de Renda é feito por meio de Darf, como se fosse aplicação em ações.

- BDRs (Brazilian Depositary Receipts): são recibos de ações negociados no Brasil com lastro em valores mobiliários emitidos por companhias estrangeiras. Um dos caminhos para investir em uma companhia estrangeira, como Amazon, Apple ou Google, é comprar esses ativos. Também por meio de corretora.

- Fundos de investimentos: há fundos disponíveis aqui no Brasil, tanto na versão em dólar, que têm a exposição cambial, quanto em reais, que oferece proteção contra a variação cambial.

Por regra da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os fundos de investimento que têm mais de 20% da carteira em ativos fora do Brasil só podem ser usados pelo chamado investidor qualificado —aquele brasileiro que tem mais de R$ 1 milhão para investir.

- Abertura de conta em corretora no exterior: Para o aplicador que não é qualificado e quer investir nos EUA diretamente, existe a possibilidade de abrir conta em uma corretora fora do Brasil. Mas aqui o aplicador deve ficar muito atento às taxas de corretagem, taxa de câmbio e declaração de Imposto de Renda no Brasil.

Empresas de contabilidade e mesmo consultores de investimento podem detalhar o processo e os cuidados que o investidor deve ter se escolher essa opção.

Quanto investir

Segundo gestores, o aplicador brasileiro deve ter de 1% a 10% de sua carteira de investimentos no exterior. A quantidade varia conforme o tamanho dos recursos livres para investir.

O investidor deve olhar a aplicação no exterior como uma forma de diversificação da carteira e como investimento de longo prazo, um dinheiro que ele não vai precisar usar com urgência
Lucas Collazo, analista de fundos da Rico Investimentos