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Dúvidas do IR 2018


Dúvidas do IR 2018

Antecipar restituição é fazer empréstimo de até 4% de juros ao mês; vale?

Di Vasca
Imagem: Di Vasca

07/03/2018 16h13

Está pendurado no cartão de crédito ou no cheque especial? Tem outras dívidas atrasadas? Se você tiver direito à restituição do Imposto de Renda 2018, pode ser interessante antecipar o recebimento do valor por meio de um empréstimo específico no banco.

Todos os grandes bancos oferecem antecipação da restituição do IR, mas as condições podem variar de uma instituição para outra. Será que vale a pena recorrer a esse tipo de empréstimo? Os juros podem ser de mais de 4% ao mês. Especialistas recomendam alguns cuidados.

Veja se o valor da restituição é suficiente para quitar dívidas

Após a entrega da declaração, o contribuinte já sabe quanto terá direito a receber. Com a defasagem na tabela de correção do Imposto de Renda, a tendência é que a restituição deste ano seja menor do que a dos anos anteriores.

“Se a restituição for pequena, pode não valer a pena fazer um empréstimo de antecipação, mesmo que eu tenha dívidas caras para pagar. O ideal é que a restituição seja suficiente para cobrir toda a dívida”, afirma Mauro Calil, especialista em investimentos do banco Ourinvest e fundador da Academia do Dinheiro.

“Se eu pegar um empréstimo de antecipação de restituição que cobre apenas metade do meu cheque especial, daqui a alguns meses a dívida do cheque especial já terá voltado ao mesmo patamar em que estava. Só que eu passarei a ter duas dívidas, a do cheque especial e a da antecipação de restituição”, diz Calil.

Use o crédito apenas para emergências

Os especialistas recomendam que o empréstimo de antecipação de Imposto de Renda não seja utilizado para fins de consumo, como comprar roupas ou eletrodomésticos. Nesse caso, vale mais a pena esperar a Receita Federal liberar a restituição.

“Lembre-se de que o dinheiro virá corrigido pela Selic. É como se fosse um investimento isento, já que o ganho nesse período não sofre retenção de imposto”, afirma Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e fundador do canal Dinheiro à Vista.

Usar o crédito para consumo só vale a pena se a compra for uma oportunidade de ocasião, com um desconto à vista superior a 30%. “Caso contrário, só pegue esse dinheiro para quitar dívidas caras ou para resolver uma emergência, como um problema de saúde”, declara Domingos.

Taxas de juros vão de 1,79% a 4,36%

É possível pegar um empréstimo de até 100% do valor da restituição do IR, mas alguns bancos estabelecem limites. No Itaú, por exemplo, clientes especiais podem pedir até R$ 10 mil. No Banco do Brasil, o limite é de R$ 20 mil. No Bradesco, o crédito pode chegar a R$ 50 mil, sempre atrelado ao valor máximo da restituição que o cliente irá receber.

As taxas de juros também variam de banco para banco e conforme o perfil de crédito do cliente. No Bradesco, a taxa mínima é de 1,79% ao mês. No Banco do Brasil, os juros começam em 1,89%. No Santander, variam de 1,99% a 4,36% ao mês. No Itaú, no Itaú, a menor taxa é de 3,13% ao mês -o banco não informou a maior taxa.

“Confira qual é a taxa de juros antes de pegar o empréstimo. Veja se ela é realmente menor do que a taxa cobrada na outra dívida, caso você esteja pensando em pegar o dinheiro para quitá-la”, diz Domingos.

Para solicitar o empréstimo de antecipação da restituição do IR, a única exigência é que o contribuinte indique na declaração que a restituição seja creditada no mesmo banco onde pedirá o crédito.

"Quem já entregou a declaração e indicou o banco A para receber a restituição, mas encontrou uma condição de empréstimo melhor no banco B, pode fazer uma retificação (veja aqui como retificar a declaração), indicando o novo banco para que a restituição seja creditada", afirma Calil.

Principal risco é restituição atrasar ou não sair

Fique atento ao vencimento do empréstimo. No BB, a dívida tem que ser quitada em parcela única até 15 de janeiro de 2019. No Bradesco, até 15 de dezembro de 2018. Se você receber a restituição antes dessa data, a dívida é automaticamente liquidada.

Mas se a restituição atrasar ou se a declaração ficar retida na malha fina, o cliente terá que quitar o empréstimo até a data estipulada pelo banco ou pegar um novo crédito, possivelmente com juros maiores.

“O contribuinte não tem como saber em qual lote a restituição vai sair ou se vai cair na malha fina. Por isso, antes de pedir o empréstimo, faça a declaração com muito cuidado. Se a restituição não sair, ele terá que pagar um juro maior quando vencer o empréstimo de antecipação”, declara Mauro Calil, do Ourinvest.

“É preciso ter convicção de que a declaração foi feita corretamente, para ter garantia de que a restituição vai sair. Confira a documentação usada nas deduções legais, guarde os comprovantes e peça para uma pessoa de confiança ou um contador revisar sua declaração para evitar cair na malha fina”, diz Reinaldo Domingos, da Abefin.

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