Na hora de guardar o dinheiro que sobre no final do mês, é comum que muitas pessoas optem pela tradicional caderneta de poupança. Se por um lado a "queridinha dos brasileiros" é conhecida pela segurança e alta liquidez (capacidade de resgatar o dinheiro a qualquer momento), por outro ela oferece um rendimento baixo —e que ultimamente sequer cobre a alta da inflação.
Mas como a rentabilidade da poupança é calculada? Por que ela rende pouco? Quais são os melhores investimentos para quem quer sair da poupança? Felipe Bevilacqua, analista da Levante Ideias de Investimentos, responde a essas dúvidas e revela quais investimentos seguros (ou seja, aqueles com menor exposição a riscos) pagam mais do que a poupança.
Quanto a poupança paga?
Bevilacqua diz que a rentabilidade da poupança pode ser determinada por dois cálculos. E quem determina qual deles será aplicado é a Selic, a taxa básica de juros.
Quando a Selic é menor ou igual a 8,5% ao ano, o rendimento da poupança equivale a 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR), que é calculada pelo Banco Central (BC). Já quando a Selic é maior que 8,5%, o cálculo da rentabilidade da poupança muda para 0,5% ao mês mais a TR.
Entretanto, para ter a real dimensão de quanto esse cálculo representa em valores reais é preciso ter em mente que a TR passou os quatro últimos anos zerada. Mesmo com a escalada da Selic, que fez com que a taxa saísse de 0% em dezembro de 2021, ela segue exercendo pouco impacto sobre a rentabilidade da caderneta.
"Diante da perspectiva de que a Selic se manterá acima de 8,5% ao longo de 2022 —podendo se manter nesse patamar também no próximo ano—, devemos utilizar a segunda fórmula para calcular a taxa de retorno da caderneta de poupança", afirma o analista.
O que significa que, independentemente de quanto a taxa básica de juros suba, a rentabilidade da poupança será de 0,5% ao mês mais a TR.
Sendo assim, o investidor que aloca seu dinheiro na poupança deixa de aproveitar as oportunidades que surgem na renda fixa com a alta da Selic.
Felipe Bevilacqua, analista da Levante Ideias de Investimentos
Aplicando essa fórmula e levando em consideração a Taxa Referencial de cerca de 0,04% ao mês definida em dezembro de 2021, Bevilacqua afirma que a poupança deve oferecer uma rentabilidade de 6,69% no acumulado do ano, em termos nominais.
De acordo com as projeções trazidas pelo Relatório de Mercado Focus do Banco Central, a inflação deve fechar o ano em 5,50%.
Isso [possibilidade da inflação fechar o ano em 5,50%] significa que a poupança pode oferecer ganho real ao investidor em 2022, mas este retorno potencial segue sendo significativamente mais baixo ao oferecido por outras modalidades de investimento igualmente seguras.
A seguir, o especialista da Levante lista opções de investimentos de baixo risco que todo investidor que deseja sair da poupança precisa conhecer.
Investimentos seguros para sair da poupança
Fundos DI
Os fundos DI (ou Fundos de Renda Fixa Referenciados DI) têm como objetivo acompanhar a taxa CDI, sigla para Certificado de Depósito Interbancário, um instrumento utilizado para empréstimos de curto prazo entre bancos.
Esses fundos são considerados investimentos conservadores por oferecem riscos baixos, uma vez que alocam a maior parte do patrimônio em títulos de renda fixa com rentabilidade indexada ao CDI ou à taxa Selic.
"Ainda assim, por terem como objetivo acompanhar o CDI, a rentabilidade desses fundos é normalmente muito maior do que a da poupança, uma vez que o CDI atualmente está na faixa de 10,65% ao ano, e tende a acompanhar a alta da Selic", diz Bevilacqua.
Para ele, "um fundo DI que oferece uma rentabilidade de mais de 100% do CDI e que cobra uma taxa de administração pequena é uma ótima opção de investimento para quem quer sair da poupança em busca de rendimentos maiores".
Para investir em um fundo DI, é preciso possuir uma conta em um banco que disponibiliza investimentos desse tipo ou em uma corretora de valores mobiliários.
As principais vantagens dessa modalidade de investimento, segundo o especialista, são a rentabilidade diária (rendimentos são pagos diariamente) e o resgate imediato.
Sendo assim, além de oferecerem uma taxa de retorno mais atrativa, os fundos DI também contam com benefícios que não são oferecidos pela poupança, como a liquidez diária, por exemplo.
CDBs
Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) são outra modalidade segura de investimento em renda fixa que oferece uma remuneração melhor do que a poupança.
Ao investir em um CDB, você empresta dinheiro para uma instituição financeira que, por sua vez, utiliza os recursos captados para conceder empréstimos aos seus clientes. Os CDBs podem ser tanto prefixados —com taxa de juros definida no momento do investimento— quanto pós-fixados —rentabilidade atrelada a algum indicador, como o CDI ou a inflação.
No quesito segurança, os CDBs —bem como a poupança— são cobertos em até R$ 250 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma entidade privada que visa proteger depositantes e investidores no âmbito do Sistema Financeiro Nacional. Esse limite da cobertura diz respeito à quantia investida por CPF e por instituição financeira, não ultrapassando R$ 1 milhão por investidor a cada 4 anos.
O analista da Levante declara que a rentabilidade desse tipo de investimento varia bastante, e é importante que o investidor se atente a alguns pontos.
É preciso conferir se o CDB em questão possui prazo de carência, ou seja, um período durante o qual você não consegue resgatar o dinheiro investido. Também é importante checar se o título oferece ou não liquidez diária. Entretanto, quanto mais longo for o prazo do CDB, melhor tende a ser a sua rentabilidade.
Tesouro Direto
Os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto são outra opção de investimento que oferece baixo risco e uma rentabilidade mais atrativa do que a da poupança.
Ao investir em títulos públicos você empresta dinheiro para o governo federal, que utiliza esses recursos para financiar suas atividades e, em troca, lhe oferece uma remuneração.
Os títulos disponíveis para compra no Tesouro Direto se dividem em três categorias (Tesouro Prefixado, Tesouro Selic e Tesouro IPCA+), definidas de acordo com a forma como é calculada a sua rentabilidade.
- Tesouro Prefixado: rentabilidade não é atrelada a nenhum indicador, mas sim definida no momento do investimento;
- Tesouro Selic: rentabilidade atrelada à taxa básica de juros;
- Tesouro IPCA+: rentabilidde atrelada à inflação
Além disso, Bevilacqua afirma que é importante se atentar ao prazo de vencimento desses títulos. Existem desde aqueles cujo vencimento se dá em um horizonte de tempo mais curto, de cerca de 2 anos, até aqueles com vencimentos mais longos, ultrapassando os 30 anos.
Portanto, você deve sempre investir em títulos com vencimentos mais alinhados aos seus objetivos, não alocando seu patrimônio em títulos com vencimentos muito longos se sua intenção é contar com esse dinheiro em pouco tempo.
Para investir no Tesouro Direto, basta se cadastrar em um banco ou corretora de valores mobiliários habilitados e investir diretamente pelo site da instituição ou pela plataforma do Tesouro Direto.
É hora de sair da poupança
Embora a poupança ainda conte com a adesão de milhões de brasileiros pela sua praticidade e acessibilidade, Bevilacqua declara que "é importante buscar outras opções de investimento que ofereçam uma rentabilidade mais atrativa se a intenção é proteger seu patrimônio da inflação e obter um ganho real com seus investimentos".
Para o especialista da Levante, é essencial ter em mente que existem opções tão seguras quanto a poupança, e que se beneficiam da alta da taxa Selic, sendo ótimos investimentos na atual conjuntura.
Acesse aqui o relatório completo da Levante sobre investimentos seguros para sair da poupança.
Carteiras conforme o perfil
Para quem ainda não pegou as recomendações de investimentos, elas estão a seguir:
- Carteira para quem não aceita risco algum
- Carteira para quem tem perfil mais conservador, mas aceita um pouquinho de risco
- Carteira para quem é mais moderado
- Carteira para quem aceita mais risco
- Carteira para quem aceita alto risco
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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo analista Felipe Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.
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