No Brasil, a maioria absoluta das pessoas não teve uma educação financeira de forma estruturada. O que aprendemos sobre isso foi por meio de tentativa e erro, foi aos trancos e barrancos, levando tombos e se levantando ao longo da vida. E isso foi dolorido. Enquanto pais e mães, fica a preocupação: como ensinar aos nossos filhos sobre algo que foi tão difícil de nós aprendermos?
Como educadora financeira de crianças e adolescentes --e mãe de uma menina de nove anos e um menino de sete--, vou compartilhar algumas dicas sobre educação financeira infantil. Veja logo abaixo.
A importância do comportamento
Em primeiro lugar, é importante entender que educação financeira não é sobre a matemática do dinheiro; é sobre comportamento. É o comportamento da pessoa no que se refere às suas decisões de consumo, que determinarão seu sucesso financeiro.
Por ser uma questão comportamental, devemos começar a educar financeiramente nossos filhos desde pequeninos, respeitando a capacidade cognitiva de cada faixa etária.
Entendido isto, o processo de educar financeiramente se divide em quatro "Como":
1. Como ganhar
A criança precisa entender que o dinheiro dos pais é fruto de uma troca entre a pessoa que realiza algum esforço e aquela que tem sua necessidade atendida. Ou seja, é a sua capacidade de resolver problemas que a faz ganhar dinheiro.
Nada é "de mão beijada" e tudo é uma conquista.
2. Como poupar
É da natureza humana a preferência pelo prazer de hoje em troca do benefício maior no futuro. Por isso, é preciso ensinar sobre a relação tempo e crescimento.
Tudo o que é cuidado e alimentado cresce. É como uma planta que quando regada regularmente, se desenvolve; ou como uma amizade que, quando nutrida, se fortalece. Este é um "Como" que, quanto mais jovem for a criança, mais facilmente ela irá internalizar.
3. Como gastar
As crianças estão expostas a situações de consumo o tempo todo. Ensinar seus filhos que consumir é um processo de escolhas, que tem consequências, é crucial para o seu desenvolvimento. Afinal, os recursos não são infinitos.
4. Como doar
A doação é a melhor maneira de ensinar sobre o real valor das coisas. Ao doar, a criança entende que aquilo que para ela não tem mais valor, mas para outra pessoa é importante.
Dessa forma, você ensina sobre ética, generosidade e responsabilidade social. Sem esses fundamentos, nada do que seja ensinado em relação a finanças faz qualquer sentido.
Trazendo para a prática, cito alguns exemplos de como conduzir uma determinada situação, ou melhor, uma oportunidade de aprendizado com base nesses "quatro 'Como'". Suponha que seu filho está pedindo um brinquedo ou alguma coisa nova. De acordo com a faixa etária dele e com o seu objetivo de ensino, você pode:
Entre 4 e 10 anos
- Como ganhar: exigir um esforço em troca, como comer frutas e legumes, tomar banho sem chorar, ajudar nas tarefas domésticas;
- Como poupar: construir um brinquedo com sucata e ajuda dos pais;
- Como gastar: permitir que a criança escolha entre algumas possibilidades de troca (gastando com isso, terá que escolher entre aquilo ou aquele outro);
- Como doar: para ganhar algo, a criança terá que doar outro item
Acima de 10 anos
- Como ganhar: incentive o empreendedorismo --por exemplo, vender figurinhas ou bolo na vizinhança, dar aulas de reforço para um colega, passear com o cachorrinho do vizinho pelo condomínio;
- Como poupar: trocar um item com algum amigo que tenha o que a sua criança deseja, nos moldes do antigo escambo;
- Como gastar: permitir que a criança escolha entre algumas possibilidades de troca (gastando com isso, terá que escolher entre aquilo ou aquele outro);
- Como doar: para ganhar algo, a criança terá que doar outro item
Essas foram apenas algumas modestas sugestões. O assunto não se esgota aqui, muito menos nosso compromisso como pais e mães, que se estende pelo resto da vida.
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