5 setores que devem ganhar e 2 que podem perder na Bolsa com Biden nos EUA
Quais os efeitos da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos para quem investe em ações?
A troca de comando vai influenciar a atividade econômica e, por tabela, o desempenho das empresas que têm ações negociadas em Bolsa. Segundo analistas, as mudanças vão ocorrer ao longo do mandato de Biden, até o fim de 2024, mas alguns impactos poderão ser percebidos já em 2021.
Veja a seguir cinco setores que devem ser beneficiados e dois que podem perder, no curto e no longo prazos.
Ganham:
- Commodities
- Financeiro
- Mobilidade e turismo
- Energia
- Sustentabilidade
Perdem:
- Siderurgia
- Agronegócio exportador
Eleição elimina incerteza do mercado
A vitória de Joe Biden já serve, no curto prazo, para tirar do radar incertezas que pesavam sobre os investidores. A maior é o pacote de gastos que o governo americano já deveria ter soltado, mas que ficou emperrado por causa das disputas entre o presidente Donald Trump, do partido Republicano, e a Câmara, controlada pelos Democratas.
A expectativa dos analistas é que o pacote, da ordem de US$ 1 trilhão (R$ 5,5 trilhões), injete dinheiro na economia americana já a partir deste ano. O auxílio deve dar fôlego a setores da indústria, varejo e serviços mais afetados pelo isolamento social.
Fora a covid-19, a eleição para presidente dos Estados Unidos era o evento mais aguardado pelo mercado. A partir do momento em que temos uma definição, os investidores podem montar suas posições. Além disso, o auxílio fiscal, com um pacote generoso, deve vir nos próximos. Isso vai se traduzir em maior liquidez global, o que é positivo para países emergentes, como o Brasil.
Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos
Brasil precisa mudar discurso
Todos os profissionais de mercado ouvidos pelo UOL destacaram que o governo brasileiro precisa mudar a postura diplomática para que as empresas possam aproveitar os ventos favoráveis vindos da nova gestão na Casa Branca.
"Para aproveitar a maior liquidez global e atrair parte do maior fluxo de investimentos estrangeiros, o Brasil precisa fazer sua parte, encaminhar questões como reformas e responsabilidade fiscal", disse Villegas, da Genial Investimentos.
No geral, a eleição de Biden é positiva para emergentes, mas o Brasil precisa mudar o discurso da diplomacia, em especial sobre preservação de meio ambiente.
Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais
3 setores que ganham no curto prazo
São aqueles de empresas com ações muito negociadas ou que se desvalorizaram mais que o Ibovespa neste ano, segundo o chefe da equipe de renda variável da Gauss Capital, Jorge Junqueira.
- Commodities: Duas das maiores empresas com ações na Bolsa, a petroleira Petrobras e a mineradora Vale, dependem do ritmo da economia global. A vitória de Bide,n se traduzida em liberação rápida do pacote econômico, vai significar maior demanda por energia e insumos. Com preços ais baixos em relação a concorrentes em outros lugares do mundo, os setores de petróleo e metais devem se beneficiar.
- Setor financeiro: As ações dos bancos brasileiros estão entre as mais negociadas na Bolsa e entre as que mais sofreram ao longo do ano. Apesar da concorrência crescente com novas empresas financeiras, fintechs e bancos digitais, os maiores conglomerados financeiros seguem gerando lucros e dominando os mercados de crédito, investimentos e serviços financeiros.
Os preços das ações dos bancos mostram que eles estão com um desconto [baratos]. Por isso, podem se beneficiar de um fluxo de investimentos para a Bolsa brasileira neste primeiro momento.
Welliam Wang, sócio e co-gestor de renda variável da AZ Quest
- Mobilidade e Turismo: A menor incerteza sobre os EUA já tirou o fôlego da moeda americana, em queda após o resultado das eleições. Companhias aéreas e empresas de turismo podem se beneficiar de um dólar desvalorizado. Além disso, as ações dessas empresas perderam muito mais que o Ibovespa ao longo do ano. Por isso, há a expectativa de que esses papéis reajam neste primeiro momento, mesmo com dúvidas sobre uma segunda onda de covid-19 atingir o Brasil.
Analistas também dizem que Biden deverá ser mais amistoso nas relações com outros países do que Trump, o que significa mais turismo e mais comércio global, estimulando viagens de pessoas e transporte de cargas.
2 setores que perdem no curto prazo
Algumas incertezas vão permanecer no radar dos investidores por algum tempo, mesmo depois que Joe Biden tomar posse. Uma das questões é a política americana para estimular a produção local, para a qual Biden já sinalizou apoio.
Isso significa que setores que têm parte relevante dos negócios dependente da exportação para os Estados Unidos devem seguir sob pressão.
- Siderurgia: Os produtores de aço já sofreram ano passado com políticas de Trump que limitaram as vendas do produto brasileiro em solo americano. Pelo menos por enquanto, esse setor segue sendo negativamente influenciado pelas políticas de comércio da Casa Branca.
Confirmando a tendência de dólar mais fraco, isso também prejudica as receitas de exportadores siderúrgicos, destaca o responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual, Jerson Zanlorenzi.
- Agronegócio exportador: Biden já deu sinais de que o meio ambiente é sua bandeira política. Numa rara oportunidade em que se referiu ao Brasil durante a campanha, sinalizou a intenção de erguer barreiras comerciais se o governo brasileiro seguir com políticas frouxas de proteção ambiental. Produtos como a soja e a carne bovina brasileira podem enfrentar nova barreira para entrar nos EUA.
2 setores que ganham no longo prazo
- Energia: Um dos pilares da campanha de Biden foi o meio ambiente. Nesse contexto, os Democratas devem estimular a produção de energia a partir de fontes renováveis.
O setor de energia renovável ampliou a presença na Bolsa brasileira com empresas recém-listadas, que podem se beneficiar de políticas globais que estimulem investimentos em projetos de energia limpa.
- Sustentabilidade: Biden deve estimular projetos que sigam os princípios da ESG (governança social, ambiental e corporativa, na sigla em inglês), que definem padrões para práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa. As que fizerem parte do índice de sustentabilidade na Bolsa ganharão visibilidade e, por tabela, atrairão dinheiro de investidores para seus projetos.
2 setores para segurança em caso de indefinição
E se Donald Trump continuar rejeitando o resultado das urnas e prolongando a disputa nos tribunais? Nesse cenário, a volatilidade pode voltar às Bolsas.
O mercado não trabalha com um cenário de caos provocado por Trump, arrastando a transição nas eleições americanas. Mas caso isso aconteça, temos que voltar a olhar ações com perfil mais resiliente.
Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital
- Elétricas: Companhias de energia elétrica têm receita regular, margens de lucro estáveis e desempenho operacional que varia pouco conforme as oscilações da economia.
- Exportadoras: Na incerteza, o dólar volta a ser procurado e tende a se valorizar em relação às demais moedas, como o real. Companhias que vendem para o exterior, como as produtoras de papel e celulose ou de aço, podem funcionar como abrigos.
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