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Ações do Pão de Açúcar têm maior queda da B3 no ano, mas recuo é pegadinha

Supermercado Pão de Açúcar, em São Paulo: companhia caiu, mas é pegadinha de 1º de abril - Nacho Doce
Supermercado Pão de Açúcar, em São Paulo: companhia caiu, mas é pegadinha de 1º de abril Imagem: Nacho Doce

Vinícius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/04/2021 17h38

Quem olha despercebido as ações do Grupo Pão de Açúcar pode tomar um susto. Os papéis da empresa foram os que mais caíram no primeiro trimestre deste ano na Bolsa: a queda foi de 46,27%, segundo a consultoria Economatica. Contudo, o forte recuo das ações da empresa é irreal, de acordo com especialistas consultados pelo UOL.

A desvalorização ocorreu por um processo de divisão das atividades entre o Pão de Açúcar e a rede Assaí. Apesar de rara, essa divisão não afetou os acionistas das empresas.

"Não houve nenhuma mudança de fundamento nas empresas, apenas uma separação das unidades de negócio do Pão de Açúcar e do Assaí na Bolsa. Portanto, quando você faz uma análise apenas da queda do preço, ela está equivocada", afirma Rodrigo Glatt, sócio da gestora GTI.

Entenda abaixo a "pegadinha", segundo analistas de mercado.

Separação entre Pão de Açúcar e Assaí provocou queda

As ações da rede Assaí, que estavam juntas ao Pão de Açúcar, foram separadas e passaram a ser negociadas à parte na Bolsa de Valores de São Paulo. A separação das duas empresas na B3 foi aprovada no dia 31 de dezembro de 2020 e concluída no dia 1º de março deste ano, com o início da negociação dos papéis da Assaí.

Como o Assaí deixou de fazer parte da estrutura do Pão de Açúcar, as ações se desvalorizaram fortemente, chegando a cair cerca de 70%. Mas, com a separação, os acionistas do Grupo Pão de Açúcar receberam ações do Assaí na mesma proporção de sua participação na controladora. Assim, na época da cisão, quem era acionista do Pão de Açúcar também passou a ser do Assaí.

Com a separação, quem tinha ações do Pão de Açúcar recebeu na mesma quantidade ações do Assaí, com o mercado fazendo os ajustes necessários em relação ao valor de mercado justo de cada uma delas, agora com balanços totalmente distintos.
Rodrigo Yamamoto, analista da casa de análises Levante Ideias de Investimento

"Portanto o investidor não sofreu um prejuízo grande com Pão de Açúcar. A forma correta de auferir a rentabilidade total é somando o preço por ação de Assaí com Pão de Açúcar (soma simples, como 1+2=3), e compará-lo com o seu preço de compra de Pão de Açúcar antes da cisão", explica.

Acionistas tiveram valorização dos papéis

A soma do valor dos papéis do Assaí e do Pão de Açúcar mostra que quem manteve as ações de ambas as empresas durante esse período, já acumula uma forte valorização nos papéis.

Antes da divisão, as ações do Pão de Açúcar eram negociadas a R$ 83. Agora, a soma dos papéis de Pão de Açúcar (cerca de R$ 32) e Assaí (na casa dos R$ 75) fica em torno de R$ 107, o que representa em torno de 30% de alta em um mês, segundo explica Tiago Pessoti, estrategista-chefe da Apex Partnes.

Isso ocorre graças à divisão, que destravou o valor em um modelo de negócio que não ficava muito claro ao mercado com as duas empresas juntas.
Tiago Pessoti

Para Rodrigo Glatt, da GTI, mesmo com a alta de 30% no combinado das ações no mês, os papéis do Pão de Açúcar e do Assaí devem continuar com um bom desempenho na Bolsa, com uma perspectiva de melhora das atividades em 2021.

O Assaí é um papel mais precificado, mas continuamos com ele na carteira. Já a ação remanescente de Pão de Açúcar é um dos papéis mais baratos da Bolsa atualmente. Temos uma expectativa de valorização bem grande desse papel em particular e achamos que ele pode ficar acima de R$ 60.
Rodrigo Glatt, da
GTI

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