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5 ações que viralizaram na Bolsa neste ano, mas podem 'flopar'

Mitchel Diniz

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/07/2021 04h00

O "meme" é o tipo de coisa que viraliza sem explicação, mas depois de um tempo, saturam e "flopam" - termo que a internet usa para dizer que algo perdeu a popularidade. Já percebeu que isso também acontece com algumas empresas na Bolsa? Assim como os memes, algumas ações disparam num curto intervalo de tempo, mas esgotam seu potencial e parecem que não têm muito mais para onde crescer.

Isso acontece, por exemplo, quando os papéis ficam mais próximos do que os analistas chamam de preço-alvo. É o valor esperado para uma ação no final de um ano e que é calculado com base em uma série de análises e projeções.

A pedido do UOL Economia+, a plataforma de informações financeiras Economatica fez um levantamento das ações que mais se valorizaram em 2021, e pelo menos cinco delas estão com potencial de ganho limitado, segundo analistas. Veja abaixo quais são.

1. Banco Inter (BIDI11 e BIDI4)

O banco digital é o terceiro colocado da lista, com suas ações preferenciais e com a sua cesta de ações, mas apesar da valorização de mais de 130% das ações no primeiro semestre, é visto com ressalvas pelos analistas.

Eles dizem que é difícil entender como a empresa vai conseguir lucrar com sua base de clientes. "É uma incerteza ainda para ficar com o pé um pouquinho atrás", afirma Henrique Ester, analista da Guide Investimentos.

É a mesma incerteza apontada por Flávio de Oliveira, diretor de renda variável da Zahl Investimentos.

"O cliente do banco é atraído por benesses, para pagar menos taxas e ter 'cashback'. Ele não tem alto valor agregado e o mercado pode estar precificando um crescimento para a empresa maior do que realmente vai ser", afirma Oliveira.

"A ação está valendo de duas a três vezes mais do que deveria valer. O pessoal exagerou na conta", diz Virgilio Lage, analista da Valor Investimentos.

2. BRF (BRFS3)

A empresa do setor de alimentos aparece na posição de número 25 da lista das maiores altas do ano. Mas uma boa parte da valorização de 24% no período é atribuída ao aumento de participação da Marfrig no capital da empresa.

Com a compra de ações, a processadora de carnes do empresário Marcos Molina se tornou dona de mais de 30% da BRF.

"A valorização foi mais puxada por uma reestruturação de sócios do que refletindo as operações da própria empresa", diz Ester.

"Agora o Molina tem uma participação relevante da empresa o que é bom, porque ele é um bom empresário. Porém a BRF está com dificuldades em aumentar preços dos seus produtos e repassar custos, o que aperta as margens da empresa. Isso limita a alta das ações da companhia", afirma Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.

3. Vale (VALE3)

A mineradora atualmente combina dois atrativos. Além do preço da ação, considerado "barato" por alguns analistas, a empresa tem um histórico recente de valorização da Bolsa, ocupando o décimo lugar do ranking da Economatica.

Mas o "pé atrás" com a companhia está na exposição ao risco da oscilação de preço do minério no mercado internacional.

Flávio de Oliveira, da Zahl Investimentos, explica que o preço da matéria-prima alcançou níveis recordes e uma queda brusca nesses valores poderia atingir em cheio a mineradora.

"Qualquer ativo que está em um preço muito alto, pode sofrer algum tipo de correção, o que deixa a Vale em uma situação muito delicada", diz Oliveira. Com os investidores cientes do risco, as ações da empresa perdem potencial de valorização.

4. Cia. Hering (HGTX3)

As ações da empresa de moda dobraram de preço no primeiro semestre depois de uma guerra de lances por sua aquisição. Depois de recusar uma proposta da Arezzo, a Hering foi adquirida em abril pelo Grupo Soma, dona das marcas Farme e Animale, numa operação de troca de ações.

A Hering foi a sexta empresa com maior valorização na Bolsa este ano, mas a tendência de alta acabou. "Não consigo ver sinergias nessa operação que consigam justificar os valores envolvidos nessa operação", afirma Phil Soares, da Órama.

5. Petrobras (PETR4)

Tem sido um ano positivo para a estatal do petróleo na Bolsa até agora. As ações ordinárias da empresa acumularam ganhos de 29% no primeiro semestre do ano.

Mas os motivos que fizeram a petrolífera dar dor de cabeça aos investidores no passado, são os mesmos que os analistas apontam como limites para novos ganhos.

"Basta o mercado achar que está havendo intervenção política na empresa para as ações desabarem. Com a proximidade das eleições, o risco político pode acabar pesando sobre os papéis ainda nos próximos meses", diz Oliveira, da Zahl Investimentos.

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