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Inflação, juros e dólar: você precisa olhar para tudo isso para investir?

Raphael Coraccini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/09/2021 04h00

O cenário macroeconômico sempre é mencionado pelos analistas do mercado financeiro para apontar a direção que os investimentos podem seguir. Mas o investidor entende o impacto de indicadores, como inflação, dólar e juros, nos investimentos? É preciso olhar para tudo isso para investir melhor?

Os especialistas do mercado financeiro Guilherme Cadonhotto, da Spiti, e Laís Costa, da Empiricus, explicam sobre esses fatores e também outros que podem impactar o mercado, em especial, o de ações. Eles têm presença confirmada no próximo Guia do Investidor UOL, que acontece nesta terça (14), às 11h. O evento é gratuito e para participar basta fazer o cadastro abaixo.

O que afeta a Bolsa?

Guilherme Cadonhotto, especialista em renda fixa e estrategista da Spiti, enumera alguns fatores macro que influenciam os investimentos: eleições nacionais, crise econômica, risco fiscal, greves, impeachment, crescimento ou estagnação da economia, queda e alta dos juros e até mesmo eleições e juros norte-americanos.

Todos esses componentes impactaram os investimentos no Brasil na última década e podem afetar a rentabilidade deles agora e no futuro.

Para o especialista, analisar o passado pode fazer a diferença porque ele dá sinais de mudanças no cenário futuro.

"Eu sempre digo o seguinte: ao analisar ciclos econômicos anteriores, momentos semelhantes, é possível ter uma ideia de como os ativos vão se comportar", afirma.

"90% dos investidores tanto da Bolsa quanto do Tesouro Direto não pegaram o ciclo de alta de juros, não pegaram um momento de instabilidade no Ibovespa", diz. A maioria dos novos investidores brasileiros está passando, agora, por grandes oscilações no mercado.

Para quem entrou no mundo dos investimentos em 2017, por exemplo, sempre viu os juros em queda, até março deste ano, quando um novo ciclo de alta começou a se formar, o que impacta positivamente a rentabilidade de muitos ativos de renda fixa.

Olhar o 'todo' ajuda a evitar euforia e desespero

Durante o ciclo de juros em baixa, a Bolsa viveu seu melhor momento, batendo recorde de valorização. Em períodos de cenário positivo, como o visto nos últimos anos para quem opera na Bolsa, é preciso observar o cenário macroeconômico para evitar a euforia e manter os dois pés no chão, segundo Cadonhotto. O mesmo vale para momentos como agora, de quedas frequentes da Bolsa.

Ele recomenda que o investidor procure um especialista que possa analisar o mercado de maneira profissional, mas ele ressalta que a quantidade de informações de qualidade disponíveis hoje pode dar ao investidor conhecimento para que ele tenha mais autonomia, e saiba o que está fazendo.

"O primeiro passo é entender um pouco de economia, e diferentemente de 10 anos atrás, você vai encontrar vários conceitos complexos de maneira simples e até bem-humorada [na internet]", afirma.

Inflação é indicador chave, diz analista

Segundo Laís Costa, olhar e entender o histórico inflacionário do país é essencial para investir sem correr o risco de ver o capital sendo corroído pela perda de valor do dinheiro.

"Esse é um compromisso que você tem que ter com o 'você' do futuro, para que você consiga ao menos manter seu padrão de vida", afirma.

Ela diz que sempre segue um padrão de investimento, com uma parte alocada em investimentos de renda fixa que acompanham a inflação. Um exemplo é o Tesouro IPCA, que evita que o dinheiro perca valor e ainda pode oferecer um rendimento extra, a depender da taxa de juros oferecido pelo título.

Hoje, há opções no Tesouro Direto que rendem quase 5% acima da inflação.

É preciso olhar o desempenho das empresas

Além de olhar inflação, dólar e juros, também é necessário observar alguns indicadores das empresas em que se quer investir, como geração de caixa, endividamento, nível de investimento e governança.

"Essa parte micro se sobrepõe (aos indicadores macro) porque você consegue fazer bons negócios em qualquer parte do ciclo econômico [se a empresa for boa]", afirma Laís.

Isso serve especialmente a quem tem uma parte considerável do dinheiro investido em ações, por exemplo, como é o caso dela. Cerca de 40% do seu patrimônio está alocado em papéis de empresas na Bolsa.

Dólar ajuda a proteger a carteira

Por ter estudado e trabalhado nos Estados Unidos, Laís também decidiu recorrer à renda fixa norte-americana, mas comprando ativos brasileiros em dólar, o que fica mais barato para ela e ainda oferece retornos maiores caso o real se desvalorize.

Ela tem bonds de empresas brasileiras, que são títulos vendidos a investidores no exterior. Com esses títulos, ela alcança, em média 11% de rentabilidade ao ano, afirma.

Investir parte dos recursos em investimentos atrelados ao dólar também ajuda a proteger a carteira da inflação, principalmente no longo prazo, afirma a especialista.

"O brasileiro tem um percentual muito pequeno [de investimentos em dólar], e eu acho muito importante (ter dólar) pelo histórico inflacionário do Brasil, que leva à depreciação da moeda no longo prazo", diz.

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