Rentabilidade do Tesouro Direto despenca até 25% no ano; vale investir?
Os títulos de renda fixa do Tesouro Direto apresentaram queda em setembro, em meio à disparada da inflação e ao aumento da taxa básica de juros, a Selic. Dos 11 títulos disponíveis para investimento, nove tiveram desempenho negativo, chegando a registrar queda de até 6,76% no mês. No acumulado do ano, a situação é ainda pior, com queda de até 25%.
Mesmo considerados os ativos mais seguros do mundo dos investimentos no país, os títulos do Tesouro Direto ainda valem a pena diante de tanta queda? Por que estão se desvalorizando? E quem comprou vai perder dinheiro? Leia abaixo o que disseram os especialistas ouvidos pelo UOL.
Incertezas, inflação e juros afetam títulos
De acordo com Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico, as quedas ocorrem graças a um combo de dúvidas em relação ao cenário fiscal do País, aumento da inflação e, também, alta da Selic.
"Quando a incerteza aumenta, a inflação e a taxa de juros aumentam, os prêmios pagos [os juros pagos nos títulos do Tesouro Direto] precisam aumentar e, por isso, os preços caem", disse.
Essa dinâmica, que acontece diariamente, se chama marcação a mercado —que basicamente é quanto o mercado está disposto a pagar pelos títulos que o investidor tem.
Quanto maior a expectativa de aumento dos juros, menores os preços dos títulos. É como se o mercado ficasse à espera de rendimentos maiores (que chegarão com novos aumentos da Selic) e, por isso, acaba não comprando os títulos disponíveis hoje, derrubando os preços.
Desempenho dos títulos
Veja o desempenho dos títulos do Tesouro Direto nos últimos 30 dias e no ano (considerando apenas os títulos que estão sendo comercializados há mais de 12 meses), segundo dados do Tesouro. Foram considerados apenas os títulos disponíveis para o investidor.
Somente os títulos atrelados à Selic apresentaram valorização, beneficiados com o aumento da taxa básica de juros, que hoje está em 6,25% ao ano.
Tesouro Selic 2024: +0,49%
Tesouro Selic 2027: +0,50%
Tesouro Prefixado 2024: -1,38%
Tesouro Prefixado 2026: -2,32% / -11,66% no ano
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2031: -3,87% / -16,96% no ano
Tesouro IPCA+ 2026: -0,25% / -2,66% no ano
Tesouro IPCA+ 2035: -3,33% / -11,40% no ano
Tesouro IPCA+ 2045: -6,76% / -24,34% no ano
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2030: -1,16% / -5,18% no ano
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2040: -2,09% / -7,64% no ano
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2055: -3,09% / -10,90% no ano
Investidor só perde dinheiro se tirar antes do vencimento
Para Karina Garbes, economista do app Renda Fixa, este movimento negativo pode ser ruim para o investidor que precisa resgatar os títulos do Tesouro Direto antes do vencimento.
"Ainda que as pessoas consigam investir com um aporte mínimo menor, este movimento de queda nos preços pode não ser bom para aqueles que precisarem sair do investimento antes da data de vencimento, com exceção do Tesouro Selic [cuja rentabilidade é diária]. As pessoas terão que avaliar cuidadosamente a oscilação negativa do preço unitário de seu título", disse.
Segundo a economista, o investidor que puder passar por esse momento de turbulência sem vender os títulos e mantê-los até a data de vencimento não precisa se preocupar.
"Se você adquiriu um Tesouro Prefixado ou um IPCA+, seja com juros semestrais ou apenas no vencimento, deve evitar vender agora para não perder dinheiro com a aplicação. A não ser que o preço de saída [de venda] seja superior ao preço de compra", afirmou.
Momento é de compra, diz especialista
Esse momento de queda pode ser positivo para quem pensa em comprar os títulos públicos. De acordo com o educador financeiro Raphael Carneiro, os títulos do Tesouro IPCA+ e do Tesouro Prefixado podem ser vantajosos.
"As pessoas têm que investir por objetivo, buscar a taxa de juros de acordo com isso. Se você pensa em aposentadoria, ter um Tesouro IPCA+ na sua carteira faz todo sentido. Mesmo com as variações negativas, ele dará bons resultados em 10 anos, por exemplo. Mas isso tem que ser avaliado de acordo com os objetivos", disse.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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