Mercado já contava com aprovação da PEC; inflação e incertezas preocupam
O mercado deve operar sem grandes oscilações nesta quarta-feira (10), na visão de analistas e gestores financeiros, porque ele já contava com a aprovação da PEC dos precatórios na Câmara. Mesmo assim, inflação e incertezas sobre o rumo da votação da PEC no Senado continuam preocupando.
Além de problemas na economia, com inflação em alta, como mostrou o IPCA divulgado hoje, e taxa de juros em elevação, o texto da PEC ainda precisa ser votado no Senado, em decisão que também será em dois turnos, como na Câmara.
Para analistas, o mundo ideal seria que o governo mantivesse o teto de gastos original, sem a necessidade de medidas extras para bancar o Auxílio Brasil de R$ 400. Mas a aprovação da PEC já estava na conta dos investidores e gestores de recursos, o que reduz, em parte, as incertezas sobre o compromisso do governo com a política fiscal responsável.
Por que mercado 'gostou' da aprovação da PEC
Para o mercado, a aprovação da PEC é considerada um fator positivo porque o impacto do furo do teto, da ordem de R$ 91 bilhões no orçamento, já estava nas contas. O mercado já tinha reagido a isso. Caso a PEC não tivesse sido aprovado, haveria a incerteza de uma emenda que viria pior que o soneto. Já que está claro que o auxílio às famílias não será abandonado e, sem a PEC, o programa poderia ser bancado por recursos vindos de um plano B desconhecido.
Alan Gandelman, CEO da Planner Corretora
No começo de agosto, quando o governo apresentou o plano de usar a PEC dos precatórios para abrir espaço no orçamento para bancar mais gastos públicos, o Ibovespa estava na casa de 122 mil pontos. Desde então, acumula uma baixa de 13%. Já o dólar, que estava na faixa de R$ 5,16, subiu 6,4%, para o patamar de R$ 5,49.
Esse é o ajuste que o mercado já havia feito, considerando um cenário com gastos extras do governo e levando ainda em conta as dúvidas que ficaram com relação ao compromisso dessa gestão com o teto de gastos e com outras regras em respeito às contas públicas.
Em caso de reprovação, o mercado reagiria negativamente porque teria que refazer as contas. Isso significaria juros subindo por causa da incerteza sobre o quanto podem crescer os gastos do governo. E juros mais altos afetam crescimento econômico, que por sua vez impacta as empresas com ações em Bolsa.
Igor Seixas, sócios da Inove Investimentos
A partir do momento em que o mercado pode ter certeza do que vai acontecer na frente, bom ou ruim, não importa, os investidores e gestores podem melhor se programar com relação às aplicações.
Alvaro Bandeira, economista chefe do banco digital Modalmais
Sem a PEC, haveria a necessidade de crédito extraordinário, o que ampliaria a busca por manobras de gastos a mais.
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos
Instabilidade segue no radar
Apesar da reação positiva nesta quarta-feira à aprovação da PEC dos precatórios em segundo turno na Câmara, analistas destacam que o cenário para a Bolsa e para o dólar ainda é de volatilidade para os próximos dias e semanas.
Há problemas na economia, com a alta da inflação forçando o Banco Central a elevar os juros.
Nesta quarta-feira (10), foi divulgado o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial no país, que ficou em 1,25%, acima do 1,16% de setembro. O índice registrado no mês foi a maior variação para outubro desde 2002. No acumulado de 12 meses, a inflação já chega a 10,67%, bem acima da meta estabelecida pelo Banco Central para este ano, que é de 3,75%.
Hoje, esse indicador já provoca reação negativa nos mercados, impedindo inclusive que a reação positiva dos investidores em relação à aprovação da PEC dos precatórios predomine mais fortemente, dizem profissionais de mercado.
Além da economia, há fontes de incertezas no ambiente político, já que a PEC dos precatórios ainda precisa passar pelo Senado.
A aprovação da PEC dos precatórios ao menos mostrou algum respiro de governabilidade. Mas até que se resolva, de forma definitiva, a questão dos precatórios, o mercado seguirá girando em torno do tema. E a volatilidade deve seguir presente, com o noticiário político cada vez mais relevante.
Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA Investimentos
A incerteza com relação à velocidade da aprovação da PEC dos precatórios no Senado agora passa a gerar mais volatilidade.
Enrico Cozzolino, analista da Levante Ideias de Investimentos
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