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Bolsa em 2022 deve ficar bem instável; veja setores que dão mais proteção

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

18/12/2021 04h00

O que o pequeno investidor pode esperar das ações na Bolsa em 2022? Não vai ser fácil, assim como em 2020 e em 2021, dizem profissionais de mercado. A culpa é das incertezas sobre a economia e a política no Brasil (é ano de eleição presidencial). A situação no exterior também ameaça o desempenho. Isso tudo deve seguir alimentando as oscilações bruscas das ações, a chamada volatilidade.

Especialistas de mercado destacam que renda variável é preferencialmente um tipo de aplicação voltada para quem busca resultados no longo prazo, e afirmam que as cotações devem começar a se recuperar só depois de 2023. Mas para o investidor que quer um pouco mais de proteção e não quer sair da Bolsa agora, há opções? Que setores podem ser mais seguros? Veja abaixo o que sugerem analistas ouvidos pelo UOL.

Nuvens escuras em 2022

Profissionais de mercado apontam fatores domésticos e globais que devem manter a Bolsa brasileira sob pressão no ano que vem, sujeita ao sobe e desce dos preços das ações. Veja abaixo essas fontes de risco.

Eleições presidenciais: Historicamente em ano de eleições presidenciais no Brasil a Bolsa apresenta comportamento instável e sujeito à desvalorização dos papéis negociados.

Veja abaixo as variações do Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira B3, em termos nominais (pontos) e em relação ao dólar nas últimas eleições:

  • 2002: -17,01% (pontos)/ -45,5% (dólar)
  • 2006: +32,93% / +45,54%
  • 2010: +1,04% / +5,59%
  • 2014: -2,91% / -14,37%
  • 2018: + 15,03% / -1,79%

A variação do Ibovespa em dólar é um referencial importante também, segundo profissionais de mercado, porque mostra que a moeda americana pode reforçar a instabilidade típica em ano de eleições.

O ano que vem deve ser de volatilidade para a Bolsa por causa das eleições, que aumentam o grau de incerteza sobre a economia.
Paulo Caus Mesquita, economista e chefe comercial da 3A Investimentos.

Inflação e juros elevados: A inflação brasileira atingiu neste ano o maior patamar desde 2003, o que está levando o Banco Central a subir juros, chegando ao maior nível desde 2017.

Muitas pessoas entraram na Bolsa por causa de juros baixos e, agora, com o Ibovespa em queda e os juros subindo, estão passando por uma má experiência. Isso reduz o fluxo de recursos para a Bolsa a atrapalha o desempenho das ações no ano que vem.
Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos

Gastos do governo: O economista da Órama, também professor do Ibmec-RJ, aponta ainda as preocupações com os gastos do governo. Esse foi um fator que provocou a alta do dólar este ano e que deve seguir influenciando um real fraco em 2022.

Juros nos EUA: O dólar deve seguir forte em 2022 também por um fator internacional, a alta dos juros na economia americana. Para controlar a inflação por lá, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), pode antecipar a elevação dos juros. E isso encarece o crédito em todo o mundo e, por tabela, afeta os investimentos na economia brasileira.

Nosso maior problema é doméstico, mas se os Estados Unidos anteciparem aumento de juros podem nos atrapalhar mais. Por isso, minha perspectiva para os ativos de risco no Brasil no ano que vem segue sendo pior que a de outros mercados globais.
Roberto Attuch, CEO da casa de análises Ohmresearch.

Onde buscar proteção

Analistas de mercado apontam setores em que pode haver menos variação nos valores das ações, mesmo em períodos de turbulência.

São empresas mais antigas e sólidas ou de áreas de atividades mais tradicionais na economia. Veja alguns exemplos de setores que historicamente têm instabilidade:

Serviços públicos: Concessionárias de serviços públicos, como empresas de energia elétrica, saneamento básico e operadoras de rodovias são tradicionalmente exemplos de ações que oscilam menos na Bolsa porque têm receitas que não oscilam tanto de um ano para o outro, pois atuam em negócios maduros da economia, já em funcionamento há décadas.

Muitas dessas companhias também têm faturamento ligado a contratos assinados pelos governos por prazos longos, nos quais as condições de tarifas e de reajustes estão definidas e não sofrem com as circunstâncias do momento.

Bancos e seguradoras: O desempenho comercial dessas empresas financeiras até sofre impactos com a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de um ano para outro, mas costuma apresentar menor oscilação que a média do mercado.

São negócios com histórico de lucro mais estável e resiliente. Além disso, são bons pagadores de dividendos.

Exportadoras: Por causa da alta do dólar e da expectativa de que a economia global venha a crescer mais que o Brasil em 2022, companhias que têm receita mais ligada ao mercado consumidor internacional que ao mercado doméstico brasileiro também devem funcionar como porto de segurança no ano que vem. Isso vale principalmente para exportadoras de matérias-primas.

Empresas mais resilientes representam uma forma de reduzir o impacto da volatilidade na carteira porque são negócios com receitas mais previsíveis.
Paulo Caus Mesquita, economista e chefe comercial da 3A Investimentos.

Diversificar e investir no longo prazo

Além dos setores mencionados acima, profissionais de mercado aconselham o investidor a diversificar e alongar o prazo da carteira.

  • Alongar o prazo: Há ações negociadas na Bolsa brasileira com desconto, ou seja, com indicadores convidativos, como os que medem preço da ação em relação ao lucro. Mas como 2022 pode ser marcado por desvalorização da Bolsa, o mais recomendável para quem pensa em entrar ou ampliar posição em ações agora é definir um horizonte de resgate mais longo, para daqui a três anos, pelo menos.
  • Diversificar os investimentos: Quanto mais concentrado estiver o dinheiro do investidor num único lugar da Bolsa, maior o risco. A recomendação é diversificar os setores onde investe (por exemplo, ações de empresas elétricas, do comércio e exportadoras).

Ao dividir o dinheiro em diferentes aplicações, o investidor consegue equilibrar os impactos da volatilidade sobre as aplicações. Assim, quando uma crise afeta mais um setor do que outro, os negócios que sofreram menos ajudam a reduzir ou até anular as perdas daquela instabilidade.
Paula Zogbi, Rico Investimentos

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