Saiba como ter investimentos que rendam bem, mas sem correr riscos demais
Montar e manter uma carteira de investimentos equilibrada em termos de risco e retorno ajuda a proteger e a turbinar o desempenho do capital aplicado, em especial em momentos de mudanças ou de incertezas na economia, dizem profissionais de mercado.
O ano de 2021 marcado pela volta da inflação, pelo aumento dos juros e pela queda da Bolsa reforçou a importância de estratégias que levem a uma carteira de investimentos equilibrada como forma de proteção contra a volatilidade e contra as perdas dos mercados, dizem profissionais de mercado.
Veja abaixo então como ter uma carteira equilibrada em termos de risco e retorno, o que considerar e com que frequência reavaliar sua cesta de aplicações.
Carteira de investimentos
Antes de chegar a uma carteira equilibrada, o investidor precisa ter claro o conceito de carteira de investimentos, destacam profissionais de investimento.
Carteira de investimentos é o conjunto de todos os investimentos que uma pessoa tem, reunindo aplicações em renda fixa e renda variável que buscam o objetivo de ter rendimento.
No mercado, os profissionais também chamam esse conjunto de aplicações por portfólio.
Carteira equilibrada
Ter uma carteira equilibrada é montar um conjunto de aplicações que permitam ao investidor ter o maior ganho possível dentro do prazo planejado e com o menor risco de perda possível.
Carteira balanceada permite que a pessoa possa realizar o máximo dos objetivos sem perder oportunidades nem a saúde física, por causa do relacionamento com o dinheiro.
Eduardo Cubas, sócio da Manchester Investimentos
Segundo o consultor em investimentos da Manchester, o aplicador que monta uma carteira desequilibrada por excesso de conservadorismo pode não alcançar o retorno que precisa para os objetivos que traçou.
E a pessoa que peca pelo excesso de riscos assumidos pode sofrer com o estresse em momentos de volatilidade de mercados que levam a decisões precipitadas que provocam mais perdas.
O conceito de carteira equilibrada vale para todos os aplicadores, mas a forma pela qual cada um chega a esse equilíbrio vai variar de pessoa para pessoa porque isso depende de condições particulares.
3 condições a considerar
Na hora de montar a carteira de investimentos com a preocupação de que ela seja equilibrada, o investidor precisa levar em conta alguns fatores que mudam de pessoa para pessoa e que são fundamentais para ele ter a melhor relação de risco e retorno.
É por isso que antes de começar a aplicar para contruir uma carteira, em plataformas de investimento e instituições financeiras, as pessoas são convidadas a responder um questionário com tópicos sobre idade, estado civil, tempo de profissão e outros temas pessoais e profissionais.
Nessas respostas, o investidor vai identificar três fatores que ele mesmo deve considerar como necessários para construir uma carteira equilibrada.
- Disponibilidade de recursos: A disponibilidade de recursos para aplicação não pode considerar o dinheiro que será usado pela pessoa para pagar contas do orçamento. Quanto menos recursos livres a pessoa tem para investir, maior o cuidado que ela deverá ter para usar aquele capital na carteira de investimentos. À medida que o investidor vai crescendo a carteira, ele pode assumir mais riscos sem perder o equilíbrio da carteira.
- Momento da vida: Pessoas estão em momentos diferentes de vida por questões de idade, tempo de profissão, ter ou não dependentes, ser ou não casado, estar morando ou não na cidade em que trabalha. Esse fatores pesam na capacidade de uma pessoa assumir mais ou menos risco. E por risco entende-se a capacidade de absorver perdas.
- Conhecimento de mercado: A vida do investidor também tem ciclos como os ciclos da vida profissional. À medida que o aplicador vai acumulando anos no mercado, ele conhece mais produtos, entende melhor as oscilações de preços dos diferentes ativos e, mais importante, aprende como reage nas situações de ganhos e de perdas. É esse aprendizado vai ajudar o aplicador a montar e manter uma carteira de investimentos equilibrada.
É comum ver pessoas se descreverem como arrojadas e dispostas a tomar risco. Mas quando preenchem a nossa Bio Financeira, vemos que elas têm pouca ou nenhuma capacidade para tomar risco, seja porque gastam quase tudo o que ganham, seja porque não têm reservas financeiras. O contrário também acontece, de investidor que se descreve como conservador, mas tem recursos de sobra para arriscar um pouco mais e assim obter um retorno maior.
Annalisa Blando, Executiva chefe da ParMais
3 passos para montar uma carteira equilibrada
O caminho apontado como mais seguro para um investidor construir uma carteira equilibrada passa pela formação de uma reserva de emergência, pela diversificação e pela reavaliação periódica de onde está investindo.
Reserva de emergência: Não existe carteira equilibrada se a pessoa não tem onde se socorrer no caso de imprevistos. Se tiver que sacar de uma aplicação para cobrir um problema de saúde ou conserto de carro, por exemplo, essa pessoa corre o risco de resgatar o dinheiro antes do prazo do vencimento, ou no ciclo de baixa do ativo, como Bolsa, por exemplo.
A fatia da carteira separada para a reserva de emergência deve ir para aplicações de baixíssimo risco e liquidez imediata, como poupança, Tesouro Selic, Fundos DI e CDBs de liquidez diária.
Diversificação: Ao dividir as aplicações por diferentes produtos, o investidor reduz o risco de perdas e amortece a volatilidade da carteira ao longo dos anos. Diversificar significa ter aplicações que reagem de forma diversa a um mesmo acontecimento, como uma crise econômica.
Por exemplo, quando uma aplicação de uma carteira apresenta perda por causa da alta do dólar, mas outra se aproveita da situação para dar mais lucro, a cesta como um todo mantém o ganho médio e reduz a chamada volatilidade.
O único almoço grátis do mercado é ter uma carteira diversificada. A questão não é ter ou não renda variável, por exemplo, mas a dosagem de cada investimento, o que depende da diversificação.
Felipe Guerra, sócio da Messem Investimentos
Reavaliação da carteira: Profissionais de mercado ouvidos pelo UOL dizem que recomendam aos clientes de três a quatro reavaliações nas carteiras por ano, com ajustes nas fatias que cada aplicação possui.
O Brasil passou por um período de queda dos juros e alta da Bolsa, entre 2016 e 2019, mas neste ano de 2021 o ciclo foi o inverso, com alta da taxa básica Selic e retração do Ibovespa. Profissionais de mercado apontam esse histórico para demonstrar a necessidade de ajustar a carteira de investimentos de tempos em tempos.
Nessas reavaliações, os gestores dos recursos consideram as mudanças na economia e nos mercados - por exemplo, com relação aos juros, à inflação, ao dólar, e ao PIB (Produto Interno Bruto).
Além disso, as mudanças na vida dos próprios investidores têm peso relevante nesses ajustes para que elas continuem equilibradas, diz Annalisa Blando, da ParMais, que desenvolveu a Bio Financeira, ferramenta baseada em algoritmos que ajudam o investidor a montar uma carteira equilibrada para ele.
A própria ferramenta vai se atualizando com as mudanças do mercado, passando a incluir recentemente, por exemplo, os criptoativos como opção de investimento.
A gente diz que a pessoa está em determinado perfil, e não que a pessoa é aquele perfil. Porque isso é alterado toda vez que algo, como o nascimento de um filho, uma mudança de emprego, de cidade. Fatos relevantes na vida das pessoas precisam ser considerados.
Annalisa Blando, ParMais
Os ajustes nas carteiras devem ser feitos aos poucos, destaca Paulo Clini, diretor de investimentos da Western Asset Management. Nada de tirar tudo da Bolsa para aplicar na Renda Fixa, de uma só vez, porque os juros começaram a subir, nem o contrário - tirar tudo da renda fixa para aplicar em Bolsa porque a selic começou a cair, diz ele.
O investidor precisa ter cuidado com movimentos abruptos porque isso desequilibra a carteira. O certo é fazer pequenos movimentos marginais.
Paulo Clini, Western Asset Management
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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