Falsa diversificação pode aumentar risco do investimento; veja como evitar
Diversificar os investimentos é fundamental para não colocar tudo a perder em caso de tombo da economia e dos mercados. Mas é preciso tomar cuidado para não cair em uma falsa diversificação e acabar fragilizando a carteira em vez de protegê-la das oscilações, alertam especialistas.
"É comum investidores optarem por ativos que parecem diferentes, mas que na prática acabam sendo semelhantes, tendo comportamentos parecidos nas mesmas situações", afirma Ricardo Czapski, fundador e CEO da plataforma especializada em assessoria de investimentos WFlow.
O que é falsa diversificação?
Comprar CDBs de vários bancos, por exemplo, não é diversificar, porque se algo afetar negativamente o setor financeiro, todos os CDBs terão alguma perda.
Da mesma forma, se um aplicador distribui os investimentos entre fundos imobiliários e ações de construtoras na Bolsa, a diversificação é frágil, pois uma crise que venha a afetar o setor terá impacto sobre as duas classes de ativos de forma semelhante.
Dividir o dinheiro em produtos de ouro, dólar e ações de empresas exportadoras é outro exemplo de diversificação desequilibrada. Se a moeda norte-americana subir, o investidor vai ganhar em todas, mas se cair, terá perdas nos três produtos.
Diversificação não é somente a quantidade de ativos que o investidor mantém na carteira. É preciso verificar se esses ativos não são semelhantes, para proteger o portfólio e minimizar os riscos das aplicações.
Ricardo Czapski, CEO da WFlow
Passo a passo para diversificar
Reinaldo Domingos, presidente da Dsop Educação Financeira, diz que primeiro é preciso definir a finalidade do investimento. "Com isso, o investidor consegue ter uma ideia de tempo para essa aplicação e de quais os riscos ele pode e aceita correr", afirmou.
Veja o passo a passo:
1. Motivo do investimento: Aposentadoria, comprar casa, pagar a escola dos filhos, fazer uma viagem —cada objetivo exige um prazo diferente.
Na hora de diversificar, o dinheiro separado para a viagem, por exemplo, pode ter destino distinto daquele guardado para a aposentadoria.
2. Prazo da aplicação:
- Curto (objetivos de até um ano): Parte do dinheiro precisa ser a reserva de emergência, suficiente para cobrir de três a 12 meses das despesas mensais. Os produtos aqui devem oferecer liquidez e baixo risco.
- Médio (de um a cinco anos): Uma vez feita a reserva de emergência, a família pode começar a aplicar para objetivos acima de um ano. Aqui, o aplicador abre mão da liquidez para assumir mais riscos em busca de maior rendimento.
- Longo (mais de cinco anos): Para projetos com prazo superior a cinco ou dez anos, o dinheiro pode correr mais riscos.
3. Quanto para investir: Quanto menor o capital, mais restritas as opções de diversificação. Portanto, mais seletivo terá que ser o aplicador.
Se a família ainda está formando a reserva de emergência, por exemplo, a diversificação deve ficar concentrada em produtos que atendam esse objetivo.
4. Escolha de produtos: É só aqui que começa, de fato, a escolha dos produtos financeiros para atender os objetivos de forma diversificada.
Que ativos escolher?
A diversificação é como o trabalho de um técnico ao escalar um time futebol. Ele não pode chamar só atacante, pensando apenas em fazer gols, porque também precisa se preocupar em defender. O objetivo é ganhar a maior parte das partidas para ser campeão lá na frente.
Lucas Collazo, analista de fundos da Rico Investimentos
Para fazer a diversificação, o dinheiro pode ser dividido de acordo com algumas condições, dizem profissionais de mercado.
Há produtos diferentes para um mesmo objetivo em cada prazo, disse Domingos. O investidor pode distribuir o dinheiro entre as alternativas.
- Curto prazo: Poupança, Tesouro Selic, CDB com liquidez diária ou fundos DI com taxa de administração abaixo de 0,3%.
- Médio prazo: Títulos do Tesouro indexados à inflação com prazos mais longos, fundos de renda fixa de crédito privado, fundos multimercados e fundos de ações de empresas grandes e conhecidas. Também são opções fundos de moedas ou de metais.
- Longo prazo: Fundos imobiliários e fundos de ações, além de ETFs e BDRs.
É hora de checar se você diversificou mesmo
Dentro dos produtos recomendados para cada prazo, o passo seguinte é garantir que as aplicações escolhidas não tenham a mesma correlação. Ou seja, que não tenham o mesmo comportamento em determinadas situações.
No caso de Bolsa, por exemplo, uma parte do dinheiro pode ir para ações que se beneficiam do dólar alto, como de empresas exportadoras, e outra parte para os setores financeiro ou varejista, que costumam ganhar quando a economia vai bem e o dólar cai. Assim, se você perder de um lado, ganha do outro.
Na renda fixa, uma parte do dinheiro pode ir para títulos prefixados e outra parte para papéis corrigidos pela inflação. Se os preços da economia começarem a subir, o título prefixado vai perder, mas o lote de pós-fixados tende a aproveitar o momento.
Investir no mercado internacional
O aplicador brasileiro pode também colocar dinheiro em investimentos relacionados ao mercado internacional, como ETFs, BDRs e fundos de moedas e de metais.
São alternativas para diversificar, com uma parte do capital alocado em ativos relacionados ao dólar ou à economia de outros países. "É preciso buscar oportunidades de diversificar também o risco-país", disse Collazo.
Opções estrangeiras possibilitam ainda a diversificação da carteira com setores que têm poucos ativos no Brasil, como ações de empresas de tecnologia.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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