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"Ibovespa dos títulos públicos" ajuda na escolha de papel do Tesouro Direto

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

22/09/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Indicadores da Anbima acompanham o desempenho médio dos diferentes títulos do governo
  • Investidor pode usar esses índices como referência para saber se a aplicação está indo bem ou mal
  • Depois de forte volatilidade no primeiro semestre, índices de títulos públicos mostram recuperação no ano

Como escolher títulos do Tesouro Direto e acompanhar seu desempenho, em um ano marcado pela volatilidade dos ativos, como tem sido 2020? Assim como o Ibovespa virou referência para investimento em ações na Bolsa, existem indicadores para os investimentos em títulos de renda fixa do governo federal, uma das aplicações mais populares entre os brasileiros.

São os Índices de Mercado Anbima, chamados de IMA, criados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, que representa mais de 270 instituições, entre bancos, corretoras e gestores de recursos. Cada índice é formado por uma cesta de títulos, classificados por prazos e indexadores de cada papel. Eles funcionam como termômetros.

Os índices calculam os preços dos títulos no mercado secundário —ou seja, as cotações praticadas por quem está comprando ou vendendo os papéis antes dos vencimentos. Afinal, quem carrega o título até o vencimento já tem um valor definido a receber.

A renda fixa tem um grande peso nos investimentos dos brasileiros, sendo a principal aplicação no país. Nossa intenção com os índices Anbima é dar uma visão geral do comportamento desses títulos públicos, já que o Tesouro tem uma grande variedade de papéis.
Nilton Hotini, gerente de preços e índices da Anbima

Segundo Hotini, os índices da Anbima capturam praticamente toda a dívida pública federal. Todos os meses, esses indicadores são recalibrados, para que os pesos dados a cada título correspondam às quantidades e aos negócios reais de cada um no mercado.

Entenda cada índice

São 12 índices de títulos públicos federais, que variam de acordo com o prazo dos papéis, a remuneração, se são prefixados ou pós-fixados e de acordo com o indexador, como a taxa Selic, ou os índices de preços, como IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e IGP-M.

Veja abaixo alguns dos índices mais importantes, considerando os títulos mais negociados no Tesouro Direto, e entenda essa sopa de letrinhas.

Índice geral

  • IMA-Geral: É o principal, como se fosse o Ibovespa do Tesouro Nacional. É formado por todos os títulos que compõem a dívida pública, dando pesos maiores aos papéis mais negociados e de maior quantidade no mercado.

Tesouro IPCA

  • IMA-B: Formado por títulos públicos indexados à inflação medida pelo IPCA. São os títulos Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais, ou NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional - Série B).
  • IMA-B 5+: Também refere-se a títulos indexados ao IPCA, mas com prazo igual ou acima de cinco anos.

Tesouro Selic

  • IMA-S: É formado pelos títulos pós-fixados atrelados à taxa básica de juros, a Selic, que são os títulos Tesouro Selic, ou LFTs (Letras Financeira do Tesouro).

Tesouro prefixado

  • IRF-M 1+: Formado por títulos públicos prefixados, como Tesouro Prefixado, ou LTN (Letras do Tesouro Nacional - série F) e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais, ou NTN-Fs (Notas do Tesouro Nacional - Série F), com vencimentos acima de um ano.

Qual o desempenho dos títulos?

Após registrar o melhor resultado do ano em julho, com alta de 2%, o IMA-Geral voltou a cair em agosto (-0,6%). No ano, o indicador ainda acumula ganhos, de 3,02%. Mas esses percentuais variam dependendo do tipo do título público.

Os títulos de longo prazo, por exemplo, foram em agosto os principais responsáveis por puxar para baixo o resultado geral do setor. No mês, o IMA-B5+, com títulos do IPCA com mais de cinco anos, caiu 3,62%.

"Os papéis de prazos mais longos são sempre mais suscetíveis às expectativas em relação à economia. A queda em agosto pode estar relacionada às dúvidas do mercado e dos investidores quanto a permanência do teto de gastos.
Hilton Notini, gerente da Anbima.

Em agosto, houve uma disputa entre duas alas do governo a respeito do teto de gastos, regra aprovada no governo Michel Temer que limita os gastos públicos aos gastos do ano anterior, corrigidos apenas pela inflação.

De um lado, a ala ligada ao ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, defendia mais gastos para combater os efeitos da pandemia. Do outro, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, defendia a manutenção do teto. Após idas e vindas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou publicamente dizendo que o teto seria mantido.

Escolha do título depende do seu objetivo

Consultores e gestores dizem que cada tipo de título público atende a um objetivo de investimento. Veja as recomendações:

Reserva de emergência: O dinheiro separado para cobrir imprevistos ou para objetivos dentro de um prazo inferior a ano deve ficar aplicado em Tesouro Selic. Esses papéis rendem menos, mas também sofrem menos no mercado secundário em momentos de volatilidade. É possível sacar a qualquer momento sem perda de rendimento.

Para reserva de emergência, basta acompanhar o CDI, porque o importante é a liquidez.
Jailson Giacomelli, planejador financeiro da Par Mais

O índice de referência é o IMA-S.

Investimento de longo prazo: Para quem pode deixar o dinheiro aplicado por mais tempo, recomendam-se os papéis Prefixado 2026 e Prefixado 2031.

Como a taxa básica de juros está muito baixa, uma forma de melhorar o rendimento da renda fixa é alongar prazos dos títulos dos investimentos.
Sandra Blanco, estrategista-chefe da plataforma e gestora de investimentos Órama

O índice de referência é o IRF-M 1+.

Proteção da inflação: O Brasil é um país com histórico de inflação acelerada. Para se proteger, há os títulos do Tesouro atrelados ao IPCA.

Quando se investe no longo prazo, vale prestar atenção na inflação e procurar ativos que estejam protegidos.
Bernardo Pascowitch, CEO da Yubb

O índice de referência é o IMA-B+5.

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