Ações que pagam bons dividendos foram melhores em 2021; veja as 10 mais
As ações das empresas que se destacam como boas pagadoras de dividendos apresentaram um desempenho melhor neste ano. O ano anterior, 2020, foi marcado por fatores que afetaram a distribuição dos lucros das companhias para os investidores. O ano de 2021 foi de reação.
Mas essa tendência de recuperação de dividendos pode ser prejudicada no ano que vem por juros elevados, economia mais fraca e ainda mudanças no Imposto de Renda, dizem profissionais de mercado. Mesmo assim, as boas pagadoras de dividendos devem se destacar em 2022 como opções para os investidores mais conservadores por causa da expectativa de instabilidade na Bolsa. Veja abaixo.
Endendendo o dividend yield
Dividendo é a forma que a empresa tem para distribuir os lucros aos acionistas (todo mundo que tem uma ação). Essa distribuição pode ocorrer de forma mensal, trimestral, semestral ou anual, dependendo da política de cada empresa.
O dividend yield é uma forma de medir o retorno do investidor com dividendos. Para calcular, basta dividir o lucro distribuído em cada ação pelo valor da ação no momento.
Por exemplo, uma empresa que distribuiu um lucro de R$ 10 por ação, e cada ação custa R$ 100, teve dividend yield de 10%, ou seja, R$ 10 dividido por R$ 100.
Top 10 das pagadoras de dividendos melhor
Considerando então esse retorno do investidor, a lista das dez maiores pagadoras de dividendos na Bolsa brasileira B3 mostra um desempenho melhor em 2021 que em 2020.
Veja abaixo a lista das dez maiores pagadoras de dividendos em 2020 e em 2021, segundo a plataforma de investimentos Dividendos.Me, considerando os proventos brutos pagos pelas companhias em 12 meses encerrados em 20 de dezembro e a cotação da ação também no dia 20.
As empresas boas pagadoras de dividendos têm ações com baixa volatilidade em relação à média do mercado, em parte porque pagam dividendos de forma regular. São uma opção para o investidor mais conservador experimentar a Bolsa, investindo em uma ação de uma empresa com perfil de negócio mais maduro e com histórico conhecido.
Guilherme Gentile, chefe de Investimentos da Dividendos.Me
Top 10 das ações em dividendo yield em 2021
- Copel: 25%
- Metalúrgica Gerdau: 20,30%
- Petrobras: 19,53%
- Vale: 18,50%
- Transmissora Paulista: 13,98%
- Qualicorp: 12,72%
- Lavvi: 12,59%
- Emae: 11,94%
- Minerva: 11,35%
- Portobello: 10,69%
Top 10 das ações em dividend yield em 2020
- Copasa: 18,17%
- Whirpool: 14,08%
- Eletrobrás: 13,80%
- Romi: 11,09%
- Enauta : 10,56%
- Comgas: 9,93%
- Taesa: 9,77%
- Telefonica: 6,97%
- Wilson Sons: 6,71%
Motivos da reação em 2021
Alguns fatores positivos e também negativos acabaram ajudando as companhias a melhorar o dividend yield neste ano em comparação com 2020.
- Lucros melhores: Em 2021, as companhias lucraram mais na média, após a crise econômica da covid-19, em especial em comércio, serviços e construção. Segundo a empresa de informações financeiras Economatica, o lucro de 289 empresas não financeiras e financeiras no terceiro trimestre de 2021 atingiu R$ 76,8 bilhões, 79% maior que no terceiro trimestre de 2020.
- Mais caixa: Com a reabertura das atividades ao longo de 2021, as empresas que registraram lucro puderam distribuir mais ganhos aos aplicadores que no ano passado. Isso porque não precisaram segurar a maior parte dos ganhos, como em 2020, para enfrentar o risco de faltar dinheiro para cobrir despesas com fornecedores e funcionários, por exemplo.
- Regras do setor financeiro: No setor financeiro, área que reúne algumas das principais pagadoras de dividendos, 2020 foi mais fraco em dividendos também porque houve a resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), que limitou a distribuição de lucros das instituições financeiras a 20%. Essa limitação foi flexibilizada em 2021.
- Queda do valor da ação: Outro fator que melhorou o dividend yield em 2021 não chega a ser tão positivo para o investidor. A Bolsa caiu, e as ações se desvalorizaram. Com o preço da ação menor, o dividend yield sobe. Quanto menor a cotação da ação, maior o dividend yield.
Cenário para 2022
Profissionais de mercado dizem que 2022 continuará sendo de adversidades para a Bolsa brasileira, mas destacam que as pagadoras de dividendos seguem servindo de opção para o aplicador de renda variável, em especial o de perfil mais conservador.
Instabilidade é esperada: Como mostramos aqui, fraco crescimento econômico, juros elevados e eleições presidenciais no Brasil, além de aumento de juros também nos Estados Unidos, são fatores que devem afetar o desempenho das empresas brasileiras e reduzir o interesse dos aplicadores pela Bolsa em 2022.
A alta da Selic vai de fato levar algumas pessoas a questionar se vale apostar em bons dividendos. Mas não se investe em ações olhando apenas para o rendimento, mas também para o crescimento das empresas. Quem investe no prazo mais longo tem que focar no crescimento da empresa.
Jennie Li, estrategista de ações da XP Investimentos
Nesse ambiente, as ações com histórico de bons dividendos são citadas como alternativas que o aplicador tem para uma posição defensiva em 2022. Ou seja, em momentos de maior instabilidade das cotações, essas ações tendem a oscilar menos de valor.
Além de apresentarem historicamente menor variação que a média do mercado, as ações de empresas boas pagadoras de dividendos ainda oferecem ao aplicador a vantagem de distribuir parte dos lucros como forma de remuneração. E esse é um dinheiro que o investidor pode embolsar sem ter que se desfazer da ação.
Temos a expectativa de um PIB fraco no ano que vem. A partir do momento em que haja um PIB fraco, isso afeta os resultados de vendas e de produção das empresas. E ainda tem alta de juros, que favorece a renda fixa e atrapalha a Bolsa.
Alan Gandelman, chefe executivo da Planner Corretora
Reforma tributária: O investidor das ações com objetivo de receber dividendos deve ficar atento ainda ao andamento da reforma tributária no Congresso. É que o texto que já passou na Câmara acaba com a isenção de Imposto de Renda sobre os dividendos.
O texto que seguiu para o Senado e que deve entrar em discussão na retomada dos trabalhos do ano legislativo de 2022 prevê a cobrança de 15% sobre os dividendos pagos aos investidores das ações. O que vai reduzir em parte o rendimento do aplicador dessas ações.
As mais procuradas
Veja abaixo quais são as ações mais procuradas por aplicadores que pesquisam alternativas na Bolsa quando estão interessados em pagadoras de dividendos.
No levantamento feito pela plataforma de investimentos Dividendos.Me, com 130 mil usuários, a lista é liderada por papéis de grupos ligados ao setor financeiro.
Veja abaixo as dez ações mais procuradas pelos investidores interessados em dividendos e quanto cada ação dessas está pagando de dividend yield neste ano, até dia 20 de dezembro.
Ranking das ações mais presentes nas carteiras
- Itausa: 4,14%
- Banco do Brasil: 7,49%
- Petrobras: 19,53%
- Bradesco: 7,28%
- Taesa: 12,32%
- Vale: 18,50%
- BB Seguridade: 4,84%
- WEG: 1,27%
- Itau Unibanco: 4,24%
- Energias do Brasil: 4,73%
Cuidados na hora de investir
As boas pagadoras de dividendos são, de maneira geral, companhias mais maduras e que atuam em atividades econômicas também mais tradicionais. Ou seja, são negócios que apresentam maior previsibilidade para as receitas e para os lucros.
Ainda assim, o aplicador que tem interesse em montar uma carteira de ações focada em boas pagadoras de dividendos precisa ficar atento a algumas informações.
- De onde veio o lucro: Checar se o ganho de um determinado período que gerou o dividendo maior não aconteceu por um fator extraordinário, como a venda de um ativo ou de um negócio.
- Comparar com a concorrência: Levantar informações para ver se a distribuição de dividendos é parecida com as de outras companhias do mesmo setor ou se está muito descolada. Se estiver muito diferente, o aplicador deve descobrir os motivos e, daí, checar se esses fatores são sustentáveis para os próximos anos.
O investidor tem que prestar atenção aos motivos da distribuição dos dividendos. Por exemplo, se é algo sustentável ou se foi algo pontual que não se repetirá.
Guilherme Gentile, chefe de Investimentos da Dividendos.Me
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