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Bolsa reage no mês, mas não escapa de primeira perda anual desde 2015

Mesmo aplicações que acumularam valorizações em 2021 não vão conseguiram entregar ganhos reais porque tiveram variações menores que a variação acumulada pelo IPCA - Olivier Le Moal/iStock
Mesmo aplicações que acumularam valorizações em 2021 não vão conseguiram entregar ganhos reais porque tiveram variações menores que a variação acumulada pelo IPCA Imagem: Olivier Le Moal/iStock

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

30/12/2021 18h19Atualizada em 18/01/2022 11h29

Resumo da notícia

  • Dólar tem comportamento oposto, com baixa em dezembro, mas valorização no ano
  • Ifix, índice de fundos imobiliários, lidera entre investimentos em dezembro
  • Veja desempenho de principais investimentos de mercado no mês e no ano

O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira B3, conseguiu registrar em dezembro a primeira alta após emendar cinco quedas mensais seguidas, mas não escapou da primeira perda anual desde 2015. Já o dólar teve comportamento inverso, apurando recuo no último mês de 2021, mas ainda apresentando apreciação anual ante o real.

O destaque positivo do mês entre algumas das principais aplicações do mercado brasileiro foi o Ifix, índice das cotas de fundos imobiliários negociados na Bolsa, que teve o primeiro ganho desde julho. O ouro e a poupança também apresentaram variações positivas no mês e no acumulado do ano.

Veja abaixo como se comportaram algumas das principais aplicações do mercado brasileiro, considerando as variações mensal e anual.

Mesmo aplicações que acumularam valorizações nominais em 2021 não vão conseguir entregar ganhos reais porque tiveram variações menores que a variação acumulada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o índice oficial de inflação do governo, que avançou 10,42%, na última prévia divulgada pelo IBGE.

Veja algumas das principais aplicações do mercado brasileiro, considerando as variações mensal e anual.

Desempenho dos investimentos em dezembro

  • Ifix: +8,72%
  • Ouro: +3,12%
  • Ibovespa: +2,85%
  • Poupança: +0,49%
  • Dólar: -1,06%

Desempenho dos investimentos no ano

  • IPCA-15: +10,42%
  • Dólar: +7,46%
  • Ouro: +4,43%
  • Poupança: +2,99%
  • Ifix: -2,30%
  • Ibovespa: -11,93%

O que influenciou o mercado de dezembro

Segundo profissionais de mercado, os investidores ficaram menos preocupados com o impacto da variante ômicron sobre a economia. Isso porque embora os níveis de contágio tenham crescido, os indicadores de internações e óbitos não avançaram na mesma velocidade, em especial entre os vacinados.

Em dezembro, os dados mostraram que a variante ômicron se mostrou menos severo que o que era temido, o que ajudou os índices de Bolsa internacionais e as empresas de commodities. Além disso, no Brasil, os juros de longo prazo recuaram das máximas, o que ajudou a Bolsa.
Andrey Nousi, CFA e CEO da Nousi Finance, empresa de consultoria e educação financeira

Mas trajetória de 2021 já estava comprometida

Mas profissionais de mercado destacaram que esse desempenho da Bolsa em dezembro não foi suficiente para apagar o comportamento fraco registrado ao longo da maior parte do ano. A preocupação dos investidores com os gastos do governo alimentou a alta do dólar no país. A alta da moeda americana provocou no Brasil um processo de reajustes dos preços mais intenso que a inflação global que atingiu a economia em todo o mundo em 2021.

E para retomar o controle sobre a inflação e trazer o IPCA de volta à meta, o Banco Central acelerou a alta dos juros no país, em especial no segundo semestre. Essa cadeia de eventos, segundo profissionais de mercado, afetou o desempenho da Bolsa brasileira em 2021.

Aqui, além da covid-19 e suas variantes, pesaram o quadro fiscal complicado, inflação e juros em alta, além do quadro político e uso eleitoreiro dos escassos recursos.
Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital
Modalmais

Cenários para 2022

Para o ano que vem, as preocupações dos investidores e analistas de mercado com esses fatores permanecem no radar, ameaçado ainda por outros riscos que serão adicionados ao ambiente econômico brasileiro.

A estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) mais fraco no Brasil ano que vem que em 2021, as incertezas econômicas provocadas pelas eleições presidenciais em outubro e a expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos são apontadas por profissionais de mercado como fatores que devem prejudicar os investimentos em renda variável, como Bolsa e fundos imobiliários, e favorecer ativos de segurança, como a renda fixa -incluindo a poupança-, o dólar e o ouro.

Depois de um 2021 de perdas das aplicações para a inflação, a gente espera um ajuste em 2022. Com a expectativa da Selic indo até perto de 12%, o que deve favorecer as aplicações der renda fixa, considerando ainda que a inflação deve começar a desacelerar no segundo semestre. Para a Bolsa, com custo de oportunidade na casa de 10%, as empresas terão que ter melhor geração de caixa por causa do maior custo financeiro. E ainda devemos ter bastante volatilidade na Bolsa por causa das incertezas provocadas pelas eleições.
Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos

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