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Guerra na Ucrânia: quais ações podem se valorizar? E as que estão em risco?

24.fev.2022 - Militares ucranianos se preparam contra ataque da Rússia na região de Lugansk, na Ucrânia - Anatolii Stepanov/AFP
24.fev.2022 - Militares ucranianos se preparam contra ataque da Rússia na região de Lugansk, na Ucrânia Imagem: Anatolii Stepanov/AFP

Paula Pacheco

Colaboração para o UOL, de São Paulo

24/02/2022 17h06

Nesta quinta-feira (24), as forças militares russas confirmam a invasão à Ucrânia. Poucas horas após os primeiros ataques, o preço do barril de petróleo ultrapassou os US$ 100 e o dólar disparou, chegando a R$ 5,15. Bolsas de Valores em todo mundo operavam em baixa: na Europa, as quedas chegaram a mais de 4%; enquanto no Brasil o principal índice de ações, o Ibovespa, apresenta queda de 2%.

Com o conflito geopolítico ocorrendo, investidores estão aflitos sobre o que fazer com as ações adquiridas. Para ajudar a solucionar essa dúvida, o UOL conversou com especialistas sobre quais são os melhores papéis para o momento e quais estão sob risco. Confira abaixo.

Ações que devem se valorizar

Ativa Research:
- PetroRio (PRIO3)
- Petrobras (PETR4)
- SLC (SLCE3)
- Brasil Agro (AGRO3)
- Suzano (SUZB3)
- Vale (VALE3)

Nord Research:
- Petrobras (PETR4)
- PetroRio (PRIO3)
- 3R Petroleum (RRRP3)
- PetroReconcavo (RECV3)
- Enauta (ENAT3)

Empiricus:
- Petrobras (PETR4)
- PetroRio (PRIO3)
- 3R Petroleum (RRRP3)

Ações sob risco

Ativa Research:
- Azul (AZUL4)
- Gol (GOLL4)
- BRF (BRFS3)
- Camil (CAML3)
- Ambev (ABEV3)

De olho na alta do petróleo

Em 20 de fevereiro, preço do barril de petróleo fechou a US$ 92,53. Às 16h30 desta quinta-feira (24), a cotação variava em torno de US$ 99,14, depois de ter alcançado os US$ 100,53 mais cedo.

Para a casa de análise Ativa Research, os efeitos dos conflitos entre Rússia e Ucrânia e as consequentes sanções por parte dos Estados Unidos e de grandes economias da Europa devem atingir as commodities (matérias-primas), especialmente ligadas aos países envolvidos.

Pedro Serra, head de Research da Ativa Investimentos, afirma que, portanto, investidores com ações de empresas ligadas a commodities como petróleo, gás, grãos, metais e fertilizantes tendem a lucrar.

O efeito disso é o estrangulamento de um mercado de commodities que já estava passando por um descasamento entre oferta e demanda. Nesse contexto, destaco petróleo e gás, seguido de grãos e metais como as principais commodities que serão impactadas positivamente, já que o conflito é inflacionário para o mundo de uma forma geral, influenciando os preços.
Pedro Serra, head de Research da Ativa Investimentos.

Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research, concorda. Ele afirma que as ações que terão maior impacto positivo são as ligadas a produtoras de petróleo, que se beneficiam da alta do valor do barril.

Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, também destaca o desempenho positivo esperado para as ações de petrolíferas e de petroquímicas.

Levando-se em consideração o conflito geopolítico e o choque de oferta em relação à demanda no setor de petróleo —com a demanda muito maior do que a oferta—, para Crespi a melhor composição de carteira é ter posições no setor mais relacionado a commodities.

"Não precisa ser necessariamente em petróleo. É possível ter um percentual da carteira de ações mais alocado em commodities que, em período de inflação, tendem a ter uma performance melhor do que outros setores. Essas empresas tendem a girar bastante caixa e remunerar os investidores por meio de dividendos", afirma.

Além de empresas brasileiras do setor de petróleo, como Petrobras (PETR4), PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3), Matheus Spiess, da Empiricus, recomenda aos investidores a inclusão de ETFs (Exchange Traded Funds, ou fundos de índice) na carteira, como XOP e VDE (ligado ao setor de energia, com destaque para petróleo), que dão uma exposição diversificada em empresas de óleo e gás.

Spiess cita ainda empresas estrangeiras de petróleo, como BP e Chevron, como boas opções de investimento para o cenário atual.

"Com a extração e a venda do barril a um preço mais alto, a consequência é o aumento da receita potencial de companhias como essas, que nos últimos anos passaram pela queda do valor do petróleo e ficaram muito mais disciplinadas em termos de custo, o que faz com que sejam grandes geradoras de caixa para o acionista", avalia.

Para o analista da Empiricus, apesar de o barril de petróleo já estar em trajetória de alta, ainda dá tempo para se expor aos ativos ligados à essa matéria-prima. Isso porque ainda há empresas, em particular as pequenas, sendo negociadas com valores abaixo do seu potencial. Mesmo que o petróleo volte a uma cotação mais baixa, diz Spiess, na casa dos US$ 80 o barril, muitas companhias serão eficientes na geração de caixa e poderão trazer bons ganhos para os investidores.

Analista de research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, aponta que não é possível projetar por quanto tempo o mercado de petróleo sofrerá com o estresse gerado pelo enfrentamento entre Rússia e Ucrânia.

No caso da Petrobras, o especialista acredita que as perspectivas são boas, pois hoje a petroleira é voltada ao objetivo de dar resultados aos seus acionistas mesmo com o barril do petróleo sendo negociado a valores mais baixos. Ele afirma que algumas de suas áreas de extração já estão abaixo do custo médio.

Com o que tomar cuidado

Barbosa declara que pode haver perda para as empresas que estão fora da lista de produtoras de petróleo. Isso porque, segundo ele, a cotação mais alta do petróleo gera uma alta na inflação, o que poderá puxar os juros mundiais para cima —influenciando negativamente no crescimento econômico.

Crespi, da Guide Investimentos, declara que companhias ligadas ao setor de transporte, como as companhias aéreas, também são desaconselhadas para os investidores que gostam do mercado de ações. Afinal, de acordo com o analista, boa parte dos seus custos vem do querosene, um derivado de petróleo.

"De forma indireta, visto que a alta do petróleo é inflacionária e tem como consequência a alta dos juros, as empresas de crescimento ou de tecnologia acabam sendo afetadas. O mercado tende a criar uma força vendedora em relação a esses papéis quando há uma subida dos juros", diz Crespi.

Devo mexer na minha carteira de investimentos?

Apesar das expectativas pouco favoráveis, Barbosa, da Nord Research, não recomenda que o investidor faça alterações na composição da carteira de investimentos, independentemente do perfil —se conservador, moderado ou arrojado (agressivo).

"Como é difícil prever se e quando o preço do petróleo e o mercado vão subir ou cair, o recomendado sempre é comprar empresas pensando nos resultados de longo prazo. A grande maioria das empresas não é impactada diretamente pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. Algumas são impactadas pelo comportamento da economia, com a possibilidade de juros mais altos", diz.

O pânico gera um pouco de aversão ao risco, com a venda das ações como uma das consequências --o que é normal. Ainda assim, não é hora de fazer mudança no portfólio. O foco é o mesmo, ou seja, comprar papéis de boas empresas que deem resultados crescentes no longo prazo a um preço baixo, e que dependam de decisões delas, não de fatores externos.
Bruce Barbosa, sócio fundador da Nord Research

Crespi concorda. "Não é necessário pânico, o cenário ainda é bastante obscuro. Eu recomendaria seguir sem vender as ações de empresas, mesmo aquelas que sofreram com queda de ontem para hoje", afirma.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.