Como saber se posso confiar num analista que me indica investimentos?
CPA, CEA, CFP, CFA e CNPI. Muita gente certamente já deve ter notado essas siglas que aparecem junto a nomes de consultores e analistas de investimentos —que ser referem às certificações que eles possuem. Mas o que diferencia cada uma dessas certificações? O que cada profissional habilitado pode fazer na prática?
O UOL ouviu especialistas na área para esclarecer essas e outras dúvidas sobre a qualificação de profissionais do mercado financeiro e, assim, ajudar os investidores a buscarem o melhor serviço para suas necessidades. Confira logo abaixo.
Analista versus consultor
O primeiro passo aos investidores é entender a diferença entre o consultor e o analista de investimentos. Segundo Edgar Abreu, CEO da 4U Edtech, os dois profissionais podem falar de aplicações a investidores interessados.
Entretanto, o analista é o profissional que estuda os balanços das empresas para fazer recomendações a respeito de determinada ação. Para tal função, é necessário ter curso superior completo e adquirir a CNPI (Certificação Nacional do Profissional de Investimento), administrada pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec).
Se eu tenho um cliente e indico a compra de ações de uma empresa, isso é um tipo de consultoria. No entanto, se eu faço isso de forma pública, no YouTube, no Instagram ou em um podcast, com recomendações de compra das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), é um trabalho de um analista de investimento.
Edgar Abreu, CEO da 4U Edtech
E mesmo com a certificação CNPI há diferenças. O analista de investimentos fundamentalista vai ter a CNPI. Esse profissional observa o balanço da empresa, os resultados, pagamentos de dividendos para elaborar relatórios e dizer se a ação está cara ou barata.
Já o profissional que detém a CNPI-T é o analista que realiza análises gráficas (também chamadas de análises técnicas). Isto é, observa o histórico do papel para fazer novas projeções.
Além disso, os profissionais plenos, que possuem as certificações tanto para análises fundamentalistas quanto gráficas, são reconhecidos pela CNPI-P.
Outras certificações do mercado financeiro
Para os consultores de investimentos também existem diferentes certificações. Assim, os profissionais podem oferecer tipos de serviços aos clientes.
Se ele quer trabalhar com relatórios, precisa ser um analista com CNPI. Mas se a intenção é explicar investimentos de forma profunda para o investidor, é preciso ter no mínimo o CEA.
Pedro Guimarães, CEO da plataforma de investimentos Fiduc
- CPA-10 ou CPA-20
Quem trabalha na distribuição de investimentos em agências bancárias ou plataformas precisa da certificação PA-10 (Certificação Profissional Anbima Série 10) ou CPA-20 (Certificação Profissional ANBIMA Série 20).
Ambas são certificações fornecidas pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). A CPA-10 é indicada a quem está no início da carreira bancária, enquanto a CPA-20 é recomendada aos profissionais que pretendem gerir ou já gerem contas de clientes com recursos financeiros mais altos.
- CEA
Também fornecida pela Anbima, a CEA (Certificação Anbima de Especialistas em Investimento) é um tipo de certificação que habilita o profissional como especialista de investimentos. Na prática, é utilizada para profissionais de instituições financeiras na distribuição de produtos.
"Em geral, a CEA é voltada para quem trabalha com alta renda, que é um segmento de cliente ou que ganha mais ou que tem um bom montante investido. Os gerentes precisam ter um conhecimento mais profundo para tais recomendações", diz Abreu, da 4U.
- CFP
Na etapa seguinte, o profissional pode tirar a certificação internacional CFP (Certified Financial Planner, Planejador Financeiro Certificado na tradução). Dessa maneira, ele tem um escopo de atuação ainda maior.
Entre as atividades, é capaz de avaliar os riscos em toda a vida financeira do cliente, incluindo seguros, sucessão de empresas, Imposto de Renda e planejamento financeiro.
- CFA
Outra certificação internacional igualmente ou mais cobiçada até que o CFP é o CFA (Chartered Financial Analyst, algo como Analista Financeiro Certificado).
Destinada aos profissionais que são analistas financeiros e de investimentos, permite o trabalho em casas de análise, fundos de private equity, consultorias ou de companhias de seguro, entre outras, em diversos países.
Qual a diferença de um influencer para um profissional certificado?
Para o sócio da Fiduc, é importante que profissionais que abordam conteúdo nas redes sociais ou demais plataformas sejam certificados. Isso porque o mercado de investimentos, regulado pelo Banco Central e demais autarquias, exige que os analistas e consultores sejam qualificados para oferecer produtos financeiros aos clientes.
Em outubro, a Anbima e a CVM fecharam um convênio para acompanhar a atividade de influencers nas redes por conta do impacto desses comunicadores e do aumento expressivo de pessoas físicas no mercado financeiro —especialmente após anúncios de famosos como a socialite Kim Kardashian sobre criptomoedas.
A cultura do influenciador não é uma questão só do Brasil e não está restrita ao mercado de investimentos. Temos influenciadores que falam de nutrição e não são nutricionistas ou médicos, o que pode ser um problema por conta da baixa qualificação.
Pedro Guimarães, CEO da plataforma de investimentos Fiduc
Além disso, a certificação contribui para estabelecer limites éticos na atuação do profissional, segundo Abreu, da 4U. Por outro lado, ele acredita que os analistas, consultores e especialistas em investimentos devem deixar de lado o "economês".
"Assim como temos que cobrar mais certificação dos influenciadores, a gente também deve cobrar dos certificados que tenham uma comunicação mais acessível'', afirma o especialista.
Para consultar os profissionais certificados pela Anbima, basta acessar este endereço. No caso das certificações fornecidas pela Apimec, também é possível consultar o site da instituição.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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