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Com queda de 40% só neste ano, ação de dona das Casas Bahia pode ir a R$ 1?

Via: com preço cada vez mais baixo das ações, veja o que esperar - Divulgação
Via: com preço cada vez mais baixo das ações, veja o que esperar Imagem: Divulgação

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, de São Paulo

27/05/2022 04h00

Das cerca de 400 ações da Bolsa de Valores brasileira (B3), só 26 valem menos de R$ 2. Há ainda um grupo de nove ativos que custam menos de R$ 1, como Oi (OIBR3) e Banco Pan (BPAN12). E atualmente o mercado está de olho em Via (VIIA3), que tem chegado cada vez mais perto desse valor.

A proprietária das Casas Bahia, Ponto e do e-commerce Extra viu suas ações desvalorizarem mais de 70% no acumulado dos últimos 12 meses. No final de maio de 2021, a ação custava R$ 10,61. Seu preço mais alto no período (atingido em 20 de agosto do ano passado) foi de R$ 11,27. De lá para cá, a ação só foi ladeira abaixo e na última quinta-feira (26) estava um pouco acima de R$ 3.

Com uma queda acumulada de quase 40% somente em 2022, as ações da Via (VIIA3) podem chegar a R$ 1? Com um preço cada vez mais baixo, vale investir na empresa? Veja o que dizem os especialistas ouvidos pelo UOL logo abaixo.

O que está acontecendo?

A culpa é, basicamente, dos juros e da inflação. "A alta da taxa de juros tem comprometido a recuperação de empresas como a Via (VIIA3), porque reduz o poder de compra da população", declara Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

Para tentar recuperar as vendas, as empresas de varejo partem para dar descontos, reforçar as campanhas publicitárias, e tudo isso custa dinheiro. "Quem sofre é a margem de lucro", afirma.

Ele diz que a reposição de estoque também é um desafio, com câmbio desvalorizado e problemas de oferta de algumas cadeias produtivas. Por conta das restrições na China — devido ao lockdown por conta da nova onda de coronavírus no país — e da guerra na Ucrânia, muitos produtos demoram mais para chegar — ou nem chegam.

"A pandemia trouxe uma aceleração do consumo digital, e isso reforçou a entrada de concorrentes internacionais como Amazon, Alibaba e Shopee", diz o analista.

A tendência é continuar caindo se a situação econômica não mudar. Nas lojas físicas, 30% de todas as vendas são feitas parceladas. E essas lojas representam 50% do total de vendas das empresas do grupo. No online, nos últimos 12 meses encerrados ao fim do primeiro trimestre deste ano, 6,3% das vendas eram feitas a crédito.

Então, há risco de a ação da Via valer menos de R$ 1?

Existe a possibilidade, sim. Mas ainda é distante. Aconteceria com mais facilidade se a empresa tivesse dificuldades financeiras, que não é o caso.
Heitor Martins, especialista em renda variável na Nexgen Capital

Mas os resultados do primeiro trimestre não foram tão bons. O lucro líquido do primeiro trimestre foi de R$ 86 milhões, 52,2% menor que nos mesmos meses de 2021.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 758 milhões, uma alta de 29,8% sobre igual período de 2021, com margem de 10,2%, acima dos 7,7% de um ano antes.

Penny stock

O problema é que, se a Via continuar caindo e passar a valer menos que R$ 1, ela se tornará o que o mercado apelida de penny stock. São as ações negociadas na casa dos centavos, abaixo de R$ 1.

Como regra, a B3 não permite que as empresas tenham o preço de fechamento de suas ações abaixo de R$ 1 por 30 pregões seguidos. "Nesse caso, a B3 estabelece prazos para que as companhias classificadas como 'penny stocks' revertam a situação", afirma Chinchila.

A B3 impõe essa regra para evitar distorções no mercado. No caso de uma ação cotada a R$ 20, uma variação de R$ 0,01 representa oscilação de 0,05% de alta. Porém, se o papel custa R$ 0,10, a mesma variação de R$ 0,01 representa oscilação de 10%.

Por isso, a Bolsa manda, por exemplo, que a companhia faça um grupamento de ações: condensar o capital em um número menor de papéis e, consequentemente, aumentar o valor de cada ativo.

Vale comprar ações da Via (VIIA3), nesse preço?

A maior parte das casas de análise (Banco do Brasil, Bradesco BBI, Citi, Credit Suisse, entre outras) tem recomendação neutra para Via (VIIA3): não vale a pena comprar, e vender agora também é prejuízo.

"Apesar de vermos muito potencial de crescimento, tanto no canal físico quanto no digital, acreditamos que a empresa deve enfrentar um cenário competitivo bastante desafiador", diz a XP Investimentos.

O BTG Pactual avaliou que a empresa "apresentou um conjunto fraco de resultados no primeiro trimestre".

O Goldman Sachs vai além: a recomendação é de venda da ação, a mesma do Bank of America Merrill Lynch e do Morgan Stanley.

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