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Poupança bate dólar em maio, e Bolsa é aplicação com maior ganho; veja

Veja ranking no mercado de investimentos, variações acumuladas no ano e cenários para segundo semestre - Shutterstock
Veja ranking no mercado de investimentos, variações acumuladas no ano e cenários para segundo semestre Imagem: Shutterstock

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

31/05/2022 17h28

Após um começo de mês negativo, o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa, encerrou maio em alta, após tombo em abril. Foi o quarto mês em que a Bolsa ficou no azul no ano. O dólar comercial voltou a recuar após a valorização de abril, acentuando a queda neste ano e perdendo de longe para a poupança, que acumula alta de 2,9% desde janeiro.

Marcado pela volatilidade dos mercados, o mês de maio pode ser uma prévia do que está por vir nos próximos meses, dizem profissionais de mercado. Por isso, a continuidade dos ganhos do Ibovespa e da desvalorização do dólar será testada em junho e no próximo semestre.

Veja abaixo o desempenho de algumas aplicações em maio, a variação acumulada neste ano e cenários de analistas para o restante de 2022.

Veja o desempenho de alguns investimentos em maio

  • Ibovespa: +3,22%
  • Poupança: +0,67%
  • Ifix (Índice de FIIs): +0,28%
  • Dólar: -3,84%
  • Ouro: -6,69%

Um mês em dois momentos

O mês de maio teve dois momentos opostos. No início, até o dia 10, a Bolsa operou em queda, e o dólar em alta, influenciados pela expectativa de aumento mais forte dos juros nos Estados Unidos e pelas medidas de restrições na China.

O receio de elevação de juros nos Estados Unidos provocou uma busca por ativos mais seguros, como os títulos do Tesouro norte-americano, fazendo com que boa parte dos capitais fosse para essa categoria de investimento, levando o dólar a subir. E medidas de lockdown na China, no começo do mês, geraram queda das commodities, um setor de empresas que têm ações importantes na Bolsa brasileira.
Matheus Jaconeli, analista de investimentos da Nova Futura

Mas, antes da metade do mês, a divulgação de indicadores econômicos dos EUA mais fracos que o esperado reduziram as apostas em um aumento mais forte dos juros americanos.

E, na China, o governo autorizou a reabertura das atividades em áreas que estavam sob lockdown, anunciando também medidas de estímulo econômico.

A alta do Ibovespa em maio foi impulsionada pelo índice de materiais básicos, que é composto por empresas atreladas a commodities, e pelo índice financeiro, refletindo os balanços referentes ao primeiro trimestre de 2022.
Stefany Oliveira, chefe de trade da Toro Investimentos

    Bolsa

    Com o desempenho apurado em maio, o Ibovespa retomou a tendência de alta. O indicador havia emendado cinco valorizações mensais até abril, quando recuou 10,1%.

    Mas a variação positiva este ano ainda não é suficiente para o Ibovespa recuperar os patamares recordes de pontuação atingidos há um ano, quando o indicador chegou a 130 mil pontos.

    Maio pode ter sido um aperitivo do que vamos ter no restante do ano em termos de volatilidade. Mas a situação do Brasil no mercado mundial pode ser vantajosa para atrair investimentos por causa da posição que o país tem em commodities.
    Gustavo Bertotti, chefe de renda variável da Messem Investimentos

    Fundos imobiliários

    Já o Ifix, índice que acompanha as cotas dos fundos imobiliários negociados na Bolsa, segue operando de lado, como dizem profissionais de mercado, ou seja, com variações ao redor de zero. A alta dos juros, a inflação elevada e a atividade econômica ainda morna no Brasil são adversários do setor imobiliário, dizem.

    Dólar

    No mercado de câmbio, o dólar voltou a ser cotado abaixo de R$ 5 após ter batido, ainda em maio, cotações de R$ 5,15, que não eram atingidas desde fevereiro.

    Poupança

    E a poupança segue entregando o rendimento fixo de 0,5% ao mês mais a variação da TR (Taxa Referencial, um indicador do mercado financeiro), deixando de aproveitar a alta da Selic depois que a taxa básica de juros superou os 8,5% ao ano —por causa das regras de rendimento da caderneta.

    Veja o desempenho de alguns investimentos em 2022

      • Ibovespa: +6,23%
      • Poupança: +2,91%
      • Ifix (Índice de FIIs): +0,61%
      • Dólar: -14,76%
      • Ouro: -15,45%

      Cenários para o restante do ano

      Os movimentos de alta e de baixa de Ibovespa e dólar ao longo de um mesmo mês antecipam uma volatilidade que deve marcar o comportamento dos mercados em junho e no segundo semestre, dizem profissionais de mercado, que apontam as fontes das incertezas que devem alimentar essas oscilações.

      China: O ritmo de crescimento da economia chinesa é importante para os preços das commodities no mercado internacional porque dele depende a valorização de minérios, grãos e outras matérias-primas produzidos e vendidos por empresas brasileiras que têm peso no Ibovespa. Notícias negativas sobre a China vão atrapalhar a Bolsa.

      O fluxo de recursos estrangeiros pode ajudar o Brasil. O país está favorável em renda fixa, por causa dos juros mais elevados que outros emergentes. E, na renda variável, as empresas estão apresentando bons resultados, mas têm preços das ações ainda descontados.
      Gustavo Bertotti, chefe de renda variável da Messem Investimentos

      Juros norte-americanos: A inflação nos EUA segue nos maiores patamares em décadas. Por isso, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) já começou a subir juros. Mas a divulgação de indicadores que mostrem um crescimento mais forte da economia podem levar a uma alta de juros ainda mais acelerada por lá. Se isso ocorrer, o dólar pode voltar a subir.

      O petróleo não para de subir, e isso realimenta a inflação global, o que pode trazer de volta a discussão sobre aumentos de juros mais fortes nos Estados Unidos e também no Brasil.
      Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset

      Eleições: A proximidade do segundo semestre deve aumentar a influência das eleições presidenciais brasileiras, em outubro, sobre os mercados. Historicamente, os períodos que antecedem a votação para presidente da República são marcados por mais incertezas sobre os rumos da economia, o que influencia decisões de investidores nos mercados e, por tabela, as cotações de ações e outros ativos financeiros.

      Questões como ingerência governamental em companhias públicas podem gerar impacto no dólar e nos juros, além de elevar o risco para Bolsa. A chegada do pleito eleitoral pode gerar mais volatilidade e aversão ao risco internamente.
      Matheus Jaconeli, analista de investimentos da Nova Futura

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