Nova Selic muda rendimento, e poupança passa a ganhar menos que hoje
Resumo da notícia
- Taxa básica de juros sobe acima de 8,5% e dispara gatilho que altera cálculo de rendimento da poupança
- Agora, poupança passa a render 0,5% ao mês mais TR, que está zerada. No ano, rendimento será de 6,17%
- Com mudança, poupança deixa de seguir taxa básica de juros Selic
A fórmula de cálculo do rendimento da poupança vai mudar a partir de quinta-feira (9). A caderneta agora vai render 0,5% ao mês mais a variação da TR (Taxa Referencial, um indicador do mercado financeiro), que está zerada. Ou seja, o rendimento será de 0,5% ao mês. No ano, isso vai dar 6,17%, por causa dos juros compostos —ou seja, o rendimento que se acumula mês após mês.
Se a regra de cálculo de rendimento da poupança continuasse acompanhando a Selic, o ganho da aplicação com a Selic de 9,25% seria de 6,48% ao ano. Ou seja, a caderneta de agora em diante passa a ter uma taxa de rendimento menos interessante para o aplicador do que tinha até esta quarta-feira.
E essa mudança da regra da poupança acontece agora porque nesta quarta-feira (8) o Banco Central aumentou a Selic, de 7,75% para 9,25% ao ano, ou seja, superando os 8,5%.
Entenda a regra da poupança
Até 2012, a regra do rendimento da poupança era uma só. Toda caderneta rendia 0,5% ao mês mais a variação da TR.
A partir de 2012, ficou estabelecido que a poupança só renderia 0,5% ao mês se a taxa básica de juros (Selic) estivesse acima de 8,5% ao ano. Se estivesse abaixo de 8,5%, a poupança renderia 70% da Selic.
A Selic estava até hoje em 7,75% ao ano, rendendo, portanto, 70% da Selic, ou 5,43% ao ano (para fazer a conta, basta multiplicar a Selic por 0,7).
Quando muda o rendimento
A referência do rendimento da poupança é a taxa Selic vigente na data de aniversário do depósito. Se a data de aniversário da aplicação for 7 de dezembro, por exemplo, vai valer o cálculo de rendimento de 70% da Selic, ou seja, a fórmula de remuneração atual.
Só no dia 7 de janeiro, próximo aniversário desse depósito, é que começa a valer o rendimento de 0,5%.
Poupança deixa de acompanhar juros
Com a nova fórmula, a poupança vai perder atratividade em relação a outras aplicações de renda fixa, apontam profissionais de mercado, porque deixará de acompanhar a taxa básica de juros da economia.
Não importa o quanto a Selic suba, a poupança vai continuar dando ao aplicador um ganho fixo de 0,5% ao mês.
Quanto mais a Selic subir, maior será essa diferença.
Valter Police Jr., planejador financeiro e sócio da Fiduc
O mercado projeta que a taxa básica de juros deve subir até 11,25% no ano que vem, conforme estima o Boletim Focus, uma pesquisa semanal do Banco Central com mais de cem instituições financeiras e consultorias.
Quanto mais a Selic sobe, maior o ganho do investidor em aplicações de renda fixa (como Tesouro Selic). Mas no caso da poupança, o rendimento vai seguir em 0,5% ao mês.
Mesmo que a Selic suba para 11%, a poupança vai continuar rendendo 0,5% ao mês. Já outras opções de renda fixa, como Tesouro Selic, vão aproveitar de perto a alta dos juros.
Theo Linero, planejador financeiro pela Planejar
A poupança fica em desvantagem mesmo sendo isenta de Imposto de Renda, tributo cobrado de outras aplicações, como Tesouro Selic.
Veja nesta comparação, que considera R$ 1.000 aplicados por um ano e um dia, quando a alíquota de Imposto de Renda passa a ser de 17,5%, que a poupança rende cada vez menos que o Tesouro Selic.
Com Selic a 9,25%
- Tesouro Selic rende R$ 76,31
- Poupança rende R$ 61,70
Com Selic a 11,25%
- Tesouro Selic rende R$ 92,81
- Poupança rende R$ 61,70
Perda para a inflação
Os planejadores financeiros lembram ainda que a inflação corrói o ganho da poupança e de todas as aplicações de renda fixa. Só para comparar, com uma inflação anual de 10,67% medida pelo IPCA, R$ 1.000 perdem R$ 106,70 após um ano.
Ou seja, o aplicador tem um rendimento nominal (aquele que aparece no extrato da conta) positivo, mas em termos reais está perdendo dinheiro.
O Banco Central está subindo os juros exatamente para tentar controlar a inflação, que está atingindo os maiores patamares desde 2015, como explicamos aqui.
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