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Quem é Luiz Barsi Filho, bilionário da Bolsa investigado pela CVM

Luiz Barsi Filho: o "rei dos dividendos" é investigado pela CVM - Forbes
Luiz Barsi Filho: o "rei dos dividendos" é investigado pela CVM Imagem: Forbes

Do UOL, em São Paulo

17/10/2022 14h51

Luiz Barsi Filho, 83 anos, é tido como o maior investidor individual da Bolsa de Valores brasileira. Ele está sendo investigado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a respeito de uma operação de compra de ações da Unipar, empresa química, no ano passado. Em nota, ele disse ter "plena convicção que nada de errado foi praticado".

Segundo a Forbes, seu patrimônio é avaliado em R$ 2 bilhões apenas em ações. Filho de imigrantes espanhóis, ficou órfão do pai com apenas um ano de idade. Durante sua infância no bairro do Brás, chegou a ser engraxate. Também chegou a vender balas no cinema e trabalhou como aprendiz de alfaiate.

Sua carreira como investidor começou cedo. Aos 14 anos começou a trabalhar em uma corretora de ações e decidiu investir parte de seu salário, preocupado com sua aposentadoria. Por causa desse emprego, fez uma formação técnica em contabilidade.

Barsi atuou como editor de economia, do jornal Diário Popular, entre 1970 e 1988. É formado em direito pela Faculdade de Direito de Varginha e em economia na Faculdade de Economia, Finanças e Administração de São Paulo.

Entre suas estratégias para atuar na Bolsa, está o foco no longo prazo e a busca de empresas perenes e pagadoras de dividendos. Ele afirmou, em entrevista ao Podcast do Primo Rico (Thiago Nigro), que recebeu R$ 1 milhão por dia, em média, em dividendos no ano passado. Ele investe em ações como Banco do Brasil, Klabin, Suzano, Taurus, Taesa, Cemig e Isa Cteep.

Investimento é de família: Barsi tem cinco filhos, que também incentivou a atuarem no mercado de ações. Louise Barsi é fundadora da plataforma de investimentos Ações Garantem o Futuro. Luiz Barsi Neto é fundador da Barsi Investimentos e também atua há 37 anos na Bolsa.

Sua autobiografia, chamada "O Rei dos Dividendos", será lançada em novembro. A B3, a Bolsa de Valores, foi questionada se Barsi é de fato o maior investidor individual brasileiro, mas não respondeu até a publicação desta matéria.

O que está sendo investigado? Luiz Barsi Filho é investigado pela CVM por conta de uma operação de compra de ações da Unipar.

Barsi tem 13,92% das ações ordinárias da Unipar - é o segundo maior acionista da empresa química. O controlador, com 50,001% das ações, é Vila Velha S.A. Administração e Participações.

Segundo a coluna do Lauro Jardim, no jornal O Globo, a investigação começou em fevereiro deste ano. O processo corre em sigilo. Não é possível saber quantas ações Barsi comprou e nem quanto lucro teria tido com essa operação.

Segundo a CVM, a investigação busca "apurar responsabilidades pelo uso de informação privilegiada por administrador da UNIPAR CARBOCLORO S.A., antes da divulgação do fato relevante de 02.06.2021 pela Companhia."

A CVM apura se Barsi obteve informação privilegiada, por ser membro do Conselho de Administração, antes da divulgação do comunicado da companhia.

Em 2 de junho, a Unipar divulgou um comunicado na CVM a respeito de uma notícia do jornal Valor Econômico, que dizia que ela estaria perto de comprar uma fábrica de cloro-soda da Compass Minerals por R$ 300 milhões. A Unipar disse que firmou com a Compass Minerals um acordo de confidencialidade para uma possível operação entre Compass e a companhia. O negócio não avançou.

Nos pregões anteriores ao pronunciamento, as ações da empresa se valorizaram e chegaram a subir quase 7% em um mesmo dia. A empresa divulgou, no dia 1°, "que não tem conhecimento de nenhum fato ou ato relevante que possa ter justificado a oscilação de referidas ações nos pregões acima mencionados".

E o que diz Luiz Barsi? Barsi diz que é acionista cativo da Unipar há mais de 10 anos, além de atuar como conselheiro de administração. Ele diz que as ações que comprou da Unipar se tratam de "valores extremamente imateriais perante minha posição e perante o volume médio diário negociado". Além disso, teria sido uma operação de compra de ações - ou seja, ele não lucrou com a venda das ações, que se valorizaram, diz.

Veja abaixo o comunicado completo:

"Como todos publicamente sabem, minha carteira é formada por décadas de investimento em bolsa de valores, sempre com um viés de compra para proporcionar uma renda financeira através dos dividendos. Em outras palavras, não tenho ativos de curto prazo, muito menos com o propósito direto de me beneficiar da rápida valoração de qualquer ativo, já que raramente vendo minhas posições.

O fato descrito pelo jornalista Lauro Jardim, que não me procurou para maiores esclarecimentos antes, se trata de um procedimento de apuração, do qual tenho plena convicção que nada de errado foi praticado. Digo isto, pois as operações questionadas:

1- Ocorreram FORA do período de silêncio, portanto lícitas como previsto pela Resolução da CVM nº 44/21;

2- Se tratam de valores extremamente imateriais perante minha posição e perante o volume médio diário negociado;

3- Foram operações EXCLUSIVAMENTE de compra, como sempre preconizei, portanto, sem evidência de qualquer venda ou lucro auferido;

Como disse, não tenho uma carteira especulativa e nem me respaldo em qualquer informação para aquisição ou venda dos meus ativos, valendo-me sempre dos meus princípios que me guiam desde o início da minha vida como investidor. Estou e sempre estive à disposição das autoridades, cujo procedimento corre na esfera administrativa e ainda está em fase inicial."

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