Ações de brasileira dobram após parceria com Shein; vale investir?
A Shein anunciou que iria passar a produzir roupas no Brasil, e firmou uma parceria com uma empresa brasileira para isso. As ações da Coteminas (CTNM4) estão em alta com a notícia.
O que o acordo inclui
A chinesa firmou um acordo com a da Coteminas (CTNM4), que produz e comercializa fios e tecidos em geral. É a Companhia de Tecidos Norte de Minas, dona das marcas Artex, Santista, MMartan e Casa Moysés. O documento prevê que 2.000 dos clientes confeccionistas da empresa passem a ser fornecedores da companhia asiática para atender os mercados doméstico e da América Latina.
Empresas assinaram parceria. O presidente da empresa, Josué Gomes da Silva, que também preside a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), anunciou a assinatura de um memorando de entendimentos com a chinesa Shein.
As ações da companhia quase dobraram desde o anúncio. As ações ordinárias (CTMN3) saíram de R$ 8,02 na segunda-feira, 24, para R$ 11,99 hoje, por volta do meio dia. Mas chegaram a bater mais de R$ 15. Já as ações preferenciais (CTMN4) passaram de R$ 1,71 para R$ 2,90 no mesmo intervalo, e chegou perto dos R$ 3,50.
Depois de dispararem nos últimos dias, hoje as ações estão em queda. Isso porque os investidores estão vendendo os papéis e embolsando os lucros que tiveram nos últimos dias com a disparada das ações.
Mas, até então, as ações estavam sofrendo. Em 12 meses, os papéis CTMN3 passaram de R$ 7,91 para R$ 4,01, queda de 49,3%. Já as ações CTMN4 saíram de R$ 3,32 para R$ 1,21 no dia 20 de abril, antes do anúncio, queda de 63,55%.
Como estão a Shein e a Coteminas no mercado
Shein é gigante global. A Shein é uma plataforma de comércio eletrônico que vende em mais de 150 países. Além de roupas, a Shein também vende acessórios para casa e para animais de estimação. O BTG estima que ela tenha faturado R$ 8 bilhões no Brasil em 2022, um crescimento de 300% em relação ao ano anterior.
É concorrente forte para as brasileiras. As vendas já se aproximam da concorrente Renner (LREN3), líder no varejo brasileiro de vestuário, com vendas de R$ 13,27 bilhões no ano passado (incluindo YouCom, Ashua e Camicado) e deixa para trás outras companhias como a Marisa (AMAR3), que totalizou R$ 2,78 bilhões em vendas no ano passado.
A Coteminas não é uma empresa em plena forma. Isso pode representar um risco para os investidores. A ação tem pouca negociação e não está dentro do Ibovespa.
A empresa está endividada e vem sofrendo com os juros altos. Suas despesas financeiras estão em alta, declara André Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital. De acordo com o último relatório divulgado, a empresa gerou prejuízo no terceiro trimestre de 2022.
O acordo pode melhorar os negócios da brasileira?
"Difícil dizer", afirma Fernandes. "Devemos lembrar que a carga tributária é alta, e isso deve impactar demais a principal vantagem competitiva da Shein, que é o baixo preço de seus produtos."
Outro problema é que as empresas só assinaram um memorando de entendimento. Esse é um acordo preliminar que funciona como um "pré-contrato" e não existem garantias de que o negócio será realmente fechado. "Acredito que estudos da Shein serão feitos para verificar a viabilidade do projeto, antes de assinar um contrato efetivo de parceria", diz diretor da A7 Capital.
Como a empresa é bem pouco negociada na Bolsa, parte da alta dos últimos dias pode ser especulação. Por isso, o investidor deve tomar cuidado ao embarcar nessa onda de otimismo que tomou conta do papel. Do mesmo jeito que as ações subiram, segundo o diretor da A7 Capital, elas podem cair e com a mesma velocidade.
Se der certo, pode ajudar muito a Coteminas. "É provável que o acordo vá trazer um maior volume de negócios para a Coteminas, o que pode mudar o patamar da empresa. Ela pode absorver negócios em território brasileiro e na América Latina também", diz Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos.
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