Ações do varejo, como Carrefour, Assai e Renner, caem na Bolsa: e agora?
As ações de empresas do varejo estão entre as maiores quedas do ano. Juros e inflação altos estão prejudicando as vendas dessas empresas, que tiveram prejuízos e precisaram fechar lojas. Alpargatas, Assaí, Carrefour, Renner e Méliuz despencaram na Bolsa e estão entre as 10 maiores quedas desde o começo do ano, segundo levantamento do Trademap.
Empresas têm prejuízo e ações caem
Quedas são grandes. Alpargatas (ALPA4) caiu 49,07%, Assaí (ASAI3) perdeu 40,80% do valor, Carrefour (CRFB3) caiu 38,77% na Bolsa, e Meliuz (CASH3) perdeu 30,51%, segundo levantamento do Trademap desde o começo do ano até o dia 4. Arezzo (ARZZ3) também está em queda de 23,96% e Renner (LREN3), de 23,72%. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores no Brasil, está em queda de 6,89% no mesmo período.
O Carrefour teve um prejuízo milionário no primeiro trimestre do ano. As vendas do grupo - que incluem lojas Carrefour, Atacadão e Big - subiram 30,7%, mas as despesas cresceram ainda mais - 52,2%. A rede teve um prejuízo de R$ 113 milhões entre janeiro, fevereiro e março, revertendo lucro de R$ 370 milhões um ano antes.
Rede gastou mais com as lojas Big. Houve um aumento nos investimentos para conversão de lojas adquiridas do BIG em Atacadão. O Carrefour Brasil comprou o BIG no primeiro semestre do ano passado por R$ 6,5 bilhões.
O rival do Carrefour, o GPA - ou Grupo Pão de Açúcar - também teve prejuízo. Controlado pelo grupo francês Casino, o GPA perdeu R$ 248 milhões no mesmo período.
A Lojas Renner fechou quatro lojas da Renner, três da Youcom e 13 lojas da Camicado, de itens para a casa.
A Alpargatas, dona das Havaianas, também teve prejuízo. As vendas caíram e os custos para fabricar os chinelos e outros produtos subiram. Depois da aquisição de 49% da americana Rothy's, no final de 2021, os custos da empresa subiram e os resultados ainda não chegaram.
Presidente renunciou ao cargo. No dia 27, Roberto Funari deixou a presidência.
Crise do varejo envolve juros e concorrência
As empresas de varejo sofrem com os juros altos. Com os juros em dois dígitos desde fevereiro do ano passado, o resultado financeiro delas cai muito. Os consumidores ficam mais endividados e evitam comprar itens caros, que precisam ser parcelados.
Dívidas também estão altas. Muitas delas emprestam dinheiro do banco para comprar de seus fornecedores. "O mercado fica com receio de que o que aconteceu com a Americanas se espalhe para outras empresas, diz Denis Medina economista e professor da Faculdade de Comercio de São Paulo (FAC-SP).
Para piorar, a concorrência chinesa está crescendo. A chinesa Shein, com roupas muito baratas, afetou diretamente as vendas da Renner. Além disso, o verão chuvoso também prejudicou as vendas da empresa, focada em moda, acrescenta o Bank of America em relatório.
Magazine Luiza é exceção, mas ainda tem cenário ruim
O caso de Magazine Luiza é um pouco diferente - ação subiu mais de 40% desde o começo do ano. O rombo nas Americanas levou vários investidores a migrarem para ações como Magazine Luiza e Mercado Livre.
Mas, desde o início de fevereiro, já perdeu parte do valor que ganhou com a queda da concorrente. "Com os juros altos do jeito que estão, o Magalu não vai ver sua receita crescer, e por isso nossa classificação para ela é neutra", diz Gabriel Meira especialista e sócio da Valor Investimentos.
Situação pode melhorar, mas depende da economia. Com o novo governo reajustando o salário mínimo e a inflação demonstrando arrefecimento, o cenário começa a melhorar, e isso acabou sendo refletido positivamente nas ações da Magalu, diz André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
Mercado derruba valor das ações
Investidores estão com pé atrás com empresas do setor. Além dos prejuízos, a percepção do mercado sobre o setor também faz as ações caírem.
"As empresas de varejo sofrem com os dois lados: com a economia real e com as percepções de valor que os investidores têm com as empresas", diz Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos.
É o caso da Mélliuz, companhia de cupons de desconto e programa de "cashback" para o varejo. A ação da empresa já chegou a custar quase R$ 12 em julho de 2021, hoje é negociada a menos de um real (R$ 0,83).
Lá atrás, quando os juros eram 2% ao ano, o mercado esperava que a empresa fosse crescer bastante num futuro próximo. Com essa crise, esse crescimento vai ser menor e vai demorar mais tempo para chegar. "E esperar esse crescimento, com uma taxa de 13,75%, ficou mais caro para o investidor", diz Varejão.
Assim, investidores vendem a ação da Méliuz e o preço cai. No mês passado, a empresa iniciou o grupamento de ações na proporção de uma para 100, para tentar aumentar a negociação do papel.
Essa crise no varejo vai durar?
Salário mínimo pode ajudar. "Com o novo governo reajustando o salário mínimo, a inflação demonstrando arrefecimento, o cenário para ativos domésticos começa a melhorar", diz André Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital, de Curitiba.
Se houver uma queda nas taxas de juros, esses ativos devem se beneficiar. Mas caso os patamares continuem altos, vai ficar bem difícil para essas empresas, mesmo com vendas melhores, porque os juros fazem as suas dívidas aumentarem num ritmo mais forte que o do crescimento de faturamento, diz Fernandes.
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