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Oferta bilionária do Magazine Luiza acirra guerra no e-commerce

5.jan.2018 - Fila em frente à loja da rede Magazine Luiza na Marginal Tietê, zona Norte de São Paulo - Nelson Antoine/UOL
5.jan.2018 - Fila em frente à loja da rede Magazine Luiza na Marginal Tietê, zona Norte de São Paulo Imagem: Nelson Antoine/UOL

Vinícius Andrade, Felipe Marques e Fabiola Moura

12/11/2019 09h01

O Magazine Luiza está construindo um arsenal de guerra para enfrentar a crescente concorrência no comércio eletrônico brasileiro.A varejista está aproveitando as ações na máxima histórica para levantar até R$ 4,4 bilhões em oferta primária de ações hoje. O dinheiro será usado para aumentar os investimentos em tecnologia e expansão online - o mais recente de uma série de movimentos de empresas como Amazon.com e Mercado Livre para atrair consumidores ávidos por novidades no ambiente digital em um dos países mais populosos do mundo.

"É um setor muito competitivo e difícil, então é necessário investir muito para vencer a corrida", disse Leonardo Rufino, gestor de portfólio da Pacífico Gestão de Recursos.

Quatro empresas - B2W Cia Digital, Mercado Livre, Magazine Luiza e Via Varejo - detêm mais de 60% do mercado de comércio eletrônico no Brasil, segundo dados do Euromonitor International. O mercado de varejo online do país mais do que dobrou nos cinco anos até 2018 e deve quase dobrar novamente, para R$ 128,7 bilhões até 2023, segundo dados da provedora de pesquisas de mercado.

Ações em alta

Os investidores do Magazine Luiza não se abalaram com a expansão da Amazon na maior economia da América Latina. Desde que a empresa americana anunciou a chegada de seu programa Prime ao Brasil em 10 de setembro, Magazine Luiza subiu 38,5%, o melhor desempenho do Ibovespa nesse período. As ações mais que dobraram de valor em 2019 e estão no quarto ano consecutivo de retornos grandiosos.

Mesmo com a economia brasileira lutando para ganhar força após uma longa recessão, o Magazine Luiza tem frequentemente surpreendido os analistas, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O lucro líquido ajustado superou as expectativas a cada trimestre desde o início de 2016 - o último resultado superou até a estimativa mais otimista, com o volume de mercadorias brutas online crescendo 96% ano a ano. As vendas em seu marketplace aumentaram 300% no mesmo período.

"Se a empresa continuar crescendo desse jeito, o valuation não será um problema", disse William Leite, chefe da mesa de ações da Garde Asset Management.

"A oferta de ações é um movimento estratégico, pois a empresa fortalece seu caixa para poder investir em crescimento", disse Leite, que possui ações do Magazine Luiza em seu portfólio.

Cenário competitivo

O Mercado Livre, que planeja investir mais de R$ 3 bilhões no Brasil no próximo ano, levantou cerca de US$ 1,85 bilhão (R$ 7,66 bilhões) em uma oferta de ações em março, com o objetivo de acelerar sua expansão na América Latina, um negócio no qual o PayPal investiu US$ 750 milhões. Em setembro, os acionistas da B2W fizeram um aumento de capital de R$ 2,5 bilhões na empresa para investimentos em sua plataforma digital e aceleração do crescimento.

Também há batalhas por nichos específicos. No início deste ano, o Magazine Luiza e o Grupo SBF, da rede Centauro, travaram uma guerra de ofertas pela Netshoes, a maior vendedora online de artigos esportivos no Brasil, que enfrentava dificuldades financeiras. O Magazine Luiza venceu com uma oferta de US$ 115 milhões - 85% a mais do que estava disposta a pagar inicialmente. No final de outubro, o SBF revidou e anunciou parceria com a B2W para "expandir seus negócios online no universo do esporte".

A forte concorrência e o aumento dos preços das ações assustaram alguns investidores. Fernando Siqueira, gestor de portfólio da MZK Investimentos, não tem exposição a varejistas online. As ações do setor parecem "caras" e a concorrência é "muito forte", disse ele.

A oferta desta terça-feira do Magazine Luiza vem com uma ressalva que poderia adicionar pressão às ações. Se a demanda pela oferta ficar muito aquecida, os acionistas controladores LTD Administração e Participações e Wagner Garcia Participações estão dispostos a vender por volta de R$ 880 milhões em ações. Embora uma oferta secundária dos fundadores da empresa possa causar apreensão, gestores de fundos como Rufino, da Pacífico, permanecem otimistas. Ele aumentou a posição em Magazine Luiza após o anúncio da venda de ações.

"A pressão da oferta atrapalha, mas a maior parte é primária e é sinal de que eles veem um crescimento forte para frente ainda", disse ele.

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