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Igreja Ortodoxa e Rússia podem ser 'plano B' ao confisco no Chipre

20/03/2013 13h51

Empréstimos da Rússia e recursos da Igreja Ortodoxa estão entre as alternativas do Chipre para conseguir os 5,8 bilhões de euros que faltam para completar um pacote de resgate financeiro ao país. A zona do euro e o FMI (Fundo Monetário Internacional) ofereceram ajuda de 10 bilhões de euros, mas deixaram outros 5,8 bilhões por conta do governo cipriota.

Inicialmente, esse valor seria confiscado do dinheiro depositado nas contas bancárias no país. Contudo, o Parlamento do Chipre rejeitou o confisco na terça (19), e o país agora busca alternativas para completar seu pacote de resgate financeiro. 

Chipre e Rússia não chegam a acordo sobre empréstimo

O ministro das Finanças cipriota, Michael Sarris, se reuniu com o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, nesta quarta-feira, para conseguir empréstimo e aliviar a situação financeira do Chipre, mas não houve acordo. O ministro cipriota disse que permanecerá em Moscou pelo tempo que for necessário.

Durante as negociações, o Chipre pediu uma extensão de cinco anos de um empréstimo de 2,5 bilhões de euros que vence em 2016, assim como uma redução da taxa de juros, fixada em 4,5%.

O Chipre também pediu à Rússia um empréstimo de mais 5 bilhões de euros, disse o Ministério das Finanças russo, mas Moscou não anunciou uma decisão sobre o pedido.

"Tivemos uma discussão bastante honesta, destacamos como a situação é difícil", disse Sarris. "Agora continuaremos nossa discussão para encontrar a solução com a qual esperamos receber algum apoio."

Após rejeitar plano de resgate, Chipre negocia com a Rússia

Arcebispo da Igreja Ortodoxa oferece recursos

O presidente do Chipre, Nicos Anastasiadis, se reuniu na manhã desta quarta (20) com o arcebispo do país, Chrysostomos 2º, que ofereceu recursos da Igreja Ortodoxa para ajudar a financiar o resgate do país.

Após o encontro, o arcebispo disse para redes de televisão que a propriedade da Igreja Ortodoxa do Chipre está à disposição do Estado. "Podemos hipotecar toda essa propriedade. Do dinheiro que conseguirmos, compraremos bônus do Estado para salvar o sistema bancário", declarou.

Questionado se a Igreja tem um valor limite de contribuição, o arcebispo respondeu: "Como todos sabem, a propriedade da Igreja é imensa".

A rede de televisão pública RIK confirmou que a ideia do governo do Chipre é conseguir os 5,8 bilhões de euros com fontes alternativas, como os fundos da Igreja Ortodoxa do Chipre ou da Seguridade Social.

Alemanha aguarda novas propostas do Chipre

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que lamenta que o Parlamento do Chipre tenha rejeitado os termos de um resgate europeu, e disse que os parceiros da ilha estão agora esperando uma nova proposta do governo cipriota.

"Eu lamento o voto do Parlamento ontem. Mas é claro que nós respeitamos isso e agora vamos esperar para ver quais propostas o Chipre fará", disse Merkel, após comparecer a uma reunião do comitê de assuntos europeus do Parlamento.

"De um ponto de vista político, eu digo que o Chipre precisa de um setor bancário sustentável. O setor bancário de hoje não é sustentável", afirmou.

"Nós vamos examinar qualquer proposta que o Chipre faça com respeito. A Alemanha quer uma solução."

Mercados estão de olho no Chipre

Os mercados financeiros mundiais estão de olho na pequena ilha no mar Mediterrâneo, ao sul da Turquia. Membro da União Europeia, o Chipre é o quinto país a buscar ajuda financeira da zona do euro na crise da dívida do bloco --depois de Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha.

Apesar de a economia do Chipre representar apenas 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro, os mercados temem que medidas semelhantes abram precedentes e sejam tomadas em países maiores, como Espanha, onde o sistema bancário também está frágil.

O que motivou a cobrança do tributo sobre depósitos foi a fraca regulamentação do sistema financeiro do país. Os bancos do Chipre são conhecidos por serem utilizados para a lavagem de dinheiro de gangues de outros países. É estimado que quase a metade dos depositantes sejam russos não-residente no país.

Confisco dos depósitos bancários

O projeto de lei com emenda previa liberar da taxa os pequenos correntistas, com menos de 20 mil euros (cerca de R$ 51 mil) no banco.

Já os poupadores com depósitos entre 20 mil e 100 mil euros seriam taxados em 6,75%, e aqueles com mais de 100 mil euros pagariam uma taxa de 9,9%. Por exemplo, uma pessoa com 20 mil euros no banco, teria 1,350 euros abocanhados pelo governo cipriota. Já um correntista com 200 mil euros, "pagaria" 19.800 euros.

(Com agências)