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Caçador de promoções cria site de busca de ofertas, e mania vira lucro

Pedro Eugênio usou uma habilidade pessoal para montar empresa e depois conquistou investimento - Divulgação
Pedro Eugênio usou uma habilidade pessoal para montar empresa e depois conquistou investimento Imagem: Divulgação

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

23/05/2013 06h00

O publicitário Pedro Eugênio, 33, transformou seu hobby em um negócio. O hábito de juntar cupons de desconto para compras em lojas virtuais o fez ganhar fama entre amigos, que recorriam a ele sempre que queriam fazer uma compra online.

De tanto ser procurado para essa finalidade, ele criou um site para reunir os cupons em um só lugar, para facilitar o acesso às promoções. Assim surgiu, em 2006, o site Busca Descontos.

“Em um fim de semana eu criei o site e todas as noites eu o abastecia com mais promoções. Aos poucos, os acessos foram crescendo. De uma visita por mês passou para uma por semana, depois para uma por dia, uma por hora, até que eu percebi que era uma grande oportunidade”, declara.

Depois de algum tempo, as lojas virtuais identificaram o número de visitantes que chegavam até suas páginas por meio do site de Eugênio e passaram a procurá-lo para fazer anúncios. Assim, ele viu seu hobby se transformar numa fonte de renda.

Em 2010, com o negócio já bem estruturado, ele deixou o cargo de executivo em uma grande empresa para se dedicar exclusivamente ao empreendimento que, na época, rendia cerca de R$ 1 mil por mês.

No mesmo ano, ele conseguiu um aporte do grupo investidor LeadMedia. Por questões contratuais, ele não revela o faturamento atual da empresa.

“Eu acreditava na ideia e resolvi arriscar, mesmo com meus filhos gêmeos recém-nascidos. Se não desse certo, o máximo que ia acontecer era eu ter que pedir meu emprego de volta ou arrumar outra ocupação”, diz Eugenio.

O site reúne hoje 1.500 ofertas de cerca de 300 lojas virtuais, que são atualizadas diariamente, e tem 12 milhões de internautas cadastrados. O empresário conta que a criação do Busca Descontos não exigiu nenhum investimento.

"Apesar de não ser programador, eu sabia criar um site, ainda que básico, para começar o negócio", diz.

O lucro do site vem dos anúncios feitos pelas lojas virtuais.

Dicas do livro "A startup de $100" para abrir empresa

  • 1

    Ideia

    Você não precisa de muito dinheiro para começar um negócio, apenas um produto ou serviço, um grupo de pessoas dispostas a pagar por ele e um jeito de ser pago

  • 2

    Ação

    Combine sua paixão e habilidades com algo útil para as pessoas. Defina o que irá vender, crie um site –há opções grátis-, desenvolva uma oferta, assegure um jeito de ser pago e anuncie ao mundo

  • 3

    Promoção

    Promova os benefícios essenciais do seu produto ou serviço e não os recursos e características dele. Os benefícios essenciais geralmente se relacionam a necessidades emocionais

  • 4

    Clientes

    Utilize levantamentos para conhecer seus clientes existentes e potenciais. Quanto mais específico melhor. Pergunte: “qual é a coisa mais importante que posso fazer por você?”

  • 5

    Planejamento

    Planeje conforme avança e ajuste-se às mudanças das necessidades dos seus clientes, mas lance seu negócio assim que possível, sempre tendendo à ação

    O Busca Descontos também promove a versão brasileira da Black Friday,  ocasião em que as lojas virtuais oferecem descontos especiais, e o Dia do Frete Grátis, data que os sites de comércio eletrônico não cobram pela entrega de compras em todo o país.

    Histórias como a de Eugênio são cada vez mais comuns entre empreendedores, como aponta o autor norte-americano Chris Guillebeau no livro “A startup de $100”.
     
    Ele diz que as pessoas estão se arriscando mais em negócios próprios com pouco investimento e deixando de lado carreiras promissoras em corporações para ter liberdade de se dedicarem ao que gostam.
     

    Pedido de amigos pode motivar negócio

    No livro, Guillebeau diz que o ponto principal para o empreendedor ter sucesso no negócio próprio é unir uma paixão com algo que as pessoas estejam dispostas a pagar.

    O autor cita como exemplo uma mulher apaixonada por fotografia que produzia fotos para os amigos. Ao ser convidada para fotografar casamentos, eles perceberam um diferencial na produção dela. 

    Seus álbuns seguiam o estilo dos noivos e as fotos não se limitavam às tradicionais feitas em casamento. Ela começou a ganhar fama por isso e hoje é convidada para fotografar casamentos em vários países. 

    André Pires dos Santos, consultor de pequenas e médias empresas da área de tecnologia e mentor de novos negócios em aceleradoras do Rio de Janeiro, diz que um bom termômetro para identificar uma oportunidade de negócio é ficar atento ao que as pessoas perguntam para você.

    “Assim, você percebe que é referência em um assunto, como aconteceu com o fundador do Busca Descontos”, declara.

    Santos afirma que, com a internet, os custos para a criação de um negócio ficam próximos de zero. “A internet permite que se teste ideias sem grandes compromissos. Hoje em dia, é cada vez mais comum que empresas de tecnologia comecem dessa forma.”

    Isso faz com que essas empresas iniciem, muitas vezes, sem planejamento e sem um plano de negócios convencional.

    Livro traz ferramentas para empreendedores inesperados

    Para ajudar esses negócios iniciantes e os empreendedores sem experiência no mundo dos negócios, o livro de Guillebeau traz ferramentas como o plano de negócios de uma única página, sete passos para um teste de mercado instantâneo, projeto de elaboração da oferta, lista de verificação de lançamento de 39 passos, dicas para auditoria do negócio e para planejamento em longo prazo.

    No livro, há histórias de empreendedores do mundo todo, de diversas áreas de atuação, que têm negócios que rendem mais de U$S 50 mil por ano –ou cerca de R$ 100 mil- e tiveram baixo investimento inicial, alguns deles, menos de U$S 100 –ou cerca de R$ 200-, como aponta o título.

    Entretanto, Santos diz que os empreendedores não devem levar ao pé da letra os modelos propostos em livros de empreendedorismo, afinal, os negócios são diferentes entre si.

    “Os guias são bons como referência, mas é um erro querer copiá-los. Isso mata a própria essência do empreendedorismo, que é a criação de um novo negócio. Cada empresa é diferente, cada mercado tem suas características. É importante ter conhecimento teórico, mas não queira copiar o que já foi feito”, recomenda.

    Outro erro dos criadores de startups, segundo o consultor, é que antes mesmo de a empresa sair do papel, eles já pensam em captar dinheiro de fundos de investimento ou de investidores-anjo.

    "Em muitos casos, a empresa nem precisa de investimento e o empreendedor nem sabe o que pretende fazer com o que dinheiro. É importante não entrar nessas ondas e se dedicar ao negócio. Com um investidor, muitas vezes, é necessário prestar contas e agradá-lo, o que tira o foco do negócio principal", afirma Santos.