Inflação desacelera para 0,09% em março e é a menor para o mês em 24 anos
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no país, desacelerou para 0,09% em março, ao menor nível para o mês em 24 anos, desde a criação do Plano Real, em 1994. Em fevereiro, a alta de preços foi de 0,32%.
No acumulado de 12 meses, o IPCA ficou em 2,68%, abaixo do limite mínimo da meta do governo.
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A meta em 2018 é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto, ou seja, pode variar entre 3% e 6%.
As informações foram divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (10).
Segundo o instituto, a inflação baixa reflete uma economia desaquecida devido às incertezas sobre os rumos do país.
Ainda há instabilidade econômica com desemprego [alto] e renda [baixa]. Algumas pessoas também estão inseguras em gastar
Fernando Gonçalves, gerente do IPCA
Passagem aérea cai mais de 15%
O resultado da inflação no mês passado foi puxado sobretudo pela queda de 15,42% nos preços das passagens aéreas, em relação a fevereiro, o que ajudou a deixar os gastos com transportes 0,25% mais baratos. Para o IBGE, a queda é natural em março, com a volta às aulas, após aumentos nos meses de férias.
Em um ano, porém, os preços das passagens saltaram 13,33%.
Ainda nos transportes, os combustíveis também ficaram um pouco mais baratos em março, com destaque para o recuo de 0,19% no preço da gasolina.
Por outro lado, as despesas com ônibus urbanos subiram 0,74% em função do aumento nos preços das passagens no Rio de Janeiro (RJ), em Porto Alegre (RS) em Fortaleza (CE) e em Belém (PA).
Tarifa de ligações caiu
A queda de 0,33% nas despesas com comunicação foi influenciada pela redução nas tarifas de ligações locais e interurbanas, de telefone fixo para celular, em vigor desde 25 de fevereiro.
Aumento dos planos de saúde
Dentre os itens que ficaram mais caros em março destacam-se os planos de saúde (+1,06%), que contribuíram para a alta de 0,48% nos gastos com saúde.
Frutas 5,32% mais caras
Apesar de os preços das frutas terem subido 5,32% em março, a inflação de alimentos e bebidas teve apenas uma leve alta (+0,07%).
As despesas com alimentação fora de casa subiram 0,52%, mas os preços dos alimentos para consumo em domicílio recuaram (-0,18%). Os destaques foram as carnes (-1,18%), o tomate (-5,31%) e o frango (-2,85%).
Inflação abaixo da meta em 2017
A inflação fechou 2017 em 2,95% e ficou abaixo do limite mínimo da meta do governo pela primeira vez na história. Foi a menor inflação anual desde 1998 (1,65%).
No início deste ano, o atual presidente do banco, Ilan Goldfajn, enviou carta ao então ministro Henrique Meirelles dizendo que a meta não foi cumprida no ano passado devido à queda nos preços dos alimentos, após safras recordes.
A carta é uma exigência em caso de descumprimento da meta de inflação.
Expectativa em 2018
A expectativa de analistas consultados pelo Banco Central é que a inflação termine 2018 em 3,53%, dentro do limite da meta deste ano.
Com o crescimento de 1% no PIB (Produto Interno Bruto) em 2017, o país começa a sair do buraco, após a economia encolher 3,5% tanto em 2016 quanto em 2015. Mas a recuperação é lenta e, segundo especialistas ouvidos pelo UOL, a economia vai demorar pelo menos dois anos para chegar ao nível de antes da crise.
Juros X Inflação
Os juros são usados pelo BC para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, como agora, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
No mês passado, o Comitê de Política Monetária do BC (Banco Central) decidiu cortar a taxa de juros pela 12ª vez seguida, de 6,75% para 6,5% ao ano, menor nível da história (O Copom foi criado em 1996).
(Com agências de notícias)
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