BC mantém juros em 6,5% pela quinta vez, na primeira decisão após eleições
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (31) manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano. É a quinta reunião seguida em que os juros são mantidos nesse nível. Em março, houve queda de 6,75% para 6,5% ao ano, taxa que foi mantida nas reuniões de maio, junho, agosto, setembro e nesta.
Assim, os juros continuam em seu menor nível desde que o Copom foi criado, em 1996, e a poupança segue rendendo menos (leia mais abaixo).
A decisão, a primeira após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República, foi unânime e era esperada pela maior parte dos analistas de mercado.
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Indicação de alta nos juros
No comunicado sobre a decisão, o Copom manteve a indicação de que poderá começar a subir gradualmente a Selic se houver piora em seu balanço de riscos, ponderando que, no entanto, houve melhora nessa frente desde setembro.
"O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem riscos em ambas as direções, mas com mais peso nos que pressionam a inflação para cima: frustração quanto à continuidade de reformas na economia e deterioração do cenário externo para emergentes", diz o comunicado.
O Copom também afirmou que a continuidade do processo de reformas e ajustes na economia é essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. "O Comitê ressalta, ainda, que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes."
Taxa caiu de 14,25% para 6,5% ao ano
Em outubro de 2016, o BC deu início a uma sequência de 12 cortes na Selic, que foi interrompida em maio. Neste período, a taxa de juros caiu de 14,25% ao ano para 6,5% ano.
Juros ao consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. A Selic não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial atingiu em setembro 301,4% ao ano, em média. Os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 278,7% ao ano, em média.
Poupança rende menos
Desde setembro do ano passado, a poupança passou a render menos devido a uma regra criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,27% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial).
Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR. Isso, na prática, representa um rendimento menor.
Juros x inflação
Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo, ou seja, pode variar entre 3% e 6%. Segundo os dados mais recentes do IBGE, referentes a setembro, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 4,53%, portanto, dentro da meta do governo.
Para o mercado financeiro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial, vai fechar o ano dentro da meta, em 4,43%.
(Com agências de notícias)
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