Como é mudar de emprego na pandemia e não conhecer sua equipe pessoalmente?
A pandemia de Covid-19 criou diversas situações novas, inclusive no mundo do trabalho. Milhões de pessoas tiveram condições de trabalhar a partir de casa, em regime de home office, para evitar a circulação de pessoas e, consequentemente, do novo coronavírus. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 7,3 milhões de brasileiros trabalhavam nessa modalidade no final de 2020.
Impossibilitadas de exercer suas atividades 100% presencialmente, as empresas continuaram sua rotina, incluindo as contratações de novos funcionários. Isso gerou uma situação nova, de colaboradores que não conhecem suas equipes pessoalmente, apenas pelo contato mediado por e-mails, mensagens de texto e videoconferências.
Juliana Souza começou a trabalhar na Ideal H+K Strategies, empresa de relações públicas, no dia 7 de abril, de forma totalmente remota. Segundo ela, não houve grandes problemas de adaptação ao novo cenário, já que em seu emprego anterior já trabalhava em regime de teletrabalho: "Eu já operava o tempo todo na tela com o computador, então, posso realizar as tarefas de qualquer lugar", afirma. Além disso, Souza teve uma experiência anterior de trabalho remoto, numa empresa online de hotelaria, em 2014. "Eu já tinha experimentado esse formato 100% virtual; até o processo seletivo foi feito à distância", relembra.
Juntar-se a uma nova equipe não chegou a ser um problema para a comunicadora. "Sinto falta de conhecer e de estar no mesmo ambiente dos colegas, desse contato mais próximo. Mas não chega a afetar o dia a dia do trabalho."
Mayra Gasparini Martins, head de comunicação da Wise, empresa de transferências eletrônicas, conta que os novos colegas procuraram acolhê-la quando entrou no novo emprego, em novembro de 2020: "Senti que as pessoas fizeram um esforço dobrado para me dar boas-vindas e me fazer sentir parte da empresa".
Martins também já estava em regime remoto em seu trabalho anterior, por isso não sentiu dificuldades em se adaptar. Mas acredita que ser uma novata em regime virtual torna a adaptação um pouco mais desafiadora. "É difícil, por exemplo, criar intimidade e conexões que vão para além do trabalho somente", explica.
Sua equipe conta também com pessoas de diversos países, o que é mais uma barreira para criar conexões. "O brasileiro tem muito isso de tomar um café, de trocar experiências pessoais e estreitar os laços. Sinto que demora mais para criar uma relação de confiança com um colega trabalhando virtualmente".
Não conhecer os colegas nem dividir o mesmo espaço físico com eles pode complicar bastante o trabalho, relata Paula Carmo, que trabalha no Banco Mundial, em Washington D.C (EUA), desde outubro do ano passado. Quando precisou de informações para criar um site interno, teve de recorrer a colegas de outras áreas. "Se a gente trabalhasse no mesmo ambiente, era só bater em algumas portas, pedir cinco minutinhos para cada pessoa para pedir algumas informações e estaria tudo resolvido rapidamente. Como tudo tem sido feito por meio de contato remoto, acontecia de mandar mensagem e a pessoa demorar para responder. Aí mandava um pedido de reunião. E a pessoa seguia demorando para atender", detalha.
A gerente de projetos afirma que se conhecesse os colegas pessoalmente, seria mais fácil porque haveria um "relacionamento mais diplomático, de conversar antes, de explicar a necessidade em vez de simplesmente mandar um e-mail pedindo informações."
Outra questão importante em relação a trocar de emprego na pandemia é a sensação de pertencimento ao novo trabalho. "Às vezes eu me sinto mais conectada ao novo ambiente, mas também é comum me sentir um pouco distante", descreve Flavia Portela Duarte de Alencar Lima, que trabalha há quatro meses na área de recursos humanos no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). "Quando vejo que meu trabalho está fazendo diferença para alguém ou para algum setor, me sinto mais útil e conectada à instituição."
Suas principais dificuldades, relata, ocorreram no início da jornada. "No primeiro mês, passei uns perrengues para ajeitar a VPN, mexer na rede, e-mail, sistema. Nada que não ocorra no trabalho presencial, né? E meus colegas me ajudaram também."
Lima se mudou do Piauí para Brasília por causa do novo emprego, embora tivesse a opção de exercer sua função remotamente enquanto durar a pandemia. Uma das maneiras que ela encontrou para se integrar à nova equipe foi o grupo de WhatsApp. Nele, ela interage com os colegas e pede dicas sobre viver na capital federal: "O pessoal me manda dica de restaurante, de delivery, de passeio. Tem sempre uma piada, uma gracinha, então tem esse momento descontração além das reuniões semanais que a gente faz", conclui.
O Prêmio Lugares Incríveis para Trabalhar é uma iniciativa do UOL e da Fundação Instituto de Administração (FIA) que vai destacar as empresas brasileiras com os mais altos níveis de satisfação entre os seus colaboradores. Os vencedores serão definidos a partir dos resultados da pesquisa FIA Employee Experience, que mede o ambiente de trabalho, a cultura organizacional, a atuação da liderança e a satisfação com os serviços de RH. A pesquisa já está na fase de coleta de dados das empresas inscritas e os vencedores do Prêmio devem ser anunciados em agosto.
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