Guedes admite que vai haver gasto maior: "R$ 30 e poucos bilhões"
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje que não é possível "disfarçar a verdade" ao falar sobre manobra do governo para driblar o teto de gastos e viabilizar um auxílio social de R$ 400 até o final de 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentará a sua reeleição. A declaração ocorreu durante evento de lançamento do Plano Nacional de Crescimento Verde.
É evidente que, seja com pedido de extrateto, seja com uma revisão. Não podemos disfarçar a verdade. A verdade é que vai haver um gasto um pouco maior. Estamos falando de R$ 30 e poucos bilhões. E a pergunta é a seguinte: para um país que arrecadou mais de R$ 300 bilhões a mais do que no ano passado, 30 bilhões são 10%.
Guedes, ao falar sobre o teto de gastos
Na última terça-feira (19), o governo chegou a confirmar um evento para apresentar detalhes do programa, mas cancelou diante da repercussão do mercado com as informações adiantadas pela imprensa. A Bolsa tombou 3,28% e o dólar comercial subiu 1,33%, fechando a R$ 5,594.
Conforme apuração do UOL, o presidente, que tem buscado aumentar a popularidade em busca da reeleição, decidiu que, além dos R$ 300 que tinha combinado para turbinar o Bolsa Família, quer um formato que ainda beneficie os chamados "invisíveis", que não atenderiam aos critérios do programa, com um ticket médio de R$ 100, ampliando o benefício para a faixa dos R$ 400.
A medida implica financiar parte do programa com recursos de fora do teto de gastos, o que foi visto com preocupação por investidores. Ainda não há uma nova data para a apresentação do projeto, que pode passar por alterações.
Não dá para dar mais R$ 30 bilhões para os mais frágeis em um momento terrível como esse? Se basta uma frase do presidente para aparecer R$ 100 bilhões, brotar do chão, de repente?! Por que não podemos pensar, ousadamente, a respeito disso?! Então, eu acho que estamos no caminho certo. A nossa arrecadação, que tinha vindo R$ 200 bilhões, acima do previsto, já passou dos R$ 300 [bilhões]. Então... isso não é um sinal para sair gastando, não. Ministro Paulo Guedes
Durante o evento, Guedes também rechaçou a ideia de que Bolsonaro seria um presidente com ações populistas, de olho nas eleições do ano que vem.
Isso [o programa de distribuição social] é o que nos animava durante a campanha eleitoral. Se olharem no programa de campanha, vão ver lá: renda básica de cidadania. Só que veio essa pandemia, essa covid, essa guerra sem fim com a mídia. Isso confunde um pouco (...) Temos um presidente popular, que apoiou grande reformas. Ele não é populista. Agora, tem muita gente em volta, que quer desviá-lo do caminho. Guedes elogia Bolsonaro
Debandada no ministério
Quatro secretários que integravam a equipe de Guedes pediram demissão na semana passada, conforme apuração da colunista Carla Araújo, do UOL. Foram eles: secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, a secretária especial-adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo.
Os quatro informaram razões pessoais, segundo o ministério. "Funchal e Bittencourt agradecem ao ministro [Paulo Guedes] pela oportunidade de terem contribuído para avanços institucionais importantes e para o processo de consolidação fiscal do país", informou a pasta.
Após a debandada, Bolsonaro foi então até o ministro Paulo Guedes e convocou uma coletiva de imprensa para falar sobre a crise aberta no mercado por causa do lançamento do Auxílio Brasil.
"Esse [novo] valor decidido por nós tem responsabilidade. Não faremos nenhuma aventura, não queremos colocar em risco nada no tocante à economia", disse Bolsonaro, na ocasião.
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