Bolsonaro diz que demissão de presidente da Petrobras 'é coisa de rotina'
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje que a demissão do presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, "é coisa de rotina". A declaração ocorre um dia após ele decidir tirar o militar do cargo e indicar o economista Adriano Pires para a função.
"É coisa de rotina, sem problema nenhum", disse o Bolsonaro, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, após ser questionado sobre a substituição no comando da petroleira.
O comentário foi feito horas após Bolsonaro receber alta do HFA (Hospital das Forças Armadas). Ele deu entrada na unidade hospitalar ontem à noite com queixas de que estava com um desconforto intestinal.
Segundo apurou a colunista do UOL Carla Araújo, Silva e Luna foi informado na manhã de ontem por Bolsonaro de que não será reconduzido ao cargo na estatal, mas a oficialização da saída dele deve acontecer apenas em 13 de abril, quando haverá reunião de conselho da companhia.
O general esteve no Rio de Janeiro ontem e quem foi o responsável por passar recado de Bolsonaro foi o ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia). A indicação de Adriano Pires teve o aval do chefe da pasta. Silva e Luna vinha passando por um processo de "fritura" devido ao aumento no preço dos combustíveis.
Quem é Adriano Pires?
Adriano Pires é sócio e fundador do Cbie (Centro Brasileiro de Infraestrutura). Doutor em economia industrial pela Universidade de Paris 13, Pires tem mais de 40 anos de atuação na área de energia e já passou pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
Segundo informações de seu perfil no LinkedIn, o economista é bacharel pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e também mestre em Planejamento Energético e Tecnologia em Petróleo e Gás pela mesma instituição.
Por 26 anos, de 1983 a 2009, foi professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (COPPE) da UFRJ, onde diz ter desenvolvido atividades e pesquisas nas áreas de economia da regulação, economia da infraestrutura e aspectos legais e institucionais da concessão de serviços e tarifas públicos.
Neste meio tempo, entre 1998 e 2001, trabalhou na ANP como superintendente de importação e exportação, depois como superintendente de abastecimento e, por último, como assessor do diretor-geral.
Em outubro de 2021, em texto publicado no Poder360, Adriano Pires defendeu a privatização da Petrobras, argumentando que "enquanto a empresa for de economia mista, tendo o Estado como controlador, os seus benefícios corporativos e as práticas monopolistas serão mantidos — a favor da corporação e, muitas das vezes, contra os interesses do Brasil."
Petrobras e Flamengo no Conselho
Outra informação oficializada ontem foi a indicação de Rodolfo Landim para a presidência do Conselho de Administração da estatal. Landim é engenheiro com especializações na área de petróleo, mas atualmente tem notoriedade por comandar o Flamengo. Ele pretende, inclusive, manter o cargo no clube carioca.
A cúpula do Flamengo vem se mantendo próxima a Bolsonaro desde o início do governo. Em um dos episódios mais sintomáticos, Bolsonaro editou uma Medida Provisória em 2020 alterando as regras de direito de transmissão de partidas no futebol brasileiro, algo que na época era de interesse direto do clube carioca.
Na nota enviada à imprensa, porém, o Ministério de Minas e Energia destacou a experiência de Landim na área de Petróleo e informou que, entre 2000 e 2003, Landim foi presidente da Gaspetro e já atuou como Diretor Gerente e Gerente Executivo de Gás Natural, compondo o Comitê de Negócios da Petrobras.
Landim foi ainda presidente da Petrobras Distribuidora, entre 2003 e 2006, atuou como Diretor Geral da MMX Mineração e Metálicos S.A. (2006 a 2008), fundador e posteriormente CEO da OGX Petróleo e Gás Participações S.A. (2008 a 2009) e CEO da OSX Brasil S.A. (2009-2010). Entre 2010 e 2020, o executivo foi Presidente do Conselho de Administração e CEO da Ouro Preto Óleo e Gás S.A.
Reajustes em 2022
Em função da alta do petróleo no exterior, em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia, a Petrobras já reajustou duas vezes os preços dos combustíveis nas refinarias brasileiras este ano. Em 11 de janeiro, a gasolina subiu 4,85% e o diesel avançou 8,08%. Depois, em 10 de março, a gasolina teve alta de 18,77% e o diesel subiu 24,9%.
Estes aumentos, além de impactarem os gastos dos brasileiros nos postos de combustíveis, já começaram a pressionar os demais preços da economia.
Setores ouvidos pelo UOL já citam pressão por repasses no frete de mercadorias em geral e em alimentos perecíveis — em especial, frutas, legumes e hortaliças, neste primeiro momento.
Os impactos da alta dos combustíveis sobre a inflação geral ainda não estão claros, mas associações setoriais acreditam que eles serão sentidos com mais clareza nos próximos meses.
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