Bolsonaro diz que não vai intervir na Petrobras a não ser por 'vias legais'
O presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou novamente os lucros da Petrobras, mas reforçou que, caso haja uma interferência por parte do governo federal, ela ocorrerá por "vias legais". O chefe do Executivo criticou também os preços dos combustíveis e disse que "está caro mesmo".
"Estamos buscando maneiras legais para fazer com que a Petrobras cumpra o seu papel social definido na Constituição e também em leis. Não podemos estar subordinados a decisões do conselho, que está abaixo obviamente de leis e da própria Constituição. Não haverá interferência na Petrobras a não ser pelas vias legais", afirmou hoje.
As recorrentes críticas de Bolsonaro à estatal causaram mal-estar dentro do governo e podem estar ligadas à troca de ministros à frente do MME (Ministério de Minas e Energia) ontem. Bento Albuquerque, um dos últimos remanescentes da equipe original do presidente, deixou o cargo e foi substituído pelo economista Adolfo Sachsida.
Ao dizer que o diesel e o gás estão caros, o chefe do Executivo afirmou que "em grande parte [a culpa] deve-se a própria Petrobras, que tem lucros absurdos". Semana passada, a estatal divulgou um lucro líquido de R$ 44,56 bilhões no primeiro trimestre de 2022, o que o presidente considerou ser "absurdo" e "um estupro".
Como funciona a Petrobras?
A Petrobras é uma companhia de capital misto, ou seja, é uma sociedade anônima, com ações listadas na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, que tem como acionistas a União e diversos agentes privados, como fundos e acionistas pessoas físicas.
A União, representante do governo federal, porém, é de longe a maior acionista individual da empresa, com mais de 50% das ações com direito a voto e cerca de 29% do total, segundo dados da B3. Por isso, tem direito de eleger mais profissionais para formar o Conselho de Administração da empresa. O conselho, por sua vez, indica o CEO e diretores para, de fato, administrarem a companhia.
Inflação
Apesar de a inflação ter batido recordes em abril com o índice mensal mais alto para o mês em 26 anos e passando de 12% no acumulado de 12 meses, Bolsonaro disse que o Brasil é um dos países que "menos sofre com a questão da inflação".
Novamente, o chefe do Executivo culpou medidas sanitárias da covid-19, como lockdowns adotados em alguns estados, pela alta nos preços. "A consequência é a inflação generalizada do mundo todo e o Brasil é um país com inflação, tem aumento nos combustíveis, sei disso e assumo minha responsabilidade, mas isso se faz presente no mundo todo", falou.
Segundo economistas ouvidos pelo UOL Confere, o isolamento não é a causa da alta nos preços, e ajudaria a acelerar a recuperação da economia se tivesse sido bem feito.
A pandemia afetou a economia em todo o planeta, mas o Brasil tem um dos piores quadros de inflação entre as 20 maiores economias do mundo. Há estudos que indicam que locais que aderiram a medidas mais rígidas de isolamento não sofreram consequências econômicas maiores do que os que não aderiram. Em alguns casos, se saíram até melhor.
Os preços subiram mais por aqui em especial por causa da desvalorização do real e da queda de investimento estrangeiro. Estes fatores têm relação com o ambiente político do país — o que inclui incertezas geradas pelo governo. Também entram na conta problemas como a alta nos combustíveis; a crise hídrica e o aumento na conta de luz; e questões climáticas que afetaram a agricultura.
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